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Drekul, anjo-negro, destruíra inúmeros inimigos. Estava excepcionalmente<br />
forte naquela noite, o que aumentava o prazer de combater.<br />
Deliciava-se agora com a imagem do grupo inútil protegendo o bezerro de<br />
ouro. Ouvira a ordem de cessar o ataque. Provavelmente, os generais<br />
assumiriam. Queriam para eles a honra de exterminar o tão cobiçado guerreiro<br />
Thal, o general que percorria o solo brasileiro, o mais poderoso entre os mais<br />
jovens, o leão. Estava ali, de quatro, vencido. Quando o ataque cessou, Drekul<br />
contou dezesseis anjos de luz de pé, mais o guerreiro no chão, enquanto eles<br />
eram seis mil. A vitória era certa e não escaparia. Teriam horas infinitas para<br />
capturar milhares de almas humanas. Infestariam novamente a Terra com<br />
aquelas criaturas, chama<strong>da</strong>s de vampiros pelos humanos.<br />
Centenas de pessoas se amontoaram no terreno ao fundo <strong>da</strong> igreja para<br />
apreciar o espantoso fenômeno, já chamado de milagre por muitos. Sem<br />
dúvi<strong>da</strong>, aquelas criaturas eram os anjos de luz. Moviam-se freneticamente em<br />
evoluções incríveis. Brandiam bastões de fogo e pareciam encenar uma<br />
coreografia ensaia<strong>da</strong> exaustivamente, uma <strong>da</strong>nça. Vez por outra, horren<strong>da</strong>s<br />
sombras negras apareciam gru<strong>da</strong><strong>da</strong>s junto aos anjos, ofuscando a luz e<br />
desaparecendo quando perdiam contato com eles. Depois que vários deles<br />
sumiram, inexplicavelmente, dezoito anjos ficaram parados no pasto, imóveis.<br />
Alguns meninos já tinham pulado a cerca de arame farpado e corriam em<br />
direção às luzes estáticas no chão. Enquanto apreciavam, embasbacados, outro<br />
fenômeno acontecia. Várias esferas de luz começaram a despencar do céu<br />
escuro, surgindo <strong>da</strong>s nuvens pesa<strong>da</strong>s de chuva. Quando apontavam, eram semelhantes<br />
a relâmpagos rompendo as nuvens negras, mas logo via-se que<br />
eram globos em forma de luz e fogo. Caíam como cometas, cau<strong>da</strong>s extensas e<br />
cintilantes. Eram mais anjos. A certa altitude, tomavam a forma <strong>da</strong>quelas<br />
criaturas, que agora voltavam a se mover. Vinham to<strong>da</strong>s de um mesmo ponto,<br />
mas aterrizavam em diversos lugares, formando um imenso círculo de luz.<br />
Algumas caíam na floresta lá longe, como a incendiar a mata, mas logo o clarão<br />
se apagava, e outro anjo de asas incandescentes surgia.<br />
A multidão estava quase recupera<strong>da</strong> do susto quando o céu se encheu<br />
de um ronco apavorante. Logo depois, identificaram-se pequenos aviões<br />
ligeiros que cruzavam o céu, velozmente e em baixíssima altitude, rente ao<br />
pasto, como se quisessem atropelar os pobres anjos.<br />
Drekul gargalhava. A redoma escarlate bailava ao redor dos anjos<br />
apavorados. Finalmente, seriam eliminados. De súbito, o céu escuro clareou.<br />
Uma esfera chamejante acendeu uma nuvem baixa e cruzou o céu, pousando a<br />
trezentos metros <strong>da</strong> redoma. Um anjo de túnica vermelha e bor<strong>da</strong>s doura<strong>da</strong>s,<br />
estacado, olhava fixamente para o grupo de demônios.<br />
O anjo de túnica vermelha e ouro pousou atrevido no campo.