12.04.2013 Views

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 05<br />

SAMUEL ESTAVA DEITADO em sua rede na varan<strong>da</strong>. Fitava o céu<br />

demora<strong>da</strong>mente. Via a lua cheia, prepara<strong>da</strong> para abocanhar as espigas verdes.<br />

Já era madruga<strong>da</strong>, e ele insistia na vigília. Tinha um olhar com ar esperançoso,<br />

em busca do desejado. Estava quente demais para dormir, e a cabeça iniciava a<br />

atormentá-lo, povoando seus pensamentos com coisas estranhas e trágicas.<br />

Não choveria. Teria de arren<strong>da</strong>r parte <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>, boa parte <strong>da</strong>s terras, isso era<br />

ver<strong>da</strong>de. Nenhuma nuvem no céu. Estrelas tremeluzentes, incontáveis,<br />

deslumbrantes. Continuou a vigília e então, olhando para aquele céu lindo,<br />

mas sem nuvens, adormeceu.<br />

Durante o dia, o céu estava magnífico, de um azul límpido e cheio de<br />

vi<strong>da</strong>. Uma bela paisagem e uma triste certeza. Naquele dia, não haveria<br />

chuva.<br />

Samuel levantou-se e tomou um rápido café. Calçou a bota de couro<br />

surra<strong>da</strong> e saiu. Berrou um tchau para Vera e subiu no jipe. Em meia hora,<br />

chegou à ci<strong>da</strong>de.<br />

No reduzido centro comercial, Samuel estacionou o jipe ao lado do<br />

armazém. A pé, atravessou a rua, dirigindo-se à madeireira. Entrou no galpão<br />

feito de madeira, com máquinas trabalhando barulhentas, serrando e lixando<br />

várias peças de madeira bruta. O pé afundou na serragem, <strong>da</strong>ndo uma<br />

sensação gostosa. Lembrou as inúmeras vezes que estivera ali quando o pai<br />

vinha encomen<strong>da</strong>r pequenos consertos e bancos novos para a capelinha.<br />

Aspirou fundo o cheiro <strong>da</strong> madeira.<br />

— Samuel! O Samuel! Vem aqui, garoto! — berrou Genaro, do<br />

mezanino.<br />

Genaro era o dono <strong>da</strong> madeireira. Samuel conhecia o velho desde<br />

pequeno e lembrava que ele era velho desde aquele tempo. Subiu as<br />

esca<strong>da</strong>rias apressado. Genaro, com os óculos pregados à testa, observava-o com<br />

um sorriso no canto <strong>da</strong> boca, debruçado no corrimão do mezanino.<br />

—E então, seu velho gordo, onde estão minhas madeiras?<br />

—Quase prontas, rapaz. Pare de malcriação; se seu pai estivesse vivo,<br />

lhe <strong>da</strong>ria umas boas palma<strong>da</strong>s.<br />

—Não precisa correr, Gê. Preciso <strong>da</strong>s madeiras para a próxima<br />

semana. Vou iniciar a reforma do celeiro; vai ficar uma beleza. — Samuel<br />

agarrou um toquinho no chão; enquanto conversava com Gê<br />

sobre as medi<strong>da</strong>s do material, brincava com o objeto.<br />

Os dois homens continuaram tagarelando um bocado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!