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Capítulo 19<br />
O GRUPO DE ORAÇÕES era superior a cinqüenta pessoas. Muitos parentes<br />
e amigos, sensibilizados, deram seu voto de fé e compareceram à vigília.<br />
Naquele momento, nem todos acreditavam completamente no que ouviam dos<br />
parentes e do pastor. Vera chegara à tarde, trazendo Tiana e Tônico para<br />
engrossar a turma. As pessoas participavam de um culto fervoroso, sem hora<br />
nem dia para acabar. Nenhuma <strong>da</strong>s pessoas visita<strong>da</strong>s possuía respostas.<br />
Sabiam apenas que tinham pouco tempo para se preparar. Precisavam<br />
aumentar o número de pessoas na corrente de orações. Precisavam ser mais<br />
fortes que o exército escuro, solidificar a proteção aos anjos guerreiros. Afinal,<br />
até mesmo Satã contaria com a aju<strong>da</strong> de grupos de orações adversários aos<br />
sol<strong>da</strong>dos do <strong>Senhor</strong>. A preocupação que começava a ron<strong>da</strong>r era o possível<br />
confronto físico com os satanistas. Eles tentariam de to<strong>da</strong> forma impedir a<br />
massificação do grupo do <strong>Senhor</strong>. Jogariam sujo, com certeza. Era preciso se<br />
proteger de alguma maneira, e descobrir quem eram, identificar os inimigos no<br />
plano físico.<br />
No sítio de Genaro, a porteira era aberta por um homem de cabelos<br />
compridos, que pediu a identificação dos dois forasteiros que chegavam no<br />
carro preto.<br />
— Bem, amigo, sinceramente, você não me conhece, mas estamos aqui<br />
pelo mesmo motivo que você, se é que me entende. — explicou Pablo. —<br />
Também fomos visitados pelo amigo de bafo de enxofre.<br />
O homem pediu que aguar<strong>da</strong>ssem dentro do carro. Voltou cinco minutos<br />
depois, trazendo Genaro. Os quatro conferenciaram durante poucos minutos<br />
e logo tornaram-se amigos do mesmo time. Pablo e Ney foram aceitos no<br />
grupo satanista. Afinal, também tinham recebido a visita de Khel, o cão.<br />
Uma hora após o sol se esconder no horizonte, o salão <strong>da</strong> capela encheuse<br />
de barulhos. Samuel levantou do caixão gritando infernalmente, como quem<br />
desperta de um pesadelo horrível. O salão estava escuro para olhos humanos,<br />
mas para Samuel era claro como dia. Enxergava ca<strong>da</strong> centímetro com absoluta<br />
nitidez. A única coisa que tornava seus pensamentos turvos era a<br />
desesperadora necessi<strong>da</strong>de de matar a sede e a fome que o atormentavam.<br />
Juntou-se às ratazanas que se amontoavam em cima do cadáver do<br />
enfermeiro, arrancando pe<strong>da</strong>ços de carne com os dentes afiados. Em poucos<br />
minutos, sentiu-se satisfeito por comer; agora seu objetivo era beber, mas aquele<br />
corpo pútrido e retalhado no chão não lhe oferecia mais o líquido <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Precisava sair e caçar. Sangue.<br />
Saltou através do vitrô quebrado, alcançando o lado externo <strong>da</strong> capela,<br />
ficando livre na mata, bem próximo à sede <strong>da</strong> fazen<strong>da</strong>. O vento trazia um cheiro