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prédio. E, eles não deveriam saber onde ele morava. Recuperara sua calma<br />
aparente. Sobrevoou a aveni<strong>da</strong> parando em cima do prédio. Se os homens<br />
parassem, iria socorrer Gregório. Expectativa. Pararam numa frea<strong>da</strong> brusca.<br />
Tinha que socorrer. O homem não podia morrer, pois dele dependia a vi<strong>da</strong> de<br />
outro rapaz... outra alma que seria perdi<strong>da</strong> sem chance de iluminação. Thal<br />
virou-se decidido para o prédio, porém, inespera<strong>da</strong>mente, foi golpeado no<br />
rosto. Um demônio alado o acertara com força concentra<strong>da</strong>, ferindo sua face.<br />
O anjo caiu alguns metros, mas logo recuperou o equilíbrio, restabelecendo-se<br />
<strong>da</strong> surpresa, abor<strong>da</strong>do por novas criaturas. No topo do prédio, avistou Khel,<br />
de cujas ventas emanava enxofre, exalando ódio no ar. Entendeu a razão do<br />
ataque. O líder maligno queria reparação. Sentia-se afrontado com o ocorrido<br />
no apartamento do traficante. Thal retesou os músculos e bufou. Que viessem<br />
as feras!<br />
Gregório entrou no apartamento às pressas. Era meia-noite e meia.<br />
Tinha o dinheiro, mas tinha medo. Precisava fugir. Estava tomado por uma<br />
sensação mista de aflição sufocante e de urgência. Aflição. Aflição! Precisava<br />
pensar. Porra! Era um homem, não um moleque. Por que estava tão perturbado?<br />
Estar perto de morrer faz isso com a gente. Correu ao quarto. Apanhou duas<br />
malas. Levou-as para a sala. Pegou a valise e esvaziou-a na cama. Encheu os<br />
bolsos <strong>da</strong> jaqueta com algum dinheiro. Derramou o restante dentro de uma<br />
<strong>da</strong>s malas. Dirigiu-se para a sala. Estava com pressa; procurava as passagens<br />
compra<strong>da</strong>s há pouco para Belo Verde. Colocara ali, na sala, mas estava nervoso<br />
demais para lembrar-se onde.<br />
Thal desembainhou a espa<strong>da</strong> ardente, lutando sem medo contra as<br />
feras. Um demônio atacou-o por cima, mas foi logo partido pela espa<strong>da</strong> do<br />
anjo. Thal atravessou a nuvem de enxofre forma<strong>da</strong> pela morte <strong>da</strong> fera,<br />
deparando-se com outro oponente. Eles o impeliam para o topo do prédio.<br />
Golpes fortes, bem medidos, vinham de todos os lados. Precisou evocar sua<br />
habili<strong>da</strong>de de guerreiro, sintonizando-se com a conten<strong>da</strong>. A espa<strong>da</strong> era seu<br />
escudo e sua lança. Os inimigos estavam com medo, mas obedeciam à<br />
estratégia; com golpes certeiros, estavam empurrando o guerreiro de luz para o<br />
alcance de Khel, o cão. O novo inimigo alado também possuía uma espa<strong>da</strong>,<br />
sabia manejá-la bem, retar<strong>da</strong>ndo Thal. As espa<strong>da</strong>s retiniram no ar, lançando<br />
chamas no céu negro, roubando momentaneamente a escuridão. Um outro<br />
demônio veio e abocanhou seu calcanhar, puxando-o para baixo, ferindo-o<br />
dolori<strong>da</strong>mente. Thal arrancou-lhe a mandíbula, rechaçando o oponente num<br />
golpe só. Na primeira distração do rival armado, feriu-o e partiu-o em metades<br />
mortas. Sobravam ain<strong>da</strong> quatro demônios alados, lutando com ódio e<br />
maldição, levando-o ca<strong>da</strong> vez mais para perto do topo do prédio. Ca<strong>da</strong> vez<br />
mais para perto de Khel. As bestas ala<strong>da</strong>s arranhavam sua pele sagra<strong>da</strong>,<br />
provocando cortes ardidos. Thal não percebia a dor agora, no calor <strong>da</strong> batalha.