12.04.2013 Views

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

chega<strong>da</strong>? — in<strong>da</strong>gou a mulher.<br />

—Na<strong>da</strong>, na<strong>da</strong>. Logo que me sentir cem por cento recuperado,<br />

volto para a capital. Talvez eu consiga descobrir algo lá. — Puxou a<br />

jarra de suco para junto de si e encheu o copo.<br />

Gregório assumiu uma expressão pensativa. Lembrava-se do apartamento...<br />

mas o endereço exato...<br />

A noite prosseguiu calma. Todos se reuniram no alpendre <strong>da</strong> casa para<br />

prosear. Os homens mais íntimos do casal também vieram conversar. Celeste e<br />

o filho ocuparam um dos cantos do alpendre, sentando-se em tamboretes. Era<br />

muito comum aquele tipo de encontro descontraído. Samuel orgulhava-se de<br />

manter boa e estreita relação com os funcionários. Realmente, era muito<br />

querido entre eles. Todos conversavam animados, tomando cerveja e<br />

petiscando torra<strong>da</strong>s. A conversa se desenrolava calma, entrecorta<strong>da</strong> por risa<strong>da</strong>s<br />

altas. Tônico era o mais quieto. Ficava sempre espiando Gregório, como que<br />

ressabiado. O rapaz percebeu a cisma do garoto, mas não se deu por<br />

incomo<strong>da</strong>do. A chuva, monótona e revigorante, proporcionava aquele<br />

sonzinho cadenciado e calmante, mantendo os agricultores felizes e<br />

esperançosos. Mais alguns dias de tempo chuvoso seria o suficiente para<br />

recuperar a lavoura. Samuel preocupava-se somente com uma coisa: o conserto<br />

do celeiro. Se as madeiras realmente chegassem na manhã seguinte,<br />

adiantaria bastante a reforma.<br />

Quando se aproximavam <strong>da</strong>s vinte e duas horas, os homens despediram-se,<br />

pois muitos levantavam antes <strong>da</strong>s cinco <strong>da</strong> manhã. Tinham<br />

aberto uma exceção naquele dia, ficando até tarde para conhecer e fazer sala<br />

para o irmão do patrão. Vera, Samuel e Gregório também se colocaram de pé a<br />

fim de se recolher.<br />

Gregório tirou a roupa, permanecendo somente de cuecas, e apanhou um<br />

cobertor no armário. Antes de deitar, aproximou-se <strong>da</strong> janela. Ergueu a vidraça,<br />

deixando entrar o vento <strong>da</strong> chuva. Aspirou pela enésima vez aquele ar, que<br />

lhe fazia tão bem. Sentia-se forte como um touro. Era uma sensação que<br />

queimava seu espírito. Não lembrava desde quando se sentia tão atraído pela<br />

chuva. Deixou-se entregue àqueles sentidos. Afinal, aquele bem-estar era novo<br />

para ele. Era bom.<br />

Gregório fixou o olhar no milharal, que ululava ao sabor <strong>da</strong> garoa. Volta<br />

e meia, a plantação expelia um assobio ao tomar suaves panca<strong>da</strong>s de vento.<br />

Olhou para o céu e achou interessante que, apesar do tempo fechado, podia<br />

observar algumas estrelas, aquelas mais brilhantes. Percebeu duas delas bem<br />

vivas ao norte do milharal. Cintilavam com vigor, locomovendo-se lentas para<br />

a direita. Estavam praticamente alinha<strong>da</strong>s com a torre <strong>da</strong> caixa d’água.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!