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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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Ele queria examinar a criatura de perto. O que estava ali, morto, era um<br />

cão comum. Grande, mas comum. Um dálmata morto. Nilo tinha pele<br />

alaranja<strong>da</strong>, olhos amarelos e felinos, nem mesmo exalava fumaça pelas narinas.<br />

Somente o cheiro era o mesmo. Via um corpo em avançado estado de<br />

decomposição, mas o corpo de um simples cachorro.<br />

Samuel aproximou-se a fim de examinar o animal também.<br />

— Putz! Como fede esse trem!<br />

Samuel cutucou o animal com a ponta do cano <strong>da</strong> arma.<br />

Naquele instante, o terceiro demônio surgiu <strong>da</strong> escuridão num salto,<br />

vindo do milharal, abocanhando em cheio o braço de Samuel, fazendo-o soltar<br />

a arma.<br />

Tamanho susto fez Gregório ir ao chão. Agarrou o bastão e investiu<br />

contra a fera de pele alaranja<strong>da</strong>, afastando-a do braço do irmão.<br />

O bicho ladrava nervosamente. Preparou-se para novo ataque, mas<br />

cambaleou ao ser mais uma vez abalroado por Gregório, que manejava o<br />

bastão com impressionante habili<strong>da</strong>de, empunhando-o feito espa<strong>da</strong>.<br />

O cão recuou e saltou magnificamente em direção a Gregório, tentando<br />

estraçalhá-lo. A fúria, porém, foi vã. Gregório espetou-lhe o bastão no abdome,<br />

trespassando o corpo, que tombou sem vi<strong>da</strong>.<br />

Samuel estava caído no chão, gemendo de dor, tentando conter o<br />

sangramento.<br />

O irmão aproximou-se, arrancando a camisa e improvisando um<br />

torniquete, na esperança de estancar a horripilante hemorragia.<br />

Gregório correu o máximo que pôde. Entrou pela casa como um louco e<br />

vasculhou as prateleiras atrás <strong>da</strong> chave do jipe.<br />

Vera levantou-se confusa, perguntando pelo marido, assusta<strong>da</strong> com a<br />

agitação do cunhado, que abandonou a casa sem se explicar, arrancando em<br />

alta veloci<strong>da</strong>de.<br />

Samuel capengava em direção à casa, mal podendo ficar de pé. Gregório<br />

alcançou-o e ajudou-o a subir, colocando-o no banco <strong>da</strong> frente, deitando o<br />

encosto o máximo que pôde. Zarparam com rapidez, sacolejando sobre os<br />

buracos à beira do milharal, antes de pegar a estradinha de terra.<br />

Samuel começava a sentir calafrios. Os olhos estavam pesados demais<br />

para continuar abertos. O irmão dirigia apreensivo, temeroso. Nunca havia<br />

visto tamanha hemorragia. O banco, lavado de sangue, e Gregório, assustado,<br />

preocupado com o desfecho do descuido. Deu o máximo de veloci<strong>da</strong>de que

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