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Ney.<br />
—Cala a boca. Eu vi um braço abrindo aquela porra.<br />
—Eu também vi. — disse Arthur.<br />
— Se vocês viram alguma coisa, vocês vão lá e chequem. — resmungou<br />
Os homens se entreolharam. Todos pareciam apoiar Ney, livrando-se do<br />
problema.<br />
— É fo<strong>da</strong>. Eu vou.<br />
Arthur seguiu o amigo. Os dois passaram por Gregório, sem perceber que<br />
as cor<strong>da</strong>s estavam frouxas.<br />
Ele aguar<strong>da</strong>va um momento de distração para ter uma boa chance de se<br />
man<strong>da</strong>r <strong>da</strong>li inteiro.<br />
Os homens se aproximaram <strong>da</strong> entra<strong>da</strong>, mas o braço não apareceu, o<br />
que só aumentava a tensão. Teria sido um simples curioso? Que depois de<br />
presenciar um bando de gente arma<strong>da</strong> com um cara amarrado num poste<br />
resolvera fugir? Seria encrenca? O único barulho que ouviam era o <strong>da</strong> chuva,<br />
caindo com estar<strong>da</strong>lhaço. Os trovões retiniam como espa<strong>da</strong>s e depois como<br />
tambores gigantes, fazendo a mão tremer. Arthur foi quem chegou primeiro<br />
até a porta. Havia alguém ali, ele tinha certeza. Resolveu verificar com<br />
precaução. Se atravessasse de uma só vez, podia ter um cara esperando para<br />
acertá-lo. Tinha que chegar de mansinho. Encostou-se na parede, ao lado <strong>da</strong><br />
porta. O amigo o imitou. Fez um sinal para que ele esperasse. Chegou bem<br />
perto <strong>da</strong> porta e enfiou a cabeça para fora. A chuva impedia de enxergar direito,<br />
ain<strong>da</strong> mais porque o vento jogava os pingos pra dentro do celeiro, direto em<br />
sua cara. Entretanto, a chuva não reduzira seu tato, o que pôde confirmar<br />
quando um cano de revólver frio tocou sua cabeça. Recobrando o foco,<br />
reconheceu quem o empunhava. Era o investigador de polícia.<br />
—Tatá?<br />
—Arthur, cê tá numa encrenca, meu chapa.<br />
Tatá puxou-o para fora. Tomou a espingar<strong>da</strong> e jogou-a na lama. Torceu o<br />
braço do homem, mantendo-o preso às costas. Arthur seria seu escudo para<br />
libertar Gregório <strong>da</strong>quela confusão.<br />
—Num entra lá, Tatá, os caras são malucos. Vão te matar.<br />
—Cala a boca, Arthur.<br />
Tatá empurrou-o, apertando e torcendo o braço ain<strong>da</strong> mais. Arthur<br />
soltou um grunhido de dor. Entraram pela mesma porta. Tatá e Edu ouviram<br />
armas sendo engatilha<strong>da</strong>s, prontas para disparar. No canto esquerdo de seu