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apartamento.<br />
Gregório descia correndo, as malas dificultando a escapa<strong>da</strong>. Arremessou<br />
a menos importante para baixo, no beco junto ao prédio. Olhou para cima e<br />
viu os perseguidores descendo, e o que era pior, mais rápido do que ele!<br />
Arremessou a segun<strong>da</strong> mala. Apanhou a pistola e engatilhou-a, sem parar de<br />
correr. Faltava pouco para chegar ao chão. Tinha uma vantagem razoável.<br />
Talvez não tivesse que matar ninguém. Sairia limpo. Talvez não tivesse de<br />
morrer. Sairia vivo.<br />
Thal perdera a espa<strong>da</strong>. O que estava havendo? A preocupação<br />
demasia<strong>da</strong> em livrar-se <strong>da</strong>s feras e salvar o humano estava atrapalhando sua<br />
concentração. Era um dos guerreiros mais capazes; no entanto, apesar do<br />
habilidoso e perverso Khel, vacilara diante de tão reles hor<strong>da</strong>.<br />
Um demônio alado <strong>da</strong>nçava em seu peito, e precisava detê-lo. Agarrou-o<br />
pela cau<strong>da</strong>, arremessando-o longe. Khel saltou em sua direção. O cão arfava,<br />
praguejando, ansioso por vingança. Thal desviou-se, mas foi agarrado por outra<br />
criatura. Tinha uma <strong>da</strong>s asas feri<strong>da</strong> demais para voar. Precisava de tempo para<br />
se autocurar. Talvez se alcançasse sua trombeta, pudesse chamar aju<strong>da</strong>.<br />
Arregimentar uma tropa salvadora. Todo irmão ao alcance do som <strong>da</strong> trombeta<br />
atenderia. No entanto, as mãos estavam ocupa<strong>da</strong>s demais para usar a<br />
ferramenta. Ocupa<strong>da</strong>s em salvar-lhe a vi<strong>da</strong>. Uma nova mordi<strong>da</strong> do cão seria<br />
suficiente para arrancar-lhe o braço. O anjo segurava as mandíbulas de Khel,<br />
repelindo seu hálito pútrido. Restavam poucas forças. Estava bastante ferido. O<br />
último demônio alado aproximou-se com sua espa<strong>da</strong>. Pairou por trás de Thal,<br />
trespassando a lâmina em seu tórax. O anjo gritou de dor ao ver a ponta <strong>da</strong><br />
própria arma saltar em seu peito, enquanto seu atacante gargalhava como um<br />
louco. A vista turvou, e os joelhos se dobraram. A luta estava acabando. Sem a<br />
chuva, o anjo esmaecia. O prognóstico era sombrio para a criatura de luz.<br />
Gregório chegou ao final <strong>da</strong> esca<strong>da</strong>. Teria de saltar. Uma altura de três<br />
metros o separava do chão do beco. Não hesitou um segundo. Saltou. Caiu<br />
no chão sujo e molhado. Estava bem. Engatinhou até a mala onde estava o<br />
dinheiro, agarrou-a e olhou para cima. Os perseguidores teriam de descer<br />
mais três an<strong>da</strong>res. Lama no chão. Iniciou uma corri<strong>da</strong> em direção à rua, <strong>da</strong>ria<br />
tempo. Ouviu um disparo, sentiu a bala passar próxima à orelha direita, indo<br />
faiscar contra o contêiner de lixo. Ave, Maria, cheia de graça... Outro disparo.<br />
Gregório correu encurvado, junto à parede. Faltava pouco para alcançar a<br />
calça<strong>da</strong>. Mais disparos, mais faíscas.<br />
Thal estava caído no piso, no topo do prédio. O demônio arrancou a<br />
espa<strong>da</strong> do corpo do anjo, preparando para desferir o golpe final. Sentia o corpo<br />
todo doer, uma dor infinita, nunca <strong>da</strong>ntes experimenta<strong>da</strong>. O ar cheirava a<br />
chuva. Precisava de forças, precisava de tempo. Rastejou aos pés do demônio