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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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Capítulo 07<br />

SAMUEL ABRIU OS OLHOS e olhou perplexo para seu corpo. Estava coberto<br />

de sangue! A cama estava ensopa<strong>da</strong>, empapa<strong>da</strong> em líquido escarlate. Vera<br />

dormia pacificamente ao lado, com o rosto sujo no sangue de Samuel. Sentouse<br />

abruptamente, soltando um grito sonoro vindo <strong>da</strong>s entranhas. Então<br />

acordou...<br />

Assustado, respirava descompassa<strong>da</strong>mente, rápido. Tudo normal. Tudo<br />

calmo. Lençóis brancos. Nenhum sangue. As costelas doíam à beça. Jeff havia<br />

partido duas delas, também havia aberto o supercílio direito. Incomo<strong>da</strong>va, só<br />

isso. A esposa dormia calma. Tudo normal. Exceto aquele som pungente em<br />

seu ouvido. Era um trovão. O quarto iluminou-se. Duas, três vezes<br />

fragmenta<strong>da</strong>s. Era relâmpago. O som sinistro tornou-se agradável. Era chuva!<br />

Samuel levantou-se e abriu a janela. Acordou Vera aos gritos. A mulher<br />

demorou para despertar. Era madruga<strong>da</strong>. Duas horas talvez. <strong>Chuva</strong>! Vera<br />

gritou! Abriu um sorriso, beijou o marido.<br />

—Se continuar assim nos próximos dias, ain<strong>da</strong> salvamos a colheita! —<br />

exclamou o homem alegremente.<br />

—Teremos grandes milhos. Espigas enormes, gor<strong>da</strong>s. Vamos ter um<br />

bom preço no mercado. E talvez, se tivermos tempo, não arren<strong>da</strong>remos<br />

a fazen<strong>da</strong>! — Vera também estava excita<strong>da</strong>. — Como acordou, Samu?<br />

Só com o barulho <strong>da</strong> chuva?<br />

Somente então Samuel parou de gargalhar. Lembrou-se. Não foi por<br />

causa <strong>da</strong> chuva que acordou, foi por causa do pesadelo. Daquele estranho<br />

pesadelo. Era como se estivesse morrendo, transbor<strong>da</strong>ndo em sangue. Muito<br />

estranho.<br />

— Tive um pesadelo, mas já passou. E que me assustei... tô com dor de<br />

cabeça. — comentou encabulado, como um guri.<br />

Vera afagou-lhe os cabelos, como uma mamãe compreensiva.<br />

Embalados pelo agradável tilintar <strong>da</strong> chuva, voltaram a dormir, sem<br />

pesadelos, sem tormenta. Apenas chuva...<br />

— Alguma coisa a gente tem de colher já. Existem contas pra pagar<br />

ain<strong>da</strong> nesta semana. —justificou Samuel aos homens.<br />

Ele e os funcionários estavam reunidos em frente <strong>da</strong> casa, próximos ao<br />

celeiro. O céu cinza, encoberto por pesa<strong>da</strong>s nuvens negras, deixava o dia<br />

imerso em agradável escuridão. Sentado em cima do trator, com um lado do<br />

rosto levemente inchado, com o chapéu sentado na cabeça, Samuel explicava<br />

sobre a necessi<strong>da</strong>de de colher algum milho.

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