O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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12.04.2013 Views

a pistola Magnum. Sessenta segundos para morrer. Virou-se nervosamente. Estavam falando, convencendo-o a largar a arma. Morrer. Largar a arma e morrer. Deus! Me ajuda! Cristo. Como queria ter um anjo da guarda! Mas nunca acreditara naquelas baboseiras! Escola Dominical... Os homens falando. Estavam zangados. Iriam matá-lo. Ia morrer de todo jeito. Soltando a arma ou não. Aproximavam-se mais e mais. Um passo além e o cabeludo poderia acertar-lhe um murro ou tomar-lhe a arma. Iam atirar. Lágrimas. Gregório estendeu o braço e disparou. Morrer. Disparou novamente. Morrer. O cabeludo sabia o que era morrer. Em seguida, soltou a arma. Explosões demais à sua volta. O cabeludo estava morto, com um buraco na testa. Gregório estava sendo atingido. Sentia o corpo acertado. Um zumbido que aumentava. Mais explosões. Eram disparos. Dor na cabeça. Um tiro na cabeça! Todo o dinheiro caindo de sua mão. A pistola estava no barro. Estava caindo. O mundo girando. Frio... girando, frio... girando frio. Khel saltou em direção a Thal. Tinha ódio demais para matá-lo de outro jeito. Comeria sua cabeça. Gargalharia a noite toda. Thal sentia a dor consumindo-o, como nunca fora antes. Khel acertou a boca no parapeito do prédio. O anjo não estava mais lá. Não estava voando. Estava caindo. Saltara em direção ao chão. Em direção ao beco. Caindo... caindo. Khel bramiu puro ódio. — Não será tão fácil assim, anjo, não será, não! O demônio alado mergulhou atrás de Thal, mas não o alcançaria. Dirigiu-se às escadas metálicas de emergência. Galopava escadaria abaixo velozmente. — Ele é meu, não o toque! — vociferava Khel. Thal caiu, chocando-se violentamente contra o chão do beco, cobrindose de lama. Relampejava. Sentia dor, sentia o fim chegando. Não nas mãos de Khel. Não nas mãos do cão. Apanhou a trombeta, assoprou-a com força, fazendo seu toque tonitroar nos ares, invadindo o céu. O demônio que se aproximava fugiu imediatamente. Khel estacou. — Maldito seja, anjo, maldito seja! Khel retomou a corrida, mas agora galopando para cima, fugindo. — Seus amigos o levarão, anjo, mas eu o encontrarei, surrarei você até a morte e então te levarei para o inferno, anjo maldito! Embaixo, no beco, os assassinos de Gregório fugiam. Jaziam no chão três corpos: o cabeludo idiota, morto com um balaço na testa; Gregório, agonizante, e, ao seu lado, agonizava também o anjo.

Thal transpirava, sabia que logo estaria morto. Não resistiria. Sabia que os seus estavam a caminho. Viriam ajudá-lo. Porém, o anjo sabia que não lhe restava mais tempo. Sua pele não mais resplandecia paz, seus olhos não eram chamas. Oh, chuva! Por que demora? Sem a força mágica da água do céu o anjo não resistiria. Sentia dor. Thal olhou para o lado. Viu Gregório agonizante. O sangue misturava-se ao barro. A vida agarrava-se ferrenha àquele corpo humano, mas esvaía-se ligeira pelas perfurações abertas a bala, pelos órgãos que se recusavam a continuar funcionando, pelo coração que resfolegava, mostrando ser impossível sobreviver. — Lamento, homem Gregório. Vejo que cheguei tarde. — sussurrou Thal. O anjo juntou as forças remanescentes e moveu-se alguns centímetros, estendeu a mão, tentando alcançar a mão de Gregório. As gotas de chuva bateram no peito do anjo. Não adiantaria mais soprar a trombeta. Quando os irmãos chegassem, o encontrariam morto. O anjo tocou a mão de Gregório e baixou o rosto. Sentindo a última lufada de ânimo escapar, Thal cerrou os olhos. O céu gritou. Gritou imensamente. Em forma de trovão. O céu chorou. Chorou imensamente. Em forma de tempestade.

Thal transpirava, sabia que logo estaria morto. Não resistiria. Sabia que os<br />

seus estavam a caminho. Viriam ajudá-lo. Porém, o anjo sabia que não lhe<br />

restava mais tempo. Sua pele não mais resplandecia paz, seus olhos não eram<br />

chamas. Oh, chuva! Por que demora? Sem a força mágica <strong>da</strong> água do céu o anjo<br />

não resistiria. Sentia dor.<br />

Thal olhou para o lado. Viu Gregório agonizante. O sangue misturava-se<br />

ao barro. A vi<strong>da</strong> agarrava-se ferrenha àquele corpo humano, mas esvaía-se<br />

ligeira pelas perfurações abertas a bala, pelos órgãos que se recusavam a<br />

continuar funcionando, pelo coração que resfolegava, mostrando ser<br />

impossível sobreviver.<br />

— Lamento, homem Gregório. Vejo que cheguei tarde. — sussurrou Thal.<br />

O anjo juntou as forças remanescentes e moveu-se alguns centímetros,<br />

estendeu a mão, tentando alcançar a mão de Gregório.<br />

As gotas de chuva bateram no peito do anjo. Não adiantaria mais soprar<br />

a trombeta. Quando os irmãos chegassem, o encontrariam morto. O anjo tocou<br />

a mão de Gregório e baixou o rosto. Sentindo a última lufa<strong>da</strong> de ânimo escapar,<br />

Thal cerrou os olhos.<br />

O céu gritou. Gritou imensamente. Em forma de trovão. O céu chorou.<br />

Chorou imensamente. Em forma de tempestade.

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