12.04.2013 Views

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

lata iniciou uma série de piscadelas e ergueu a cabeça. De olhos fechados,<br />

resmungou, tossiu e despertou.<br />

Pablo continuou esguichando as cervejas até ter certeza de que ele estava<br />

acor<strong>da</strong>do. Deu alguns tapas no rosto, agarrou-o pelos cabelos e ergueu a face.<br />

— Acordou?<br />

Gregório tentou balbuciar alguma coisa e abriu os olhos. Estava de pé,<br />

pisando em algo que parecia chão de terra, pois sentia o atrito de areia na sola<br />

<strong>da</strong>s botas. A cabeça estava dentro de uma colméia. Ouvia panca<strong>da</strong>s ritma<strong>da</strong>s; os<br />

olhos pareciam cheios de areia. Sono. Um tambor sob os ouvidos; um som<br />

ruim que vinha de todos os lados; tinha dificul<strong>da</strong>de para ordenar as idéias. Um<br />

desafio. A igreja... lembrava-se do último lugar onde estivera, mas onde estava<br />

agora? Uma dor forte vinha dos pulsos. À medi<strong>da</strong> que recobrava a consciência,<br />

mais dor ele sentia. Primeiro, os pulsos, o lugar mais dolorido, depois as costas<br />

e o peito. Tentou apoiar nos pés, mas era difícil, faltavam forças. Por vezes,<br />

quase adormecia, mas o sofrimento era insuportável. Se conseguia erguer a<br />

cabeça, sentia náuseas.<br />

— E aí, espertinho? Tá doendo, não está? — perguntou Pablo.<br />

Sobressaltado, bateu a cabeça com força contra o poste em que<br />

estava amarrado. Amarrado? Imaginava-se sozinho até então, mas<br />

aquela voz... ele conhecia aquela voz... era uma pessoa... sua vi<strong>da</strong> antiga e<br />

anuvia<strong>da</strong>... ele era um amigo... talvez... talvez estivesse ali para salvá-lo. A<br />

cabeça pendeu para frente. Estava fora de si, embriagado. O doutor... ele havia<br />

aplicado uma injeção. Era isso. Mas por que diabos estava amarrado?<br />

— Sabia que já era pra você tá mortinho? — perguntou o homem de voz<br />

familiar. Aos poucos, Gregório ia recuperando a consciência. — Se não fosse<br />

por uns chegados seus, você já teria ro<strong>da</strong>do. Gostou <strong>da</strong> visita do Jeff? Eu que<br />

agendei pra você.<br />

Ouviu risa<strong>da</strong>s. Tinha muito mais gente. O tambor sinistro continuava<br />

tamborilando, tamborilando. Um barulho de explosão. Onde estou?<br />

perguntou-se. O mundo apagou e uma imagem veio à cabeça.<br />

Anjos. Muitos anjos. Ele passava entre eles. Enfileirados. Olhando-os<br />

nos olhos. Eram anjos. Tinham expressões que revelavam coisas benignas.<br />

Tinham coloração bronzea<strong>da</strong>, cintilante. Possuíam aura, possuíam asas<br />

maravilhosas. Pareciam aguar<strong>da</strong>r um sinal. Estava experimentando uma<br />

sensação relaxante quando um relâmpago irrompeu em seus devaneios. Devia<br />

ter gritado, pois os homens riam. Seriam eles? Do mesmo modo que vira os<br />

anjos, agora via demônios enfileirados, esperando. Eram diferentes tipos de<br />

demônios, mas reconheceu aqueles que o atacaram na fazen<strong>da</strong>. Eram

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!