O Senhor da Chuva - Jovem Sul News
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com a espada, alcançando a borda do prédio. O demônio mirou seu pescoço: iria decapitá-lo, entretanto, foi detido pelo cão-demônio, Khel. — Eu sou o cão deste anjo. Ele é meu! — urrou Khel. Andando sobre quatro patas, aproximou-se do anjo. O corpo da fera era cheio de músculos, e o rosto tinha traços selvagens. Não se assemelhava a criatura nenhuma do mundo físico; era grotesca e horrenda. Forte e assustadora. Um cão do inferno. — Encare seu algoz, criatura. — ordenou para Thal. — Olhe para mim, veja meu ódio. Logo estará morto, estará entre nós. Será forjado em sua alma perdida um novo cão guerreiro. O anjo perdera as chamas dos olhos. O brilho e o viço abandonaram a pele de bronze. A túnica de brancura impecável tornara-se escarlate, maculada por seu sangue espectral. Sentia um peso tremendo sobre a cabeça. Orou. Tinha certeza de que seu fim não seria nas garras da besta em forma de cão. Seu fim seria entre os seus. Levantou-se uma última vez, o que exigiu do soldado do bem um esforço sobrenatural, apoiando-se na beira do prédio. Gregório acelerou, porém a lama dificultava a corrida. Quando chegava à calçada pública, uma dupla de homens adentrou o beco, bloqueando a saída. Um era o cabeludo, o outro era o comprador da droga. Gregório brecou, deslizando no barro e quase caindo no chão. — Ei, vovô. Que coisa feia! Quer dizer que queria nos dar um chapéu? — zombou o cabeludo, empunhando um revólver calibre 38. O velho também sacou a arma, uma pistola. — Odeio bandido desonesto. — disse o comprador. — Minha raiva é tanta que até me arrisco aqui fora... Você sacaneou gente errada, filho. Gregório empunhava a arma nervosamente. —Ei, vovô, largue este brinquedinho, pode machucar alguém. — pediu o cabeludo. —Olhe, facilitem as coisas pra mim, está bem? Não quero matar vocês dois. — advertiu Gregório. —Ora, ora, ora! Quer dizer que não quer nos matar. — disse o velho, chegando mais para dentro do beco, a fim de não chamar a atenção de possíveis transeuntes. — Olhe, não queremos matar você também, queremos o dinheiro de volta. Só isso. Gregório dava passos para trás evitando aproximar-se dos homens.
— Largue a arma! — gritou o cabeludo, perdendo o ar engraçado. Os outros dois homens chegavam ao fim da escada e ajudavam-se para descer ao beco, evitando o salto de três metros. Gregório viu-os aproximar. Não queria largar a arma, pois sabia que iria morrer. Não tinha para onde correr. Não poderia fugir. Pressão. O coração estava disparado. Precisava de calma... mas como?! Iria morrer! — Vamos, vovô... —Cale a boca! — gritou Gregório. — Escute, guri, você não deve ter vinte anos ainda, tem muito o que viver. Cale a boca ou eu te mato. —Uuu! Nossa! Que medo! — brincou o cabeludo. Os outros dois estavam próximos: seria morto. Estava nervoso demais para pensar. Tudo se embaralhava. Diziam que quando a gente morre, um flash-back passa diante de nossos olhos... mas isso estava acontecendo agora. Estava confuso. Via seu irmão. Lembrava-se de sua terra. Um beijo na boca. O leite morno é bom quando tomado de manhã, na hora, saído da vaca. Sabia que morreria. O ferrado do Renan. Sabia que leite morno é bom quando tomado de manhã. Estavam os quatro próximos demais, fechando o cerco, como hienas carniceiras. Como um alicate inexorável. Sessenta segundos para morrer. Sessenta segundos com todo o dinheiro que queria. O guri da valise engatilhou
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com a espa<strong>da</strong>, alcançando a bor<strong>da</strong> do prédio. O demônio mirou seu pescoço:<br />
iria decapitá-lo, entretanto, foi detido pelo cão-demônio, Khel.<br />
— Eu sou o cão deste anjo. Ele é meu! — urrou Khel.<br />
An<strong>da</strong>ndo sobre quatro patas, aproximou-se do anjo. O corpo <strong>da</strong> fera era<br />
cheio de músculos, e o rosto tinha traços selvagens. Não se assemelhava a<br />
criatura nenhuma do mundo físico; era grotesca e horren<strong>da</strong>. Forte e<br />
assustadora. Um cão do inferno.<br />
— Encare seu algoz, criatura. — ordenou para Thal. — Olhe para mim,<br />
veja meu ódio. Logo estará morto, estará entre nós. Será forjado em sua alma<br />
perdi<strong>da</strong> um novo cão guerreiro.<br />
O anjo perdera as chamas dos olhos. O brilho e o viço abandonaram a<br />
pele de bronze. A túnica de brancura impecável tornara-se escarlate, macula<strong>da</strong><br />
por seu sangue espectral. Sentia um peso tremendo sobre a cabeça. Orou.<br />
Tinha certeza de que seu fim não seria nas garras <strong>da</strong> besta em forma de cão.<br />
Seu fim seria entre os seus. Levantou-se uma última vez, o que exigiu do<br />
sol<strong>da</strong>do do bem um esforço sobrenatural, apoiando-se na beira do prédio.<br />
Gregório acelerou, porém a lama dificultava a corri<strong>da</strong>. Quando chegava<br />
à calça<strong>da</strong> pública, uma dupla de homens adentrou o beco, bloqueando a saí<strong>da</strong>.<br />
Um era o cabeludo, o outro era o comprador <strong>da</strong> droga. Gregório brecou,<br />
deslizando no barro e quase caindo no chão.<br />
— Ei, vovô. Que coisa feia! Quer dizer que queria nos <strong>da</strong>r um<br />
chapéu? — zombou o cabeludo, empunhando um revólver calibre 38.<br />
O velho também sacou a arma, uma pistola.<br />
— Odeio bandido desonesto. — disse o comprador. — Minha raiva é<br />
tanta que até me arrisco aqui fora... Você sacaneou gente erra<strong>da</strong>, filho.<br />
Gregório empunhava a arma nervosamente.<br />
—Ei, vovô, largue este brinquedinho, pode machucar alguém. — pediu o<br />
cabeludo.<br />
—Olhe, facilitem as coisas pra mim, está bem? Não quero matar vocês<br />
dois. — advertiu Gregório.<br />
—Ora, ora, ora! Quer dizer que não quer nos matar. — disse o velho,<br />
chegando mais para dentro do beco, a fim de não chamar a atenção<br />
de possíveis transeuntes. — Olhe, não queremos matar você também,<br />
queremos o dinheiro de volta. Só isso.<br />
Gregório <strong>da</strong>va passos para trás evitando aproximar-se dos homens.