O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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12.04.2013 Views

golpes de espada e empurrões, alcançando o núcleo da batalha. Os guerreiros da leva anterior lutavam colados ao chão, para onde foram empurrados. A avalanche de dentes e espadas inimigas era infinita. Thal alcançou-os, cortando caminho com a espada chamejante, e colocou-se no centro, onde a situação era apenas um pouco mais calma. Os generais satânicos berravam ordens inutilmente, a fim de controlar a turba, quando perceberam Thal adentrando o campo de batalha. Do corpo emanava energia: estava poderosíssimo. Precisariam de muita organização para detê-lo, para liquidá-lo. Os que estavam se digladiando com as criaturas de luz permaneceram; os que esperavam um espaço para entrar na batalha, foram instruídos a se afastar. Então, a redoma inchou, como um cadáver, prestes a explodir, liberando vermes e podridão pela barriga. A redoma tornou-se muito mais compacta em volta dos anjos, escondendo por completo o céu. Uma parede fechada, viva, girando nas asas dos diabretes que empunhavam tridentes pontudos e presas afiadas. Os cães corriam em círculo, doidos para abocanhar corpos angelicais, mantendo um espaço vazio com raio de cem metros aproximadamente. Os demônios não temiam a melhora da performance dos anjos, nem mesmo a jóia preciosa que brilhava no centro daquele inferno. Eram muitos contra aquele mísero grupo celestial. Seria impossível perder. Bastaria uma ordem. A maioria dos anjos sentia-se sufocada. As feras comprimiam por todos os lados. Estavam destinados à eliminação certeira. Alegraram-se imensamente quando o general Thal irrompeu da nuvem vermelha, trazendo luz e esperança para as tropas. Os anjos mal conseguiam se mover, as espadas dançavam sem destino, tentando afastar os milhares de dentes e lâminas que a cada segundo lhes levavam um pedaço precioso do corpo e da vida. Thal mantinha um sorriso, mas olhando sobre o campo, notava que em seu coração crescia um rugido feroz. Os irmãos, embora exibissem a armadura cintilante, tinham perdido a cor de bronze brilhante há muito. As peles empalidecidas indicavam o quão enfraquecidos e sofridos estavam. Os anjos viram quando a grande nuvem vermelha afastou, deixando no campo apenas os que ainda lutavam. Mesmo assim, não se sentiam aliviados, mas uma platéia de colegiais incentivando uma briga na saída da escola, girando em torno da contenda como uma nuvem encantada. Um anjo negro veio de encontro a Thal, e a espada do demônio atravessou-lhe o peito, arrancando um grito de dor. Saltando como um gato feroz, um cão abocanhou seu pé, puxando-o até o chão. Um terceiro demônio enterrou uma nova espada na altura do tórax, varando-a nas costelas do anjogeneral. Um irmão de luz despedaçou este terceiro anjo negro, enquanto o primeiro evaporava em uma nuvem de enxofre. A espada rápida de Thal

alcançou o cão, antes que lhe deferisse outra mordida. O ataque era organizado e decisivo. Miguel, bastante fortalecido, sentia mais energia explodindo em seu corpo do que na sua primeira incursão ao campo de batalha. Os antigos ferimentos eram coisas passadas. Quase perdera as asas nas bocas violentas dos inimigos imorais e tinha outros ferimentos, mas o coração estava em paz. A espada furava um cão após o outro. Depois de destruir uma dúzia de feras, o peito ardeu. Dali brotava uma ponta de espada, tingindo uma vez mais a túnica de escarlate. Num giro rápido, topou com uma criatura imensa, cara de lagarto e chifres retorcidos escapando da cabeça. Logo, Miguel fez a fera experimentar de sua arma também. Golpes violentos, perda de tempo precioso e uma multidão de feras acumuladas à sua volta. O ferimento já estava fechado; a armadura de luz curou seu corpo. Destruiria uma porção deles antes de partir. Atazon farfalhou as asas magníficas, afastando os inimigos que temiam aos anjos. Os ferimentos, inúmeros, estranhamente não causavam dor. Coisa esquisita estava acontecendo naquela noite. Devido às regras rigorosas impostas à Batalha Negra, sabia que não deixaria o campo com vida. Na próxima luta, estaria batalhando nas trevas. Não pôde, entretanto, negar ajuda a um anjo honrado e merecedor de tantas vidas. Sabia que a tarefa não seria das mais fáceis. Conhecia Khel; enfrentara-o várias vezes. O cão era ardiloso e desonesto, mas Thal faria o mesmo por ele. Tocou o chão, ajoelhou na grama, respirou. Uma chuva de cães direcionou-se a ele. Abriu as asas, brandiu a espada e alçou vôo, rompendo caminho entre os anjos negros antes que a matilha pusesse os dentes em cima dele. Cães imundos. No céu livre, viu acima dele um teto vermelho formado pelos demônios alados que mantinha a cúpula fechada, como se pretendesse matá-los por asfixia. Atazon alcançou um lugar que nenhum guerreiro parecia pretender, mas antes que pudesse descansar, percebeu centenas de feras aladas despregando-se daquele teto, como gotas envenenadas, vindo no seu encalço. A espada chocou-se contra outras tantas; era um lutador hábil; aniquilara três criaturas. Então, a primeira espada penetrou em sua perna. Tentando destruir o agressor, mais outra e mais outra profanaram seu corpo, rompendo músculos e causando dor aguda. Começou a perder altura com velocidade, enquanto cada vez mais feras despregavam do teto, envolvendo-o numa casca viva e gargalhante, com o propósito de o retirar da existência para a luz. Sabia que o fim se avizinhava. Continuou caindo. Perdeu a espada, e o corpo pesado bateu forte contra o gramado. Se possuísse ossos como os humanos, estaria reduzido a pó. Talvez fosse melhor do que aquela dor fenomenal que consumia a consciência. Cães ferozes arrancavam sua pele; a espada há muito se perdera. Levando a mão à cintura, encontrou a trombeta. Em seus últimos instantes de consciência, tentava fazê-la funcionar.

