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tornando os corpos dos anjos enfraquecidos brilhantes e ca<strong>da</strong> vez mais<br />
recuperados, viçosos. O campo continuava limpo de guerreiros. Centenas de<br />
corpos de anjos de luz jaziam no pasto. O coração de Mael parecia urrar ca<strong>da</strong><br />
vez que seus olhos varriam o gramado. Quantos amigos...<br />
O céu gemeu. Relâmpagos banharam de luz a face dos guerreiros. Gotas<br />
d’água começaram a cair na terra. Um vento forte cruzou o campo de batalha.<br />
As espa<strong>da</strong>s aguar<strong>da</strong>vam as novas tropas do mal. A chuva desabava cadencia<strong>da</strong>.<br />
Troveja<strong>da</strong>s e relâmpagos pareciam comemorar a proximi<strong>da</strong>de do fim <strong>da</strong>quele<br />
tormento. Os anjos dos dois pelotões restantes insistiam em manter a face dura<br />
e um falso entusiasmo, um tentando motivar o outro. E aquela pausa só fazia<br />
drenar-lhes a bravura. Tinham muito tempo para fitar a muralha de olhos<br />
satânicos à beira <strong>da</strong> floresta. O que tramavam as feras? O que aguar<strong>da</strong>vam?<br />
Mael destacou dois anjos: Yahel e Matatees.<br />
— Vão e tentem contá-los, tentem descobrir quantos restam. Podemos<br />
vencê-los ain<strong>da</strong>, mas precisamos conhecer o inimigo. — pediu Mael, tentando<br />
encontrar um argumento empolgante.<br />
Os anjos decolaram lentamente, voando rente ao pasto. A chuva<br />
aumentara e urrava em seus ouvidos. O mar de olhos vermelhos continuava<br />
impressionante. Parecia que os anjos não tinham derrotado um demônio<br />
sequer. Estavam todos rindo à beça do arremedo do Exército de Luz. As feras<br />
estavam dividi<strong>da</strong>s em grandes blocos, o que facilitava a tarefa. Ain<strong>da</strong> restavam<br />
demônios demais.<br />
Dez e cinqüenta e cinco <strong>da</strong> noite.<br />
Gregório recobrava a clareza dos pensamentos minuto a minuto.<br />
Lembrava-se por que estava enfrentando dificul<strong>da</strong>des para manter-se<br />
acor<strong>da</strong>do. Jessup tinha aplicado uma dose generosa de sonífero. Não fazia<br />
idéia, no entanto, de como fora parar ali, naquele estranho celeiro, com aquele<br />
monte de amalucados em volta mantendo-o de olhos abertos. Os estranhos<br />
sons, o tamborilar no telhado e as explosões eram resultado de uma violenta<br />
tempestade que castigava a ci<strong>da</strong>de. Lembrou-se do milharal. A chuva. Os olhos<br />
ro<strong>da</strong>ram pelo celeiro. Lembrou que poderia erguer um trator se tocasse a água<br />
<strong>da</strong> chuva. Aqueles malditos teriam uma surpresa se conseguisse. Havia uma<br />
janela distante por onde gotas de chuva entravam. Como a janela estava no<br />
alto, quase to<strong>da</strong> a água caía no mezanino, e apenas um pouco vinha ao chão<br />
para formar uma pocinha. Se conseguisse alcançá-la... Olhou para a direita; o<br />
chão estava molhado pertinho dele. Podia alcançar essa outra poça com mais<br />
facili<strong>da</strong>de. Um cheiro de ceva<strong>da</strong> fermenta<strong>da</strong> invadiu-lhe as narinas. Aquilo<br />
não era água <strong>da</strong> chuva, era a cerveja que lavara seu rosto. Já desistia quando<br />
notou a poça estremecer. Pequenos círculos concêntricos formaram-se por um