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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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o bem e o mal. Jeová e Satanás em mais uma que<strong>da</strong> de braço, mas uma<br />

importante que<strong>da</strong> de braço. A noite cheirava a sangue.<br />

Sangue.<br />

Samuel queria mais sangue.<br />

Estava no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Eram nove horas <strong>da</strong> noite, deveria haver<br />

gente por ali, mas estranhamente, as ruas estavam desertas. Será que já o<br />

temiam? Desconfiou que este, por enquanto, ain<strong>da</strong> não era o ponto.<br />

Abandonara o corpo do gordo Doglinhas junto a um eucaliptal, próximo às<br />

cercas que delimitavam o sítio do velho Gê, o satanista oculto de Belo Verde.<br />

Mais sangue traria mais energia para aquele momento, to<strong>da</strong>via somente o<br />

tempo traria o ver<strong>da</strong>deiro poder. A criatura <strong>da</strong> noite sabia disso. Levaria muito<br />

tempo para fortalecer-se ver<strong>da</strong>deiramente. Muito sangue ain<strong>da</strong> iria rolar.<br />

Escalou a parte lateral do supermercado, obtendo, lá de cima <strong>da</strong> letra S,<br />

uma excelente visão <strong>da</strong>s poucas ruas centrais. Os ouvidos aguçados não<br />

captavam nenhum barulho denunciador, nem as narinas alcançavam o cheiro<br />

do precioso combustível. Ninguém sangrava ali perto. Saltou <strong>da</strong> letra S,<br />

velozmente ao chão, mas era como se fosse feito de vento, como uma pluma.<br />

Não produzia barulho nem impacto. Não possuía peso; era mágico. Era sedutor<br />

imaginar. E este era apenas um de seus novos poderes. Ele misturava-se nas<br />

sombras, caminhando invisível. Caminhando como um mago.<br />

Samuel olhou para o céu e, pela primeira vez, se deu conta <strong>da</strong>quela luz<br />

incomum. Um portentoso facho corria para o firmamento, como um gigantesco<br />

cordão umbilical cintilando e trocando suas cores maravilhosamente. Como<br />

não percebera antes? Prestando mais atenção, mais longe, beirando a linha<br />

do horizonte, ele podia perceber outros fachos. De menor intensi<strong>da</strong>de e luz<br />

que o primeiro, mas numerosos. Contou, considerando os quase invisíveis:<br />

quase trinta. Intrigado, esgueirou-se em direção ao facho e descobriu que vinha<br />

<strong>da</strong> igreja de Belo Verde. Descobriu também por que a ci<strong>da</strong>de se encontrava<br />

vazia. Todos estavam ali! Se não ali, estavam na outra igreja, aquela que o<br />

acolhera tão generosamente. Para trás do templo, onde começava uma nova<br />

fazen<strong>da</strong>, Samuel notou algum movimento. Mais rápido do que os humanos<br />

poderiam acompanhar, alcançou o telhado <strong>da</strong> igreja. O que via era<br />

indescritível. Seus olhos encheram-se de anjos e demônios. Eles se digladiavam<br />

furiosamente, selvagens. Próximo à igreja, já no pasto <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>, era o quartelgeneral<br />

dos anjos de luz, presumiu. Centenas de anjos, em pé, aguar<strong>da</strong>ndo um<br />

sinal. Ao lado deste pelotão garboso e iluminado, ajuntava-se uma pequena<br />

quanti<strong>da</strong>de de anjinhos-<strong>da</strong>-asa-quebra<strong>da</strong>. O vampiro quase sorriu com seu<br />

modo de pensar. Eram sol<strong>da</strong>dos feridos. Teriam escapado <strong>da</strong> morte,<br />

capengando lá do meio do pasto? Viu sua pergunta respondi<strong>da</strong> quando, do

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