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tempo, que seria perfeitamente natural que o mortal o enxergava<br />
completamente. Passou a mão no rosto lívido de Gregório, acariciando-o com<br />
ternura angelical. Gregório retribuiu com um sorriso. Thal pousou a outra mão<br />
no tórax do rapaz, enviando luz, aliviando a dor para que morresse na mais<br />
serena paz. O anjo levantou-se. Lembrou-se do campo de batalha, que clamava<br />
seu nome. Não transpirava mais ternura. Por culpa <strong>da</strong>queles demônios<br />
imundos, vi<strong>da</strong>s preciosas estavam sendo ceifa<strong>da</strong>s naqueles dias. Isso tinha de<br />
acabar... acabar agora. Sua energia se intensificara e se concentrara a tal ponto<br />
que, olhando ao redor, notou que os humanos podiam vê-lo. Havia se revelado.<br />
Não sabia como explicar, mas a energia aumentava descontrola<strong>da</strong>mente.<br />
Não conseguia condicioná-la em corpo celeste, transbor<strong>da</strong>ndo, tornando-o<br />
visível até a um cão cego.<br />
Ninguém tinha entendido quando Gregório, caído e sangrando, abriu<br />
um grande sorriso. Aproximaram-se do corpo do homem, para certificar-se de<br />
que havia realmente morrido, já que cessara os movimentos. Pela quanti<strong>da</strong>de<br />
de tiros, Tatá calculava que tinham gastado até a última bala no corpo do<br />
jovem. Pensava em acudi-lo quando aconteceu uma explosão surpreendente.<br />
Instantes depois, quando o ambiente voltava ao normal, notaram uma criatura<br />
curva<strong>da</strong> acima do corpo de Gregório. Tatá, observando o rosto dos outros<br />
homens, concluiu que não era só ele que estava vendo aquilo... não estava<br />
louco. Parecia que a cabeça de todos eles estava para cair do pescoço tamanho o<br />
espanto. Se estivesse sozinho, acharia que também tinha morrido e agora via<br />
coisas. Gregório, resistindo à morte, ergueu a mão tentando alcançar o amigo<br />
iluminado, mas não encontrou força suficiente no corpo agonizante.<br />
Pablo sentiu o coração acelerar ao ver aquela criatura ilumina<strong>da</strong>, bem na<br />
sua frente, acariciando sua vítima. Parecia um... um anjo! Por Deus! Estava<br />
ficando louco?! Quer dizer que os pesadelos eram ver<strong>da</strong>deiros!<br />
Thal passou a mão por baixo <strong>da</strong> nuca de Gregório, erguendo a cabeça<br />
para que o homem pudesse admirá-lo. Sabia que para os humanos a visão de<br />
criaturas celestiais trazia conforto. Logo terminaria. Soltou Gregório; precisava<br />
partir. O homem morreria em paz, era o mínimo que poderia lhe proporcionar.<br />
Estava livre agora, livre para vingá-lo e vingar seus irmãos. O anjo levantouse.<br />
Havia gente demais ali; poderia eliminá-los para não ter problemas, para<br />
vingar o humano, mas estava farto de mortes.<br />
Os homens sabiam que ele era um anjo. Um anjo, bem ali, na frente<br />
deles. Talvez, inconscientemente, resolveram se aproximar e viram a cara <strong>da</strong><br />
criatura de luz se alterar, expressando raiva.<br />
— Saiam de perto dele! Deixem o homem em paz! Afastem-se agora.<br />
A voz do anjo parecia metal retinindo, assustadora, diferente de tudo o