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Realmente, podia sentir sua força aumentar. Poderia resistir sempre mais às<br />
investi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s feras e até ser seriamente ferido sem medo ou dor. As feri<strong>da</strong>s<br />
sarariam. Mas quanto tempo suportaria aquelas investi<strong>da</strong>s violentas? Era isso<br />
que não conseguia equacionar.<br />
Taguinel desviou-se de um demônio alado. Não queria os pequenos.<br />
Preocupou-se em enterrar a espa<strong>da</strong> no tórax de um anjo negro que, por sua<br />
vez, estava ferindo um anjo de luz. Taguinel não encontrou resistência ao<br />
perfurar as costelas do anjo, percebendo sua espa<strong>da</strong> explodir do outro lado. O<br />
anjo negro encarou-o, perdendo o brilho do rosto e as palavras. Taguinel<br />
retirou a espa<strong>da</strong>, e, antes que o anjo negro atingisse o pasto, seu corpo<br />
desmaterializou, transformando-se numa bola de fumaça amarela, cheirando a<br />
enxofre. Taguinel não teve tempo de vislumbrar seu feito. A ca<strong>da</strong> golpe,<br />
investi<strong>da</strong> e transfixação (que resultava na morte de um demônio), um novo anjo<br />
negro surgia. Taguinel sentiu uma fisga<strong>da</strong> dolori<strong>da</strong> na panturrilha direita. Um<br />
demônio alado, dos pequenos, tentava engoli-lo pela perna. Taguinel distraiuse<br />
dois segundos para retirá-lo e foi despertado por uma espa<strong>da</strong> atravessando o<br />
lado esquerdo do peito. O anjo rugiu de dor. Ao despencar, a espa<strong>da</strong> saiu de<br />
seu corpo. O anjo negro pairou um segundo, admirando o resultado do<br />
ataque. Taguinel sentiu a armadura brilhar: a dor reduziu. Havia alguém<br />
orando por ele. Desceu até tocar o chão. A grama verde. Antes de decolar,<br />
precisou destruir dois cães vermelhos que pularam com bocas gigantes,<br />
prontos para engolir sua cabeça numa única denta<strong>da</strong>. Olhou em volta; via<br />
dezenas de anjos de luz desfalecidos no chão, aparentemente mortos. Bem<br />
ali, enrolado em seus pés, o anjo Miguel estendia a mão. Estava bastante<br />
ferido e uma asa praticamente arranca<strong>da</strong>, pendura<strong>da</strong> por restos de nervos e<br />
peles, tingindo a túnica azula<strong>da</strong> de sangue celeste. Taguinel agarrou-o, pôs<br />
Miguel nos ombros e zarpou. Desviando-se de centenas de anjos negros<br />
ocupados com seus irmãos, abandonou o fervor <strong>da</strong> batalha, o vespeiro.<br />
Thal viu um dos seus sol<strong>da</strong>dos deixando a batalha, recuando. Voava<br />
rapi<strong>da</strong>mente, rasteiro, quase tocando o pasto, carregando um anjo nos ombros.<br />
Assim que aproximou um pouco mais, notou que se tratava de Taguinel, já com<br />
vários ferimentos. O anjo depôs Miguel no gramado próximo à concentração<br />
de guerreiros de luz e lançou um olhar demorado para o segundo batalhão.<br />
Três anjos foram ao encontro do guerreiro caído. Taguinel zarpou para a<br />
Batalha Negra, onde muitos irmãos já abandonavam a luz.<br />
Taguinel adentrou profun<strong>da</strong>mente o vespeiro. Gritava enlouquecido,<br />
tentando intimi<strong>da</strong>r quem à sua frente aparecesse. Lutava bravamente; os<br />
irmãos no alto já eram poucos. Muitos, feridos, digladiavam desespera<strong>da</strong>mente<br />
contra os cães à altura do chão. O coração doía, percebendo que o fim de sua<br />
fúria se avizinhava e que, provavelmente, num próximo episódio estaria<br />
aju<strong>da</strong>ndo as forças adversárias. Decapitou um anjo negro com um único e