alcançou o cão, antes que lhe deferisse outra mordi<strong>da</strong>. O ataque era organizado<br />

e decisivo.<br />

Miguel, bastante fortalecido, sentia mais energia explodindo em seu<br />

corpo do que na sua primeira incursão ao campo de batalha. Os antigos<br />

ferimentos eram coisas passa<strong>da</strong>s. Quase perdera as asas nas bocas violentas<br />

dos inimigos imorais e tinha outros ferimentos, mas o coração estava em paz.<br />

A espa<strong>da</strong> furava um cão após o outro. Depois de destruir uma dúzia de feras, o<br />

peito ardeu. Dali brotava uma ponta de espa<strong>da</strong>, tingindo uma vez mais a<br />

túnica de escarlate. Num giro rápido, topou com uma criatura imensa, cara de<br />

lagarto e chifres retorcidos escapando <strong>da</strong> cabeça. Logo, Miguel fez a fera<br />

experimentar de sua arma também. Golpes violentos, per<strong>da</strong> de tempo precioso<br />

e uma multidão de feras acumula<strong>da</strong>s à sua volta. O ferimento já estava fechado;<br />

a armadura de luz curou seu corpo. Destruiria uma porção deles antes de<br />

partir.<br />

Atazon farfalhou as asas magníficas, afastando os inimigos que temiam<br />

aos anjos. Os ferimentos, inúmeros, estranhamente não causavam dor. Coisa<br />

esquisita estava acontecendo naquela noite. Devido às regras rigorosas<br />

impostas à Batalha Negra, sabia que não deixaria o campo com vi<strong>da</strong>. Na<br />

próxima luta, estaria batalhando nas trevas. Não pôde, entretanto, negar aju<strong>da</strong><br />

a um anjo honrado e merecedor de tantas vi<strong>da</strong>s. Sabia que a tarefa não seria <strong>da</strong>s<br />

mais fáceis. Conhecia Khel; enfrentara-o várias vezes. O cão era ardiloso e<br />

desonesto, mas Thal faria o mesmo por ele. Tocou o chão, ajoelhou na grama,<br />

respirou. Uma chuva de cães direcionou-se a ele. Abriu as asas, brandiu a<br />

espa<strong>da</strong> e alçou vôo, rompendo caminho entre os anjos negros antes que a<br />

matilha pusesse os dentes em cima dele. Cães imundos. No céu livre, viu acima<br />

dele um teto vermelho formado pelos demônios alados que mantinha a cúpula<br />

fecha<strong>da</strong>, como se pretendesse matá-los por asfixia. Atazon alcançou um lugar<br />

que nenhum guerreiro parecia pretender, mas antes que pudesse descansar,<br />

percebeu centenas de feras ala<strong>da</strong>s despregando-se <strong>da</strong>quele teto, como gotas<br />

envenena<strong>da</strong>s, vindo no seu encalço. A espa<strong>da</strong> chocou-se contra outras tantas;<br />

era um lutador hábil; aniquilara três criaturas. Então, a primeira espa<strong>da</strong><br />

penetrou em sua perna. Tentando destruir o agressor, mais outra e mais outra<br />

profanaram seu corpo, rompendo músculos e causando dor agu<strong>da</strong>. Começou a<br />

perder altura com veloci<strong>da</strong>de, enquanto ca<strong>da</strong> vez mais feras despregavam do<br />

teto, envolvendo-o numa casca viva e gargalhante, com o propósito de o retirar<br />

<strong>da</strong> existência para a luz. Sabia que o fim se avizinhava. Continuou caindo.<br />

Perdeu a espa<strong>da</strong>, e o corpo pesado bateu forte contra o gramado. Se possuísse<br />

ossos como os humanos, estaria reduzido a pó. Talvez fosse melhor do que<br />

aquela dor fenomenal que consumia a consciência. Cães ferozes arrancavam sua<br />

pele; a espa<strong>da</strong> há muito se perdera. Levando a mão à cintura, encontrou a<br />

trombeta. Em seus últimos instantes de consciência, tentava fazê-la funcionar.

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