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Capítulo 23<br />
ERAM DEZESSETE HORAS quando os anjos dispostos a lutar apresentaram-se<br />
junto à torre <strong>da</strong> igreja de Belo Verde. Thal ain<strong>da</strong> não estava entre eles. O anjo<br />
mais velho e experiente do grupo assumiu a responsabili<strong>da</strong>de de manter o<br />
exército organizado para o início <strong>da</strong> batalha.<br />
Dentro <strong>da</strong> igreja, apertavam-se aproxima<strong>da</strong>mente quinhentas pessoas<br />
orando, empenha<strong>da</strong>s em fortalecer seus protetores que travariam terrível<br />
batalha em suas terras. O facho de luz que se desprendia <strong>da</strong> torre já era<br />
potente e vivo, porém os olhos humanos não captavam aquela lin<strong>da</strong> visão. O<br />
poderoso raio de luz tinha, aproxima<strong>da</strong>mente, um metro e meio de raio,<br />
demonstrando força e viva intensi<strong>da</strong>de. Re-fulgia colorido, energético,<br />
passando gradualmente do verde até o laranja, indo então para o amarelo e o<br />
prata puro. Não havia como descrevê-lo. Apenas o exército de anjos podia<br />
alimentar-se de tão belo espetáculo, sentindo-se mais protegido e mais<br />
fortalecido para a batalha. O raio explodia para o céu, sumia nas alturas e<br />
voltava para eles em forma de energia pura. Era uma espécie de bateria<br />
gigante, com a energia dividi<strong>da</strong> igualmente para ca<strong>da</strong> combatente. Como ca<strong>da</strong><br />
anjo possuía a sua própria armadura de energia brilhando em cores particulares,<br />
raramente um brilho banhando nas cores do facho de energia cintilava<br />
em torno do corpo dos anjos. Quando isso acontecia, todos os guerreiros<br />
pareciam uniformizados, tendo o saco luminoso resplandecendo em sintonia,<br />
na mesma cor. Um fenômeno rápido, fantasmagórico, lindíssimo. Era como se<br />
momentaneamente eles adquirissem uma armadura medieval, visível.<br />
Quando os anjos lançavam seus olhares para o horizonte, podiam ver<br />
outros fachos de luz singrando o céu e subindo até desaparecer. Sentiam a<br />
energia ser injeta<strong>da</strong> em seus corpos, tornando-os ca<strong>da</strong> vez mais poderosos e<br />
limpando, pouco a pouco, o medo que os martirizava, imbuindo de bravura o<br />
coração <strong>da</strong>queles guerreiros destemidos. Aumentava o desejo de tomar parte<br />
naquela batalha histórica, de defender os irmãos de luz e as almas humanas,<br />
arrancar as espa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> bainha e investir contra as feras escarlates. Os novos<br />
fachos de luz tinham esse poder, subiam do teto de novas igrejas, que, ca<strong>da</strong><br />
vez em maior número, engrossavam a corrente de fé, aju<strong>da</strong>ndo a dissolver o<br />
medo que ain<strong>da</strong> habitava o coração de alguns guerreiros. Nenhum dos que<br />
ain<strong>da</strong> temiam tinha razão para a vergonha. Tinham o direito de temer. A<br />
Batalha Negra não era um confronto comum. Era apavorante. Já houvera<br />
confrontos muito maiores no passado, muito mais anjos cessaram sua<br />
existência de uma só vez. Somados, eram vezes sem número superiores aos<br />
anjos que pereceriam naquela batalha. Porém, em outras guerras, em outros<br />
combates, todos depositavam sua fé no único ser em que poderiam, em que se<br />
baseava a própria existência e a razão. Depositavam sua fé no <strong>Senhor</strong>, no<br />
Deus todo-poderoso, em Jesus, o nazareno. E quando deixavam de existir,