12.04.2013 Views

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Capítulo 22<br />

Os HOMENS VASCULHARAM todos os cômodos <strong>da</strong> velha sede. Eram<br />

quinze para as nove <strong>da</strong> manhã, e, apesar do sol brilhar, dentro <strong>da</strong> casa estava<br />

escuro, e um vento frio percorria os corredores fantasmagóricos, com plantas<br />

cobrindo as paredes. Dez entraram; os outros esperaram do lado de fora,<br />

atentos aos ruídos <strong>da</strong> floresta. Os homens examinaram passo a passo, com<br />

medo <strong>da</strong>s sombras e <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des sinistras que a escuridão trazia: um<br />

cão-demônio, um psicopata, um ladrão de internos dos hospitais. Talvez um<br />

personagem macabro do cinema, carregando um machado afiado,<br />

despe<strong>da</strong>çando intrometidos.<br />

Teodoro, Paulo e André faziam parte do grupo que estava dentro <strong>da</strong> casa<br />

e tentavam manter contato visual a maior parte do tempo. Quando um era<br />

tragado pela escuridão, restava ao outro rezar para que aqueles poucos e<br />

intermináveis minutos passassem logo.<br />

— Está tudo limpo aqui. — disse Jonas, com a espingar<strong>da</strong> ergui<strong>da</strong>.<br />

Os outros, aparentemente tranqüilos, também empunhavam nervosamente<br />

as suas.<br />

— Num tem na<strong>da</strong> aqui, nem um rato sequer. — afirmou Aloísio, um<br />

dos vizinhos.<br />

André afundou seu chapéu de palha na cabeça.<br />

—Bem, vamos para a capela. Talvez tenhamos mais sor... — ia<br />

dizendo.<br />

—Alguém olhou o porão? — perguntou Teodoro.<br />

—Tem porão aqui? — espantou-se Paulo.<br />

—Tem. Eu já tava esquecendo, mas tem. — afirmou Teodoro.<br />

—Quem vai? — André perguntou.<br />

Todos deram de ombros e avisaram aos de fora que não havia na<strong>da</strong> na<br />

casa. Faltava o porão. Circularam a sede e nos fundos acharam uma porta dupla,<br />

a entra<strong>da</strong>. Uma corrente enferruja<strong>da</strong>, com um cadeado velho, trancava a<br />

passagem. Teodoro se adiantou e, antes que alguém perguntasse como entrar,<br />

deu um golpe com a coronha <strong>da</strong> arma bem em cima do cadeado. A porta<br />

balançou mas o cadeado não cedeu. Mais um golpe, e ele arrebentaria. Teodoro<br />

ergueu novamente a espingar<strong>da</strong> e desceu com força. O maldito cadeado<br />

continuou selando a corrente, mas a entra<strong>da</strong> se fez livre quando as portas<br />

podres, não resistindo às investi<strong>da</strong>s, desprenderam-se dos batentes. Quando<br />

retiraram a primeira folha, um vento morno e fétido subiu pelas esca<strong>da</strong>s e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!