O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

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12.04.2013 Views

—Se podem encontrá-lo, por que não podem matá-lo? — perguntou Samuel. —Porque Elias é carne, e nós somos Luz. Infelizmente, esse degrau nos distancia de certas vantagens, como liquidar inimigos inconvenientes, apertando-lhes a garganta. Você, meu irmão, você está na linha média para atender nossos caprichos. Você é mais carne que Luz. A Luz em você é uma centelha, enquanto em nós é uma usina. Com sua carne você pode destruir nossos inimigos. Para encarnarmos e possuirmos a matéria, dispendemos muita energia e nos abrimos para muitos riscos. Agora temos você, nossa arma entre os homens. Parta agora, pois sua jornada será longa. —Onde está minha escolta? Do matagal, dirigindo-se para o centro da clareira, surgiram cerca de trinta demônios corcundas, cobertos por uma capa de pele apodrecida. Exalavam um fedor medonho, superior ao do cavalo, fazendo o resto de humanidade contorcer-se dentro de Samuel. Ele tentava imaginar como aqueles demônios corcundas, que andavam com dificuldade em cima daquelas pernas finas, poderiam ser mais velozes que o cavalo. Na ponta dos dedos dos pés, estendiam-se garras que faziam lembrar presas de águias... Fazendo a analogia, tudo ficou claro para o vampiro. Os demônios, liberando guinchos como morcegos, fizeram aquela capa, que poderia ser considerada peles podres numa primeira olhada, estender-se num par de asas. Um a um, decolaram, voando em círculos acima do cavalo. Mediam um metro e meio, eram horríveis e extremamente assustadores, emitindo grunhidos selvagens e assustando com os olhos penetrantes. No entanto, não chegavam aos pés do último demônio que saiu do matagal. Samuel percebeu aquele par de brasas perdido no escuro do mato, aproximando-se da clareira, lento e garboso, afastando galhos e mato com o tórax proeminente. Quando a luz da lua atingiu o gigante, Samuel pôde enxergá-lo por inteiro e ficar feliz por não ter problemas com ele. Era uma criatura forte, de dois metros e meio, tão imponente quanto o anjo que o afastara de Ramiro. Ao estender o par de asas, produziu um som semelhante a um trovão e aproximou-se do vampiro. — Eu sou Crepúsculo e venho para abater inimigos. Fui designado e sua vida, a partir de agora, é minha vida. Sou seu anjo-da-guarda. Nada e ninguém nunca mais o tocará. — Crepúsculo ajoelhou-se sobre uma perna, em reverência a Samuel. — Saiamos agora, sejamos a tempestade do pastor. Samuel montou o cavalo sem sela, e os demônios alados avançaram pelo

céu. Eventualmente Samuel percebia esferas de luz cruzando o firmamento, deixando rastros luminosos. Sabia que eram os anjos de luz, que agora eles eram seus inimigos. Crepúsculo estendeu as asas de morcego, tão compridas e magníficas quanto as do anjo que o abordara na fazenda. O demônio decolou, fazendo o cavalo remexer-se impaciente, ansioso. As asas de Crepúsculo produziam o som de trovões, prenunciando a tempestade. Samuel cravou os calcanhares no cavalo e iniciou o trote, que logo se transformou num galope poderoso, fazendo os cascos tirar brasas do chão e produzir trovões a cada batida semelhantes aos sons que Crepúsculo criava, como se fossem códigos, mensagens direcionais. O cavalo sabia para onde o anjo satânico iria, e o demônio sabia onde o cavalo estaria. Os alados formaram uma fila encabeçada por Crepúsculo e seguiram para o sul. O cavalo ganhou velocidade, saiu de um grande pasto e saltou para a estrada de asfalto. A noite tornara-se mais escura; nuvens encobriam a brilhante lua e as estrelas. As únicas luzes que maculavam o firmamento provinham das espetaculares esferas cintilantes que, vez ou outra, cruzavam o céu com velocidade impressionante. Chegando a Barra da Cana, Thal dirigiu-se certeiro à igrejinha da cidade. Ao contrário da de Belo Verde, estava quieta e silenciosa. Nem fiéis nem pessoas nas ruas. Thal penetrou o telhado, atingindo o salão de orações. Ninguém. Supunha que o pastor deixara Belo Verde há mais de uma hora e certamente estaria com o pastor de Barra da Cana. Palpite errado. Para não ter viajado em vão, Thal vasculhou os cômodos e viu o pastor adormecido em seus aposentos. Apareceu-lhe em sonho, pedindo orações para Belo Verde, expondo claramente o grande perigo da Batalha Negra. Todos os pastores do velho código sabiam o significado daquela horrível ameaça. Assim que Thal atravessou o telhado para visitar outra cidade, o pastor já se encaminhava para o salão de orações, iniciando a preciosa ajuda ao grupo. Thal rumava para a cidade da represa, Água Brava. Anatã sentiu uma forte vibração vindo da clareira logo abaixo do grupo. Sinalizou para os irmãos e desceram. Ao tocar o solo gramado, teve certeza de que ali se concentravam feras demoníacas. Vasculhou a mata densa onde há pouco Samuel estivera com o batalhão de feras. Nada. O grupo de quinze anjos, pouco a pouco, pousou, alguns ajoelhando, tocando o chão com as mãos, trocando sinais positivos. Os olhos brilhantes estavam atentos e nervosos. Anatã fez o sinal da cruz e pousou a mão no cabo da espada. Cheiro de luta. Girou o corpo, fazendo as asas arquear. E os inimigos? Inspirou fundo. Estavam cobertos por orações, não restavam dúvidas. Só isso explicava a dificuldade em detectá-los. O cheiro de enxofre encoberto, camuflado. Anatã observou os soldados. Atentos. A pele de bronze dos guerreiros resplandecia luz viva, cada qual envolto em sua camada de luz, hermeticamente lacrados e

