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ver<strong>da</strong>de, e como Vera se lembrava disso! A mulher sorriu, descontraí<strong>da</strong>, mas<br />
logo retomou a fisionomia sóbria. Gregório havia movido ligeiramente as<br />
pálpebras e, devagar, a expressão bran<strong>da</strong> começou a alterar-se, tornando o rosto<br />
agitado.<br />
Do lado de fora, o anjo sentiu-se fraquejar. Estendeu as mãos,<br />
observando que estavam sem o brilho natural, e o que era pior, desintegrandose.<br />
Thal caiu de joelhos sem forças... Talvez se houvesse chuva, talvez com a<br />
chuva se sentisse melhor. O anjo, horrorizado, desapareceu.<br />
—Ahhhh! — gritou Gregório, despertando sobressaltado. Quando deu<br />
por si, estava sentado na cama, observado por uma desconheci<strong>da</strong>, uma<br />
estranha mulher, estranhamente familiar.<br />
—Está tudo bem? — perguntou Vera, assusta<strong>da</strong> de ver<strong>da</strong>de.<br />
Era óbvio que na<strong>da</strong> estava bem, ela sabia disso, mas fez a pergunta para<br />
quebrar o gelo.<br />
—Não. — respondeu Gregório, com os olhos arregalados. — Quem é<br />
você? Te conheço? Eu... eu te conheço, não conheço?<br />
—Conhece. Faz tempo, mas conhece. — Vera soltou a compressa<br />
e levantou-se agita<strong>da</strong>. — Espere aqui! Vou chamar uma pessoa que está<br />
louca para falar com você. Espere aí. Não levanta! — Ela saiu do quarto às<br />
pressas, quase correndo.<br />
Gregório olhou à sua volta, explorando o quarto com a visão. Não<br />
conhecia o lugar. Vasculhando a memória, de fato, não fazia a mínima idéia de<br />
onde estava. Em meio a pensamentos confusos, tentando lembrar-se de alguma<br />
coisa recente, resolveu levantar-se <strong>da</strong> cama. Não conseguiu. Foi tomado por<br />
uma dor tremen<strong>da</strong>, como se tivesse sido espancado, com vários músculos<br />
machucados. Tombou na cama contorcendo-se de dor. Fechou os olhos e uma<br />
visão surgiu como um flash: o homem apontava-lhe uma arma. Um calafrio<br />
percorreu o corpo. O que estava acontecendo?<br />
Samuel manobrava o trator para fora <strong>da</strong> plantação. Estava contente com<br />
as chuvas recentes. Colheria uma pequena parte do milho, o restante <strong>da</strong><br />
plantação ficaria no pé, engor<strong>da</strong>ndo. Olhando em direção à casa, avistou Vera<br />
correndo ao seu encontro, acenando com energia, no suave declive gramado.<br />
Sorriu de volta para a mulher, abanando o chapéu de palha. Saiu do milharal<br />
e foi encontrar-se com a esposa. Logo alcançou-a. Como a amava!<br />
—Que é essa correria to<strong>da</strong>, mulher?<br />
—É o teu irmão, ele acordou!<br />
—É!? — espantou-se Samuel.