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campo visual, Tatá localizou Gregório.<br />
— Eu só quero o rapaz de volta! — gritou.<br />
Deu alguns passos para dentro. À esquer<strong>da</strong>, um homem nervoso<br />
empunhava frouxamente a espingar<strong>da</strong>. Se não estivesse enganado, aquele<br />
cara era filho do falecido Boa. Não era perigoso, estava congelado, pronto para<br />
mijar nas calças. Estava preocupado com os rostos estranhos que via no meio<br />
<strong>da</strong>queles caras esquisitos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
bom.<br />
— Que timinho de primeira tá aqui, hein? — disse Edu. — Só tem sangue<br />
Pablo, com a pistola ergui<strong>da</strong> e aponta<strong>da</strong> para Tatá, deu dois passos para<br />
frente, chacoalhando o sobretudo.<br />
—Ninguém leva o porra-louca <strong>da</strong>qui.<br />
—Não sei quem você é, cabeludo, mas acho que não me escutou direito.<br />
Sou <strong>da</strong> polícia. Fica na sua, só quero levar o cara. Vocês deixaram uma<br />
porção de gente com medo lá na igreja.<br />
—Quem não escutou foi você. Não tenho medo de policial cuzão<br />
nenhum. Se não querem morrer, é melhor você e seu amiguinho caipira<br />
largarem as armas...<br />
—Seqüestro é crime sério, amigão... — advertiu Edu.<br />
—Matar cana também é!<br />
Pablo estendeu o braço e disparou, acertando Arthur no abdome.<br />
Arremessou-se ao chão, evitando o primeiro disparo <strong>da</strong> arma de Edu. Rolou<br />
para o lado, protegendo-se atrás de um pneu de trator. Tatá caiu com Arthur. O<br />
homem começou a sangrar. O desgraçado do cabeludo queria ter acertado os<br />
dois, o investigador e o comparsa. Antes de levantar, ouviu uma saraiva<strong>da</strong>.<br />
Tatá certificou-se de que não estava ferido. À direita, viu Edu atingido e<br />
gemendo. Arrastou-se com ele até um abrigo e levantou, procurando o<br />
cabeludo. Arthur estava imóvel, provavelmente morto. Gregório estava<br />
abaixado no canto do celeiro, protegido por fardos de feno.<br />
Tatá saiu do esconderijo. Ao entrar, contando com Arthur, havia oito<br />
pessoas no celeiro, porém notou mais gente entrando por outra porta.<br />
Quantos? Não sabia. O problema é que a maioria era gente de Belo Verde;<br />
conhecia quase todos pelo nome. Que faziam, por que estavam armados? Os<br />
inimigos escoravam-se contra colunas e montes de madeiras provenientes <strong>da</strong><br />
loja do velho Gê. Acertou um na perna; era o Romeu; ele o conhecia. Não<br />
queria matar ninguém sem saber o que estava acontecendo. Romeu, caído,<br />
começou a espernear. Tatá não estava comovido; "antes ele do que eu" era sua