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Gregório inspirou fundo novamente e sentiu uma nova "carga" fluir em seu<br />
corpo. A oeste <strong>da</strong> casa, principiava uma floresta que emen<strong>da</strong>va com um<br />
grande morro coberto por árvores. A mata parecia espessa, fecha<strong>da</strong>. Ficou<br />
admirado com a beleza do lugar. Apesar <strong>da</strong> escuridão, a região demonstrava-se<br />
muito bonita e dona de diversos atrativos.<br />
Voltou a olhar para a torre. Sentiu um arrepio percorrer o corpo,<br />
deixando os pêlos <strong>da</strong> nuca eriçados. O par de estrelas não aparecia mais<br />
acima <strong>da</strong> torre; tinham sumido. Vasculhou o céu com o olhar. Elas poderiam<br />
estar encobertas por nuvens, o que seria natural. Forçou a vista. A garoa<br />
insistente prejudicava a visão. Enxergou algumas estrelas, mas não aquelas.<br />
Percebeu um brilho intenso atrás <strong>da</strong> torre, algo luminoso movendo-se no céu.<br />
Gregório permaneceu alerta, tentando distinguir as formas. A torre eclipsou a<br />
luz, que gra<strong>da</strong>tivamente foi desaparecendo. Gregório aguardou, estático,<br />
alguns segundos sem pensar em na<strong>da</strong>, tentando localizar a estrela. Não viu<br />
mais na<strong>da</strong> incomum. O som <strong>da</strong> garoa voltou a ser absoluto nos tímpanos do<br />
rapaz. A luz não produzia ruído algum, mas aquela aparição havia confundido<br />
todos os seus sentidos, focalizando sua energia em sua visão. Gregório<br />
retrocedeu alguns passos, pensativo. Tentava chegar a alguma conclusão.<br />
Poderia ter confundido um avião distante com um objeto, julgando-o próximo.<br />
Deitou e aqueceu-se debaixo do cobertor pesado. Fechou os olhos, até que<br />
adormeceu. Nem reparou que o corpo não doía mais.<br />
Devia passar <strong>da</strong>s duas <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong>. Todos dormiam profun<strong>da</strong>mente na<br />
casa de Samuel. Gregório estava coberto, deitado de bruços, e não percebeu o<br />
intenso brilho que aumentava em seu quarto. Uma esfera de luz passou<br />
velozmente pela janela, iluminando o recinto com potência espetacular. O<br />
objeto sobrevoou a casa e partiu em direção ao milharal, unindo-se a urna<br />
segun<strong>da</strong> esfera. As duas movimentaram-se nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> torre d’água e<br />
desapareceram, subindo verticalmente em veloci<strong>da</strong>de incrível.<br />
Gregório continuava dormindo, mergulhado no mais profundo sono,<br />
mas o espírito despertava. Um espectro na forma fiel do rapaz destacou-se <strong>da</strong><br />
matéria adormeci<strong>da</strong>, <strong>da</strong> qual emanava uma pequena quanti<strong>da</strong>de de luz em tom<br />
azulado. O corpo físico permaneceu deitado, dormindo, imóvel. A luz que<br />
envolvia sua alma tornou-se mais forte, e as formas modificaram-se,<br />
agigantando-se. As feições de Gregório foram desaparecendo, <strong>da</strong>ndo lugar às<br />
formas imponentes do anjo-general, o anjo Thal.<br />
O anjo observou meticulosamente à sua volta. Aproximou-se de<br />
Gregório e passou a mão sobre a cabeça do humano, envolvendo-o com<br />
energia e paz. Thal caminhou até o centro do quarto, farfalhou lentamente as<br />
asas, que pareciam recupera<strong>da</strong>s <strong>da</strong> peleja contra os malditos cães. Abriu-as<br />
magnificamente por alguns segundos. A envergadura cobria todo o quarto,