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Samuel consultou o bolso: não tinha nenhuma ficha, mas continuava com<br />
sede. Entrou na pa<strong>da</strong>ria e dirigiu-se ao balcão, onde estavam três homens<br />
embriagados. Um deles era Jeff Adinsk, alcoólatra, que, há muito tempo, havia<br />
sido amigo de Samuel e seu irmão. Jeff, descendente de uma família do leste<br />
europeu, também havia tido um irmão quando garoto. Roland morrera num<br />
acidente. A partir de então, Jeff mu<strong>da</strong>ra de comportamento, tornando-se<br />
introvertido e amargo, e, alguns anos depois, ain<strong>da</strong> adolescente, entregara-se à<br />
bebi<strong>da</strong> e à embriaguez.<br />
Jeff, com ar de desânimo, levantou o rosto do balcão ao ver Samuel<br />
adentrar o estabelecimento. Samuel pediu ao balconista algumas fichas para a<br />
máquina de Coca-Cola, sacou a carteira e pagou. Virou-se. Jeff estava de pé em<br />
sua frente, bloqueando a saí<strong>da</strong>. Samuel estacou, indignado. Jeff era bem maior<br />
que ele, gordo e corpulento. Mantinha-se de pé apoiando-se com uma <strong>da</strong>s<br />
mãos no balcão, oscilando para frente e para trás, tamanha sua embriaguez<br />
patética, exalando um bafo ardido e enjoativo. Jeff parecia irritado, o que fez<br />
Samuel permanecer atento. Beberrões irados não precisam de muito para<br />
causar confusão.<br />
— Já falei pra você não vir mais aqui! — vociferou o gran<strong>da</strong>lhão.<br />
Samuel olhou para os demais presentes. Os homens que bebiam no bar<br />
observavam a cena sem muita vontade de interromper a ação do<br />
encrenqueiro. O dono do estabelecimento enxugava um copo, olhando<br />
pacificamente para Jeff.<br />
— Não amole, Jeff. Tenho muitas coisas para me preocupar além<br />
de suas recomen<strong>da</strong>ções. — respondeu Samuel.<br />
Jeff moveu-se para a frente, devido à típica agili<strong>da</strong>de e equilíbrio<br />
adquiridos pelos bêbados, mas precisou escorar-se no balcão para não cair.<br />
—Não gosto do seu jeito de falar comigo. — Jeff passou a mão em<br />
uma garrafa de cerveja long-neck. — Você não me respeita, então vou<br />
lhe ensinar!<br />
—Não quero confusão, Jeff. Deixe-me ir em paz. Não brigo com<br />
pinguços. — Samuel permanecia calmo, pois sabia que Jeff não o agrediria.<br />
Falava muito e agia pouco. Desviou-se do gran<strong>da</strong>lhão e caminhou<br />
em direção à porta.<br />
Jeff abaixou a garrafa e olhou para Samuel.<br />
Os homens do bar começaram a gargalhar às custas do encrenqueiro,<br />
fazendo-o irritar-se novamente. Samuel passou por ele sem se voltar. Jeff<br />
enfureceu-se repentinamente. Odiava aquela sensação. Parece que todo<br />
mundo tinha o dom de fazê-lo sentir-se um monte de bosta. Não permitiria