O Senhor da Chuva - Jovem Sul News
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Mais uma nuvem espessa de vapor escapou da boca do traficante. Thal farfalhou magníficas asas. Pousou ao lado de Gregório e, quando o carro encostou, desembainhou a espada flamante, fazendo uma luz inundar aquele lugar triste e bizarro. Um rapaz cabeludo e de óculos escuros desceu do carro e caminhou até Gregório, que, sem saber a razão, sentiu o peito encher-se de uma calma sobrenatural. Era como se alguém estivesse lhe dizendo: Vai com calma, tudo vai se arranjar. — Olá, menino. — cumprimentou Gregório, descontraindo a negociação. — Cê que vai levar o produto? O rapaz mediu-o de cima a baixo, com desdém juvenil. —É claro, vovô. Cê acha que eu ia sair lá de casa pra me enfiar nesse buraco à toa? Passa a droga pra cá. —Cadê seu chefe? —Tá no carro; não quer se queimar aqui fora. —Tá com medo? — brincou Gregório. —Olha, vovô, eu num tô com saco nem com tempo pra ficar ouvindo piadinha de drogado ancião no meio da rua. Passa a droga. — exigiu o cabeludo. —O dinheiro, quero ver. Também tenho pressa. — tornou mais ríspido desta vez. O rapaz ergueu a mão esquerda. Do veículo, estacionado logo atrás dele, desceu outro garoto, dezenove anos talvez. Ele carregava a maleta. Thal empertigou-se. Alçou vôo e pousou em cima do carro, observando o novo rapaz. Enfiou a cabeça dentro do veículo e contou mais três: o motorista e dois senhores Um era o comprador, provavelmente, e outro, sentado à sua frente, com jeito de guarda-costas. Talvez por isso, estivesse com a arma à mão Thal preocupou-se. O rapazinho carregando a valise abriu-a na frente de Gregório. —Está aqui. O combinado. — falou o cabeludo. —Oh, estou trabalhando com cavalheiros honestos então. — estendeu a mochila com a droga. — Está aqui o combinado, nove quilos de branca pura. O rapaz entregou-lhe a valise ao mesmo tempo que Gregório entregava a
mochila. —Está feito, meninos. Cuidem-se e vejam, nada de exageros, hein. Deixem um pouquinho para o papai também. — brincou Gregório, dirigindo-se ao beco. —Calma aí, vovô! — gritou o cabeludo. — Não vá tão depressa. Meus amigos podem pensar que você está trapaceando. Você não quer que pensem isso, quer? Eles costumam ficar muito chateados com quem os engana. — O rapaz retirou um dos tijolos da mochila, rasgando a ponta. Thal aproximou-se. Gregório rezou para que fosse um dos pacotes certos. O rapaz enfiou o dedo mindinho no pacote, experimentou o pó branco passando-o na gengiva. Sentiu-a formigar e logo um rápido amortecimento. Era coca. —Grande, vovô. Um traficante honesto. — brincou o rapaz. —E isso aí, meninos. Divirtam-se — disse Gregório, retomando o caminho do beco, logo sumindo na escuridão. Thal ficou. Acompanhou os garotos até o carro. Os rapazes retornaram, eufóricos. Entraram no veículo e expuseram os pacotes de coca. —Nove quilos, nove quilos! E droga boa. — festejou o cabeludo. —Experimentou? — perguntou o comprador. —Este, veja. É coisa boa. — mostrou. —Abre outro. — ordenou o velho. O rapaz da valise experimentou outro pacote. Era droga. Thal permaneceu observando, acompanhando o nervosismo dos ocupantes do veículo. Agora, o com jeito de guarda-costas experimentou outro pacote. Fez uma careta terrível. Gregório andava apressado, junto à saída do beco. Thal o alcançou, voando velozmente. Aproximou-se e gritou: — Corre! Gregório sentiu um imenso e repentino desconforto cobrindo seu corpo de medo e receio. Olhou para trás; o carro estava dentro do beco e avançava rápido, lançando latas e papelões para cima. Sem hesitar, saiu correndo à toda.
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mochila.<br />
—Está feito, meninos. Cuidem-se e vejam, na<strong>da</strong> de exageros, hein.<br />
Deixem um pouquinho para o papai também. — brincou Gregório,<br />
dirigindo-se ao beco.<br />
—Calma aí, vovô! — gritou o cabeludo. — Não vá tão depressa. Meus<br />
amigos podem pensar que você está trapaceando. Você não quer que<br />
pensem isso, quer? Eles costumam ficar muito chateados com quem<br />
os engana. — O rapaz retirou um dos tijolos <strong>da</strong> mochila, rasgando a<br />
ponta.<br />
Thal aproximou-se.<br />
Gregório rezou para que fosse um dos pacotes certos.<br />
O rapaz enfiou o dedo mindinho no pacote, experimentou o pó branco<br />
passando-o na gengiva. Sentiu-a formigar e logo um rápido amortecimento.<br />
Era coca.<br />
—Grande, vovô. Um traficante honesto. — brincou o rapaz.<br />
—E isso aí, meninos. Divirtam-se — disse Gregório, retomando o<br />
caminho do beco, logo sumindo na escuridão.<br />
Thal ficou. Acompanhou os garotos até o carro. Os rapazes retornaram,<br />
eufóricos. Entraram no veículo e expuseram os pacotes de coca.<br />
—Nove quilos, nove quilos! E droga boa. — festejou o cabeludo.<br />
—Experimentou? — perguntou o comprador.<br />
—Este, veja. É coisa boa. — mostrou.<br />
—Abre outro. — ordenou o velho.<br />
O rapaz <strong>da</strong> valise experimentou outro pacote. Era droga.<br />
Thal permaneceu observando, acompanhando o nervosismo dos<br />
ocupantes do veículo.<br />
Agora, o com jeito de guar<strong>da</strong>-costas experimentou outro pacote. Fez<br />
uma careta terrível.<br />
Gregório an<strong>da</strong>va apressado, junto à saí<strong>da</strong> do beco. Thal o alcançou,<br />
voando velozmente. Aproximou-se e gritou:<br />
— Corre!<br />
Gregório sentiu um imenso e repentino desconforto cobrindo seu corpo<br />
de medo e receio. Olhou para trás; o carro estava dentro do beco e avançava<br />
rápido, lançando latas e papelões para cima. Sem hesitar, saiu correndo à to<strong>da</strong>.