céu. Eventualmente Samuel percebia esferas de luz cruzando o firmamento,<br />

deixando rastros luminosos. Sabia que eram os anjos de luz, que agora eles<br />

eram seus inimigos. Crepúsculo estendeu as asas de morcego, tão compri<strong>da</strong>s e<br />

magníficas quanto as do anjo que o abor<strong>da</strong>ra na fazen<strong>da</strong>. O demônio decolou,<br />

fazendo o cavalo remexer-se impaciente, ansioso. As asas de Crepúsculo<br />

produziam o som de trovões, prenunciando a tempestade. Samuel cravou os<br />

calcanhares no cavalo e iniciou o trote, que logo se transformou num galope<br />

poderoso, fazendo os cascos tirar brasas do chão e produzir trovões a ca<strong>da</strong><br />

bati<strong>da</strong> semelhantes aos sons que Crepúsculo criava, como se fossem códigos,<br />

mensagens direcionais. O cavalo sabia para onde o anjo satânico iria, e o<br />

demônio sabia onde o cavalo estaria. Os alados formaram uma fila encabeça<strong>da</strong><br />

por Crepúsculo e seguiram para o sul. O cavalo ganhou veloci<strong>da</strong>de, saiu de<br />

um grande pasto e saltou para a estra<strong>da</strong> de asfalto. A noite tornara-se mais<br />

escura; nuvens encobriam a brilhante lua e as estrelas. As únicas luzes que<br />

maculavam o firmamento provinham <strong>da</strong>s espetaculares esferas cintilantes que,<br />

vez ou outra, cruzavam o céu com veloci<strong>da</strong>de impressionante.<br />

Chegando a Barra <strong>da</strong> Cana, Thal dirigiu-se certeiro à igrejinha <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

Ao contrário <strong>da</strong> de Belo Verde, estava quieta e silenciosa. Nem fiéis nem<br />

pessoas nas ruas. Thal penetrou o telhado, atingindo o salão de orações.<br />

Ninguém. Supunha que o pastor deixara Belo Verde há mais de uma hora e<br />

certamente estaria com o pastor de Barra <strong>da</strong> Cana. Palpite errado. Para não ter<br />

viajado em vão, Thal vasculhou os cômodos e viu o pastor adormecido em<br />

seus aposentos. Apareceu-lhe em sonho, pedindo orações para Belo Verde,<br />

expondo claramente o grande perigo <strong>da</strong> Batalha Negra. Todos os pastores do<br />

velho código sabiam o significado <strong>da</strong>quela horrível ameaça.<br />

Assim que Thal atravessou o telhado para visitar outra ci<strong>da</strong>de, o pastor já<br />

se encaminhava para o salão de orações, iniciando a preciosa aju<strong>da</strong> ao grupo.<br />

Thal rumava para a ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> represa, Água Brava.<br />

Anatã sentiu uma forte vibração vindo <strong>da</strong> clareira logo abaixo do grupo.<br />

Sinalizou para os irmãos e desceram. Ao tocar o solo gramado, teve certeza de<br />

que ali se concentravam feras demoníacas. Vasculhou a mata densa onde há<br />

pouco Samuel estivera com o batalhão de feras. Na<strong>da</strong>. O grupo de quinze<br />

anjos, pouco a pouco, pousou, alguns ajoelhando, tocando o chão com as<br />

mãos, trocando sinais positivos. Os olhos brilhantes estavam atentos e<br />

nervosos. Anatã fez o sinal <strong>da</strong> cruz e pousou a mão no cabo <strong>da</strong> espa<strong>da</strong>. Cheiro<br />

de luta. Girou o corpo, fazendo as asas arquear. E os inimigos? Inspirou fundo.<br />

Estavam cobertos por orações, não restavam dúvi<strong>da</strong>s. Só isso explicava a<br />

dificul<strong>da</strong>de em detectá-los. O cheiro de enxofre encoberto, camuflado. Anatã<br />

observou os sol<strong>da</strong>dos. Atentos. A pele de bronze dos guerreiros resplandecia luz<br />

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