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<strong>da</strong> impotência dos humanos em evitar o ataque de criaturas que não<br />
vêem. Os humanos apenas perceberão o momento em que suas almas<br />
estiverem sendo retira<strong>da</strong>s dos corpos quando a escuridão se abater sobre<br />
seus destinos. O coração pára; o sangue congela; a pele empalidece,<br />
abandonando para trás uma casca vazia. Resquícios de lembranças, uma<br />
herança geralmente maligna, destruidora e proliferante. Vampiros. Thal olhou<br />
em direção à floresta. O oceano de lanternas vermelhas permanecia imóvel.<br />
Arrepiou-se ao imaginá-lo despregando-se do horizonte e avançando<br />
implacável para cima de seu diminuto exército como uma on<strong>da</strong> de maremoto,<br />
todos ao mesmo tempo: pelo céu, pela terra, pelos lados, pelas costas, como<br />
água de represa rompi<strong>da</strong>. Em poucos minutos, tudo estaria acabado. Se ao<br />
menos Vuhtiel tivesse aceitado... os anjos seriam mais que o dobro. O exército<br />
oriental geralmente agrupava mil e seiscentos homens para batalhas auxiliares.<br />
Com um número assim, teriam muito mais chances: aproxima<strong>da</strong>mente oito<br />
demônios para ca<strong>da</strong> anjo. Um número mais aceitável, muito mais justo. A<br />
reali<strong>da</strong>de, no entanto, era outra: quase vinte pra um, uma conten<strong>da</strong> sem<br />
precedentes. Admirava o chão, olhando comovido para a grama verdinha,<br />
quando a voz de Alanca o despertou. Thal olhou para a floresta. Uma<br />
gotícula havia se desprendido do oceano. Um par de olhos vinha em sua<br />
direção. Um único demônio voava ou corria rasteiro.<br />
— Desembainhar espa<strong>da</strong>s! — vociferou Thal.<br />
A concentração de armas chamejantes tornou a área mais brilhante.<br />
Thal percebeu a armadura recebi<strong>da</strong> pelas orações humanas cintilar,<br />
envolvendo todo o corpo e asas. Realmente, parecia armadura. Ora<br />
acinzenta<strong>da</strong>, ora avermelha<strong>da</strong> e cadencia<strong>da</strong> pelo facho de luz que escapava <strong>da</strong><br />
igreja.<br />
O demônio galopava bastante próximo. Era um cão. O cão Khel. O<br />
inimigo direto de Thal, portador do mal que devorava aquela ci<strong>da</strong>de. Que<br />
transformara Samuel. Maldito!<br />
—Seus homens são insuficientes, general! — praguejou. — Estamos<br />
prontos para iniciar a batalha. A partir de agora, temos vinte e quatro<br />
horas terrestres para destruí-lo e tomarmos nossas almas...<br />
—As almas não são suas, criatura fraca! — retrucou Thal.<br />
O cão rugiu, esticando o dorso, como gato acuado, expelindo o<br />
característico odor ao abrir a bocarra. Era grande, imponente e exemplificava a<br />
fúria guar<strong>da</strong><strong>da</strong> dentro de todos os cães que viriam para cima deles.<br />
— Eu, criatura fraca? Você, Thal, que é o ponto nesta batalha,<br />
descobrirá cm poucos minutos o que é ser fraco. hahaha! Ah! Hoje, na<strong>da</strong>