You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
grupos aguar<strong>da</strong>vam ansiosamente o início <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong>. Até o momento, Thal<br />
não havia se mostrado.<br />
Estavam atrás <strong>da</strong> igreja, afastados uns 150 metros, à margem do centro<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, beirando o pasto <strong>da</strong> primeira fazen<strong>da</strong> de Belo Verde. Era uma<br />
fazen<strong>da</strong> de gado com pequenas áreas onde os boiadeiros se <strong>da</strong>vam ao trabalho<br />
de plantar mandioca, batata e verdura para o próprio consumo. A grande parte<br />
do gado estava resguar<strong>da</strong><strong>da</strong> nos currais. Não mais que dez cabeças circulavam<br />
no pasto gigante, completamente limpo. Ao fundo, alguns quilômetros além,<br />
principiava a floresta. Foi lá que os anjos detectaram os primeiros movimentos<br />
satânicos: um aglomerado de pequenas lanternas vermelhas surgindo à<br />
margem <strong>da</strong> mata. Eram eles, os demônios. As lanternas vermelhas,<br />
chispantes, eram os olhos, perscrutando. O cheiro de enxofre que invadia as<br />
narinas era inconfundível. O medo, congelando as asas, eram eles, gargalhando.<br />
Quantos seriam? Quantos dentes? Quanta agonia estariam trazendo,<br />
guar<strong>da</strong>ndo? Os anjos se perguntavam: Por que estamos carregando tanto<br />
medo? Que poder satânico eles invocavam para que estivéssemos assim,<br />
desejando chorar e desistir. Eu, anjo, vou lutar até meu corpo inteiro se<br />
despe<strong>da</strong>çar, até minha alma desgarrar-se dos desejos <strong>da</strong> Luz, até o último<br />
segundo de minha vontade. É isso que todos nós, anjos, queremos. Tenho<br />
medo, pavor <strong>da</strong> Batalha Negra, porém sentimos o desejo gigantesco de lutar<br />
com to<strong>da</strong> a vontade até o último instante. Defender nosso general, defender a<br />
qualquer custo porque depois dele na<strong>da</strong> haverá para as bestas, apenas as almas<br />
humanas, as hor<strong>da</strong>s de homens sem alma. Ou desejamos lutar apenas porque é<br />
só isso que nos resta? Agora, nesses poucos minutos que nos separam antes<br />
que o hálito pútrido <strong>da</strong>s feras cubra tudo à nossa volta, eu repouso minha mão<br />
na espa<strong>da</strong> fulgurante. Ela treme, pronta para saltar <strong>da</strong> bainha, ganhar vi<strong>da</strong>,<br />
riscar o ar e decepar os cães inimigos. Sinto a energia <strong>da</strong> fé ver<strong>da</strong>deira<br />
chegando e me cobrindo. Esta é minha armadura. É minha vi<strong>da</strong>! Esta é minha<br />
proteção. Minha pele arrepia quando percebo o primeiro par de olhos<br />
desgarrando-se <strong>da</strong>s milhares de lanternas à beira <strong>da</strong> floresta. Arrepia de medo<br />
no primeiro, e no instante seguinte arrepia de ansie<strong>da</strong>de! Quero bater-me<br />
contra aquele par de olhos, arrancar aquela cabeça e vê-la rolar! Como ousa<br />
me enfrentar? Sou guerreiro! Fui feito e criado para isso! Para defender o<br />
Exército de Deus! Quero desfral<strong>da</strong>r as asas e liderar meus irmãos. Mostrar como<br />
se faz. Tenho medo... mas tenho gana por vitória. Minha mão quase não<br />
obedece quando vejo aquele verme galopar para cima de meu exército. Minha<br />
mão quer agarrar a espa<strong>da</strong>, e minhas asas querem me levar. Sou anjo, filho <strong>da</strong><br />
luz, sou filho do Pai e na<strong>da</strong> temerei. Mesmo que caminhe no vale <strong>da</strong>s sombras e<br />
<strong>da</strong> morte... na<strong>da</strong> temerei. Meu nome é Miguel, e agora meu sangue congela.<br />
Estou na primeira fila de ataque. Estendo as asas, tenso. Será esta a hora do<br />
primeiro ataque? Nenhuma trombeta de ordem é aciona<strong>da</strong>. Meu coração bate<br />
forte. Quero ir, mas preciso <strong>da</strong> ordem. Recolho as asas. A fera se aproxima. É