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O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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Teodoro estava nervoso e, na ver<strong>da</strong>de, ouvira alguma coisa também.<br />

Um sonzinho estranho, talvez passos.<br />

—Cadê meu isqueiro, acha aí. Eu também tô ouvindo um negócio.<br />

Começaram a an<strong>da</strong>r em direção à parede dos fundos, próximos às caixas<br />

empilha<strong>da</strong>s, afastando-se <strong>da</strong> porta. André tentou encontrar os fósforos, ou o<br />

isqueiro, mas to<strong>da</strong> vez que abaixava a mão, seus dedos afun<strong>da</strong>vam no musgo e<br />

nas folhas apodreci<strong>da</strong>s, passando uma desconfortante sensação de repugnância.<br />

Os ouvidos aguçaram e a visão começava a se a<strong>da</strong>ptar ao ambiente escuro.<br />

André abaixou, perdeu o equilíbrio e caiu, perdendo a arma no negrume. Os<br />

joelhos afun<strong>da</strong>ram alguns centímetros, como se penetrassem na barriga de<br />

um cavalo morto e podre. Aproveitou a proximi<strong>da</strong>de com o chão e começou a<br />

procurar o isqueiro e os fósforos. De repente, um som de rastejar. André sentiu<br />

o sangue congelar nas veias. Se Teodoro não estivesse ali, teria gritado.<br />

— André? Cadê você, homem? — a voz de Teodoro estava carrega<strong>da</strong> de<br />

ansie<strong>da</strong>de.<br />

Ele ain<strong>da</strong> estava no chão, imobilizado, para ter certeza de que não era ele<br />

quem provocava a barulheira. O som.<br />

—É você, Teodoro?<br />

—Eu na<strong>da</strong>, eu tô quieto.<br />

André se preparava para levantar e correr quando alguma coisa passou<br />

entre seus dedos. Algo cilíndrico. Assustado, retirou a mão, mas arrependeu-se.<br />

Podia ser o isqueiro. Voltou a tatear...<br />

— Vamos sair <strong>da</strong>qui, cara. — disse Teodoro, abandonando o canto e<br />

correndo para onde acreditava ficar a porta.<br />

André concordou imediatamente. Agarrou o cilindro e tentou girar a<br />

pedrinha.<br />

Teodoro chocou-se contra um dos caixotes na tentativa de fuga, bateu a<br />

perna e praguejou umas tantas vezes.<br />

De novo, o ambiente encheu-se com o rumor sinistro, vindo de todos os<br />

lados, como se um gigante os estivesse cercando.<br />

Sem êxito com o isqueiro, André voltou para o chão, em busca <strong>da</strong> arma e<br />

ouviu o som mecânico de Teodoro preparando a agulha <strong>da</strong> espingar<strong>da</strong>. Se<br />

houvesse um intruso ali, estaria correndo o risco de levar bala. Lembrou-se<br />

<strong>da</strong> escuridão: poderia tomar um tiro também.<br />

— Cui<strong>da</strong>do com isso. Eu tô aqui. — alertou.

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