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meio do vespeiro, <strong>da</strong> arena romana, surgiram três anjos carregando dois<br />
desmaiados. Voavam velozmente. Lá no meio, a coisa estava brava. Tantos<br />
anjos no chão! Pouquíssimos demônios jaziam imóveis, mortos. A maioria absoluta<br />
compunha-se <strong>da</strong>queles anjos, próximos a ele. Novamente, entendeu o<br />
porquê, com um audiovisual muito esclarecedor. Um anjo, bastante<br />
machucado, à altura do chão, conseguiu enfiar a espa<strong>da</strong> to<strong>da</strong> no peito de um<br />
demônio alado. Ao cair, aparentemente morto, transformou-se numa colori<strong>da</strong><br />
esfera fumegante, desaparecendo com o vento. Avançou a visão para além <strong>da</strong><br />
batalha. Inacreditável! Havia um mar de demônios avermelhados amontoandose<br />
à margem <strong>da</strong> floresta. Ain<strong>da</strong> para dentro <strong>da</strong> mata, ele podia perceber<br />
incontáveis luzinhas vermelhas, ondulando, aguar<strong>da</strong>ndo a hora de avançar<br />
pelo pasto, palco do confronto. Eram os olhos <strong>da</strong>s feras. Não podia contar,<br />
mas tinha a impressão de que eram cem vezes mais do que os anjos de luz.<br />
Repentinamente, foi atacado por uma fúria violenta. Os demônios o tinham<br />
usado. Fora seduzido. Quem disse que ele era um demônio também? É ver<strong>da</strong>de<br />
que um anjo tentara matá-lo, mas, percebendo um senso de injustiça pairando<br />
no ar, decidiu se divertir um pouquinho. O que tinha a perder? Era um<br />
vasilhame sem alma. Já estava morto... Repetiu o salto, alcançando<br />
rapi<strong>da</strong>mente o pasto à frente. Desta vez, caminhou devagar. Não sabia se ao<br />
menos conseguiria mover-se mais rápido do que aqueles seres poderiam<br />
acompanhar. Na ver<strong>da</strong>de, preferiu introduzir-se lentamente para não causar<br />
muito espanto. Os ânimos estavam alterados demais. Poderiam supô-lo<br />
inconveniente. Assassinável.<br />
Samuel aproximou-se do exército iluminado e notou que estava dividido<br />
em grupos, em pelotões. Os anjos viram o homem pálido e olhavam-no mais<br />
curiosos do que assustados. Sabiam que era um homem sem alma, um vampiro.<br />
A maioria dos anjos já tinha visto uma criatura <strong>da</strong>quela antes, mas era<br />
inevitável o ligeiro espanto e desconforto. Muitos anjos conheciam a natureza<br />
<strong>da</strong>quelas criaturas; não eram obstinados fazedores do mal. Eram tristes, sem<br />
alma, sem luz, vítimas dos demônios guerreiros. Que fazia ali? Se estivesse sob<br />
o domínio de algum demônio, poderia causar transtornos. Quando novos na<br />
vi<strong>da</strong> escura, eram facilmente seduzidos... pelo bem e pelo mal... extremamente<br />
instáveis e imprevisíveis. Esse era o problema com os vampiros...<br />
Samuel dirigiu-se para o grupo de anjos feridos, algo em torno de quinze.<br />
A maioria estava deita<strong>da</strong> por cima <strong>da</strong>s asas, inconscientes. Outros tantos,<br />
deitados, acor<strong>da</strong>dos, respirando rapi<strong>da</strong>mente. Todos diferiam em uma coisa<br />
dos sol<strong>da</strong>dos que aguar<strong>da</strong>vam em pé: suas peles estavam diferentes. Samuel<br />
percebeu que não resplandeciam como a dos anjos saudáveis, que mantinham<br />
a pele acobrea<strong>da</strong>, naturalmente reluzente. Os anjos feridos traziam a pele<br />
escura, que não lembrava a cor do cobre nem possuíam brilho algum. Porém,<br />
ambos os grupos apresentavam uma coisa interessante em comum. O