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Dentro <strong>da</strong> esfera luminosa, parecia haver algo se movendo, algo com formato<br />
humano... não fosse o magnífico.... par de asas!<br />
De súbito, começou a voar verticalmente, com suave inclinação, subindo<br />
numa veloci<strong>da</strong>de indescritível. Em menos de um segundo, o lugar perdeu a<br />
vi<strong>da</strong>, sucumbindo à escuridão. Gregório sentiu-se só, desprotegido. Como era<br />
lin<strong>da</strong> a esfera! Olhou perdido para frente. Estava próximo <strong>da</strong> armação do<br />
celeiro. Um calafrio percorreu seu corpo ao lembrar-se <strong>da</strong>s estranhas silhuetas.<br />
Olhou para a casa. Estava longe. Virou-se e iniciou o retorno, evitando<br />
propagar qualquer barulho. Um rosnar fez-se escutar às suas costas. Gregório<br />
chegou a sentir um repuxão no estômago, tamanho o desconforto que o som<br />
causou, evocando uma sensação incrível de pânico e de alerta. Apertou o passo.<br />
Atrás dele, gravetos estalavam, acompanhados de um abafado galope<br />
animal. Não perdeu tempo e, instintivamente, começou a correr em direção à<br />
casa. Algo grande saltou, atingindo-o pesa<strong>da</strong>mente. Passou por cima de seu<br />
ombro, como um fantasma, pousou logo à frente, bloqueando o caminho.<br />
Gregório soltou um grito apavorado. Seria uma onça? Ergueu a cabeça e não<br />
viu onça alguma. O coração, disparado, começou a fazer um suor frio brotar na<br />
testa e nas mãos. Onças não têm os olhos feito brasas, e aquelas feições não<br />
eram felinas... eram demoníacas, um animal que nunca havia visto em to<strong>da</strong> sua<br />
vi<strong>da</strong>. Vazava <strong>da</strong> criatura um odor repugnante, e a boca expelia uma baba<br />
ain<strong>da</strong> mais fedorenta. O rapaz começou a tremer, pressentindo a feroci<strong>da</strong>de do<br />
monstro mal-intencionado que bloqueava seu caminho. Estava prestes a<br />
vomitar, menos pelo odor do monstro do que pelo pavor dilacerante que<br />
consumia seus nervos. O monstro rosnava como o cão mais selvagem e insano.<br />
A pele era grossa e alaranja<strong>da</strong>, recoberta por feri<strong>da</strong>s purulentas. Tinha a<br />
aparência de enorme cão, maior que um são-bernardo adulto/ legítimo. Os<br />
músculos destacavam-se nas patas e ao longo do dorso. Era um animal<br />
selvagem, transpirava ameaça; um pre<strong>da</strong>dor. Gregório colocou-se de pé, os<br />
sentidos alertas, porque ca<strong>da</strong> segundo, ca<strong>da</strong> movimento era pesado naquele<br />
instante. O monstro deu um passo à frente com os dentes à mostra,<br />
aterrorizando ain<strong>da</strong> mais Gregório. O homem olhou para trás, certo de estar<br />
em apuro mais do que imaginava. Outras duas feras aproximavam-se,<br />
cercando-o em definitivo. Os novos animais tinham a mesma aparência do<br />
primeiro, apenas um pouco menores, mas não menos intimi<strong>da</strong>ntes e<br />
horrorosos. Os olhos amarelados e injetados dos cães causariam pavor no<br />
mais duro dos homens. Demônios... Gregório caiu em si: eles eram demônios!<br />
O rapaz voltou a fitar o maior. Seria dilacerado, porém, disposto a lutar<br />
até o último instante. Porque estava rodeado por demônios! Deus! O homem,<br />
instintivamente, bateu a mão na cintura. O que pretendia encontrar? Não<br />
tinha arma. Não tinha espa<strong>da</strong>. Não tinha na<strong>da</strong>. O cão maior bramiu, lançando<br />
no ar o odor fétido, misturado a enxofre. Então, a coisa mais sinistra aconteceu.