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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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dormiria mais uma noite no frio escuro se já não estivesse morto, vitimado<br />

pelo ferimento a vidro provocado pelo pinguço imprestável. Na reali<strong>da</strong>de,<br />

Anderson não estava feliz. Pensando no fim de seu mais querido dálmata,<br />

continuou deleitando-se com os pães e o refrigerante Sukita.<br />

De trás <strong>da</strong> curvinha, surgia o carro. Era o doutor. Depois que os pneus<br />

largaram o cascalho, o velho carro começou a levantar aquele poeirão <strong>da</strong>nado.<br />

Vera viu o médico se aproximando. Saiu do alpendre, entrando na casa<br />

para avisar sobre o visitante.<br />

Os dois irmãos ain<strong>da</strong> conversavam. Gregório examinava o jaquetão de<br />

couro, estranhamente perfurado em vários pontos, lançando algumas<br />

suposições. Após sugestões diversas, chegaram à conclusão de que nenhuma<br />

tinha fun<strong>da</strong>mento. Em resumo, continuavam sem saber na<strong>da</strong>.<br />

— Ei, meninos, o doutor está chegando. — avisou a mulher. Samuel<br />

levantou-se e auxiliou Gregório a caminhar até o quarto, onde seriam<br />

examinados.<br />

—Vai chover! — exclamou Gregório, alegremente.<br />

—Seria muito bom se chovesse de novo.<br />

— Vai chover, com certeza. Daqui a uns quarenta minutos, eu acho.<br />

Samuel soltou o irmão na cama. Coçou a cabeça, olhando pela janela.<br />

Não que a idéia não o agra<strong>da</strong>sse, mas acontece que o céu estava limpinho, sem<br />

uma nuvenzinha sequer bor<strong>da</strong>ndo o poente. Seria difícil.<br />

O Dr. Jessup entrou no quarto, brincalhão nos cumprimentos. Segurou<br />

firme a mão de Gregório, demorando-se, encarando o rapaz.<br />

— Você foi muito forte naquela noite, garoto. Sabíamos que não iria<br />

morrer. Foi uma grande luta. — disse o médico.<br />

Gregório apertou-lhe a mão, como um carinho.<br />

— Bem, tire a camisa. Vamos ver esse tórax como é que está?<br />

A consulta começou.<br />

O vento batia forte no topo <strong>da</strong> colina. Lá de cima, via-se a ci<strong>da</strong>de, o que<br />

não era grande coisa. A aveni<strong>da</strong> principal cruzava to<strong>da</strong> a vila, sendo possível<br />

distinguir até algumas casas de comércio, como a madeireira do velho Genaro.<br />

O cachorro não agüentava mais caminhar. Estava perdido, faminto,<br />

ferido e quase morto. Parecia decidido a ficar ali, esparramado na relva,<br />

esperando seu fim chegar com a noitinha. Esperando. Esperando o menininho<br />

Cage vir para enterrá-lo no sinistro cemitério de animais, onde descansaria

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