O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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12.04.2013 Views

panhando o irmão, que se dirigia para o armazém. —Bastante estranha. Ainda mais para mim. —Por quê? —Esta noite, eu tive um pesadelo muito esquisito. — revelou Samuel, enquanto empurrava uma das grandes portas do celeiro. — Sonhei que era atacado por uma fera, sabe? Um monstro, parecia uma onça, sei lá. Gregório ouvia calado a narrativa do irmão gêmeo, limitando-se a chutar vez ou outra os torrões de barro úmidos que encontrava entre as palhas secas, recobrindo o chão. Samuel continuou: —Tinha um bafo fedorento, podre. No pesadelo, ela estava escondida aqui, me perseguindo enquanto eu corria tentando voltar pra casa. Tive uma sensação de pânico igual outro dia, dentro do milharal. —No dia em que me encontraram? —É. Naquele dia, também tive a impressão de estar sendo perseguido por um bicho. O que mais me incomoda é a certeza de que a criatura é maligna, demoníaca. — Os pêlos da nuca de Samuel instantaneamente se arrepiaram ao lembrar o fato. Gregório olhou para o local onde Samuel havia pressentido a fera durante o pesadelo e sentiu alguma coisa estalar dentro dele, como se alguém disparasse um flash bem na sua cara. Uma leve tontura, e uma imagem formouse. Um cão. Um monstro deformado e furioso, com a boca arreganhada, prestes a atacar. Um demônio perigoso. O mal fluindo. Gregório arqueou o corpo, sentindo-se momentaneamente desequilibrado, Samuel percebeu o mal-estar do irmão e correu para ampará-lo. —Ei, cara, o que foi? —Só uma tontura. — balbuciou com as pernas flexionadas e as mãos apoiadas nos joelhos. — Já estou me sentindo bem melhor. Foi só um mal-estar. — Sentiu a boca secar e o estômago embrulhar. Seria aquele demônio que perseguia o irmão? — perguntou-se. Torceu para que não fosse. O monstro evocara nele um pânico interno que não podia compreender. Uma visão horrenda. —Está bem mesmo? — Já estou melhor. Vou pra fora, tomar um vento no rosto. Samuel concordou. Também não se sentia bem ali... troço esquisito.

Os dois saíram. O fazendeiro instruiu seus homens para que adiantassem a lida o máximo possível, pois, após o almoço, só cuidariam do galpão. Tinham que começar as reformas. Não poderiam colher mais milho antes do conserto porque os encerados já tinham acabado. O pessoal compreendeu, concordou e partiu para a lida. Samuel tratou de cuidar do irmão estranhamente abatido. Era como se algo dentro dele houvesse minado suas forças. Algo estranho e aflitivo.

Os dois saíram. O fazendeiro instruiu seus homens para que adiantassem<br />

a li<strong>da</strong> o máximo possível, pois, após o almoço, só cui<strong>da</strong>riam do<br />

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antes do conserto porque os encerados já tinham acabado. O pessoal<br />

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