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mergulhando nas paredes de alvenaria, alcançando mais de cinco metros. Thal<br />
semicerrou os olhos cintilantes, olhou para cima e zarpou, trespassando o forro<br />
e o telhado <strong>da</strong> casa. Atravessava os corpos materiais como se eles não existissem.<br />
A pele cor de bronze voltara à vivaci<strong>da</strong>de luminosa de antes. O anjo realmente<br />
parecia refeito dos maus pe<strong>da</strong>ços protagonizados por Khel e sua matilha<br />
satânica. Sobrevoou o milharal, <strong>da</strong>ndo um rasante nas espigas. Acelerou de<br />
maneira impressionante, tentando descobrir onde estava e o que teria<br />
acontecido com os prédios familiares. Em meio minuto, chegou ao centro <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>dezinha e pousou no cume de um armazém de madeira. Para fazer aquele<br />
percurso, os homens levariam pelo menos trinta e cinco minutos em um bom<br />
veículo. Aquela hora <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong>, todos dormiam. Aspirou fundo o ar <strong>da</strong><br />
noite, deixando a leve chuva penetrar em seus poros. O peito iluminou-se com<br />
suavi<strong>da</strong>de. Thal expeliu o ar vagarosamente. Sentia-se bem. Percebeu um<br />
irmão acima <strong>da</strong> cabeça, quase escondido pelas nuvens. O outro anjo desceu,<br />
com veloci<strong>da</strong>de modera<strong>da</strong>, as asas semiflexiona<strong>da</strong>s. Thal reverenciou-o com um<br />
movimento leve de cabeça. O outro respondeu <strong>da</strong> mesma maneira.<br />
—Sou Alanca, o guardião <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
—Conheço-o, nobre irmão. Seu nome é honrado. Felicito-o pela paz que<br />
reina em sua terra.<br />
Alanca sorriu levemente e disse:<br />
— O amor do Pai é respeitado nesta terra. Isto faz a paz, não eu.<br />
Sou simples ferramenta do Pai.<br />
— Simples, mas uma ferramenta eficaz, pelo que vejo.<br />
Alanca sorriu. O anjo-irmão fazia questão de elogiá-lo.<br />
—E você, honrado irmão, qual é seu nome?<br />
—Thal. General de nosso <strong>Senhor</strong>.<br />
Alanca arregalou os olhos, perdendo sua expressão serena, permanecendo<br />
em silêncio. Curvou-se, cumprimentando Thal, veemente.<br />
— Sinto-me honrado por me encontrar aqui com tão distinto<br />
guerreiro, fiel servidor do Pai Celestial. Admiro seu nome e respeito sua<br />
força com o Compromisso. Conheço suas histórias. — Alanca encarou o general<br />
e só muito depois de abrir a boca conseguiu ordenar o que pretendia dizer.<br />
— Desculpe o espanto, mas realmente estou surpreso. Sabe que seus feitos<br />
voam como suas asas, percorrem ca<strong>da</strong> campo celeste em curto período.<br />
Encontrá-lo aqui é extraordinário. Digo isto, valoroso irmão, porque, com<br />
muito pesar, recebi a notícia de seu fim entre a luz. Comunicaram a todos do<br />
Pai sua morte sofri<strong>da</strong>...