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A mente de Thal foi de imediato invadi<strong>da</strong> por um turbilhão de flashes,<br />
reavivando momentos horríveis, de incomum dilaceração patrocina<strong>da</strong> por<br />
garras demoníacas. Alanca continuava desfilando um mar de palavras.<br />
Lembrava-se do barro. Da morte espreitando. De seu desejo em salvar o<br />
humano. A luta feroz. Sem dúvi<strong>da</strong>, era para estar morto. Não queria ter a alma<br />
leva<strong>da</strong> pelas feras malditas. Correria o risco de se transformar em cão do<br />
inferno. Sabia que era tido como um troféu de caça entre os servidores do mal.<br />
Era um anjo poderoso que fora pego de surpresa. Um ato desesperado.<br />
Calmamente, Thal o interrompeu.<br />
— Salvei-me do fim certo por pouco, meu irmão Alanca. Usei um<br />
humano para tanto...<br />
Os olhos de Alanca, novamente, perderam a placidez, arregalando-se ao<br />
máximo.<br />
—Não!<br />
—...Sim, irmão. Violei uma <strong>da</strong>s Regras. Agora, pagarei um preço alto<br />
para reparar meu erro com o Destino. Eles virão reclamar seus<br />
direitos, eu sei. Espero encontrar tempo para preparar meu espírito e<br />
também meu exército.<br />
—Sei o que isto implicará, irmão. Quero que desde já conte comigo. Não<br />
temo a batalha.<br />
—Essa batalha é diferente, deve saber.<br />
—Eu sei que batalha é essa, Thal. E afirmo que estou pronto para<br />
defendê-lo quando eles vierem reclamar o direito.<br />
—Um mortal alimentou meu espírito para minha alma reflorescer.<br />
Devo-lhe minha Vi<strong>da</strong> Celeste. Quando vôo, eu o carrego dentro de mim e,<br />
para que ele sobreviva, entrego-lhe minha Vi<strong>da</strong> Celeste durante sua<br />
consciência.<br />
—Diz que está preso dentro dele?<br />
— Estou.<br />
Os dois seres celestiais continuaram em cima do armazém, conversando<br />
demora<strong>da</strong>mente. Ficavam em pé, vez ou outra, farfalhando as longas asas. Se<br />
alguém pudesse vê-los, com certeza estaria maravilhado com o cenário. Uma<br />
luz envolvia e percorria os contornos de ca<strong>da</strong> um dos anjos, tornando as<br />
silhuetas, além de magnéticas, realmente divinas. A luz que emanava de ca<strong>da</strong><br />
um parecia uma cama<strong>da</strong> protetora. A de Thal era puxa<strong>da</strong> para tons azuis,<br />
enquanto a de Alanca, para tonali<strong>da</strong>des esverdea<strong>da</strong>s. Quando os dois se<br />
aproximavam, as cama<strong>da</strong>s fundiam-se, mesclando as cores, unindo as forças.