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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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eternamente. Ou então dormir algumas horas no túmulo indígena maldito e<br />

retornar ao seu dono amaldiçoado ao som de Ramones, ao bom estilo de King<br />

em Pet Cemetery. O vento varreu o morro e fez o mato farfalhar. O cão tombou,<br />

vencido pela hemorragia e pela fraqueza. Ganiu solitário. Fome e sede. Não...<br />

certamente, o pequeno Cage não viria. O dálmata respirava vagarosamente. O<br />

ferimento nas costas não sangrava mais, porém tornara-se uma feri<strong>da</strong> podre,<br />

onde moscas e vermes se divertiam. Uma infecção espalhara-se por todo o<br />

corpo do animal, deixando-o inchado e febril.<br />

À espreita, empoleirados num tronco caído ali próximo, três demônios<br />

em forma de cães zombavam. Khel encontrara a ci<strong>da</strong>de e, agora, uma nova<br />

identi<strong>da</strong>de. Naquela noitinha, seria Charlie, o dálmata. Teria um corpo<br />

material para vagar entre os homens.<br />

O cão lançou um último rosnar, terminando com um longo suspiro.<br />

Estava morto.<br />

Khel arreganhou a boca, gargalhando demora<strong>da</strong>mente. Mataria o anjo.<br />

Thal logo estaria morto. Morto dentro do corpo do mortal.<br />

O céu se cobriu de nuvens negras. Trovejava e relampejava. Era a hora <strong>da</strong><br />

chuva!<br />

— Bem, os ferimentos ain<strong>da</strong> estão inchados, — Jessup retirou o<br />

termômetro <strong>da</strong> boca de Gregório. — mas não há sinal de infecção... nem<br />

febre... Ao que parece, o pior já passou. Vou levar esta amostra de sangue para<br />

novas análises. Particularmente, acredito que você tomou uma surra. Essa<br />

amnésia... vamos observar mais uns dias. Acho que terá de ir até Barraquínha<br />

fazer uma tomografia. Entendo esses caroços como decorrentes de alguma<br />

arma ou objeto contundente utilizado no espancamento. Não acredito que<br />

seja alguma doença, nunca vi sinto mas como estes. A dor dos ferimentos<br />

deve desaparecer em uma sema na, aproxima<strong>da</strong>mente.<br />

Gregório assentiu com a cabeça.<br />

— Quanto a você, Samuel, continue tomando a medicação que passei.<br />

Logo estará bem. Um pouquinho de descanso não mata ninguém. — Jessup<br />

apanhou a maleta. — Por enquanto, é isso, rapazes.<br />

Deixe-me ir an<strong>da</strong>ndo; parece que o tempo virou de vez. Não quero ficar<br />

preso em nenhum atoleiro por aí.<br />

Vera acompanhou o médico até o carro. Já estava escuro e frio, a noite<br />

havia sido toma<strong>da</strong> por uma ventania furiosa. Relâmpagos percorriam o<br />

horizonte, como tentáculos elétricos e efêmeros, arrastando-se pela terra,<br />

anunciando a chuva.<br />

Gregório abriu parcialmente a janela do quarto, deixando a ventania

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