O Senhor da Chuva - Jovem Sul News
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superfície terrestre. Todos os anjos mortos durante a Batalha Negra desintegravam-se, passando da energia divina para a energia do mal. Os demônios tinham o tempo terrestre de um dia completo para atacar a área da Batalha Negra sem intervenção do primeiro escalão celestial ou infernal. Era um dia completamente neutro, em que a força negra despejaria todos seus exércitos, com o duplo objetivo de levar quantas almas terrestres conseguissem e matar o maior número de anjos possível. A Batalha Negra era aberta imediatamente à apresentação dos exércitos. Seria o dia do inferno na Terra. Os dois exércitos travariam mais um capítulo sangrento. Thal decolou, dirigindo-se para o sul, enquanto Alanca voou para o norte. Antes do Sol raiar, o grupo de anjos zunindo para todos os lados ultrapassava a casa de vinte. O exército celeste começava a tomar forma e ganhar a vida. Durante a noite, nenhum dos anjos avistou demônios agrupados; eventualmente, percebiam pares de olhos vermelhos cortando ligeiros a escuridão, vagando entre as árvores das florestas, ora cruzando ligeiros pastos amplos e distantes, mas nada de grupos. Acobertados por orações em missas negras, os demônios agruparam-se sem serem descobertos, e já havia uma legião com mais de duzentas feras. A cada momento, mais e mais demônios reuniam-se às sombras, engrossando o furioso Exército do Mal. Os demônios, na grande maioria, aceitavam o temido engajamento na Batalha Negra, pois nada tinham a perder além das próprias vidas. Ao contrário dos anjos, quando as feras bestiais eram derrotadas e desintegradas durante a batalha, não corriam o risco de ter sua energia e consciência destinadas para o grupo oposto, o Exército de Luz. Simplesmente desapareciam. E isso, na Batalha Negra, contava muito. Naquela noite, anjos e demônios invadiram mentes humanas, buscando mais forças em seus grupos de orações. Thal visitou Vera antes da alvorada, aparecendo num sonho. Pediu para a mulher ajudar no recrutamento do Exército de Luz, buscando orações para os anjos. Thal sabia que o tempo era curto e esvaía, precioso, como grãos de areia em mãos humanas. Sabia que, em poucos minutos, Gregório despertaria e o aprisionaria novamente na carne até outro lampejo de inconsciência. Pediu a seus irmãos que, mesmo durante sua ausência garimpassem atrás de mais força, de mais anjos. Thal voou até a casa do pastor Elias para pedir a realização da tarefa terrena mais crucial durante a Batalha Negra, porém, antes que tomasse de assalto a mente do homem outra vez, percebeu o corpo desintegrar-se em milhares de partículas de luz. Gregório, uma vez mais, estava acordando.
Capítulo 18 As SETE HORAS DA MANHÃ, o sol já estava mostrando toda sua força. Mesmo àquela hora, normalmente com ventos frescos, o dia já estava quente e abafado. Gregório se juntou aos homens nos reparos finais do celeiro. O trabalho estaria terminado com a chegada da tarde se continuasse naquele ritmo. Com a reforma adiantada, quatro pessoas foram lidar com o milho. Devido às chuvas, os reservatórios da fazenda estavam repletos. Assim, acionaram o sistema de irrigação e mandaram água ao milharal. Vera entrou no celeiro procurando o cunhado. Chamou Gregório, levando-o para fora a fim de conversar em particular. — Quero pedir desculpas pelas palavras de ontem — disse a mulher, abaixando a cabeça e mexendo nos botões da blusa, envergonhada com a situação. Gregório tirou o chapéu de palha, enxugou o suor da testa com um lenço xadrez que retirou do bolso traseiro da calça jeans. —Olha, sinceramente eu não gostei nem um pouco do que ouvi, mas que remédio? Todo mundo sabe que uma porrada de merdas aconteceu depois que eu vim pra cá. Eu sei, você sabe, o Ramiro sabe, o Tatá sabe. — voltou a colocar o chapéu. — Não estou chateado com você. —Eu estava nervosa. Estou perdida. Não sei se meu marido está vivo, se está morto. — Vera pôs a mão no rosto, comprimindo os olhos com os dedos; não queria chorar. As lágrimas tinham secado. — Só queria saber se eu tenho culpa nessas coisas todas. Queria saber se tudo é apenas coincidência — duvido muito — mas queria saber. Vera abraçou-o. — Você não é culpado de nada, e a gente sabe disso. — Eu vou descobrir o que está acontecendo. Ando sentindo coisas estranhas. Ando vendo e ouvindo coisas estranhas. Vem comigo. — Gregório saiu em direção à casa, puxando Vera pelo braço. Apanhou um latão e entregou para Vera. A mulher acompanhou-o sem saber o que o cunhado pretendia com o recipiente. Ele chegou perto do barril de água no qual quase fora afogado no dia anterior. — Encha a lata, vou te mostrar uma coisa.
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superfície terrestre. Todos os anjos mortos durante a Batalha Negra<br />
desintegravam-se, passando <strong>da</strong> energia divina para a energia do mal. Os<br />
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Batalha Negra sem intervenção do primeiro escalão celestial ou infernal. Era<br />
um dia completamente neutro, em que a força negra despejaria todos seus<br />
exércitos, com o duplo objetivo de levar quantas almas terrestres conseguissem<br />
e matar o maior número de anjos possível. A Batalha Negra era aberta<br />
imediatamente à apresentação dos exércitos. Seria o dia do inferno na Terra.<br />
Os dois exércitos travariam mais um capítulo sangrento.<br />
Thal decolou, dirigindo-se para o sul, enquanto Alanca voou para o<br />
norte. Antes do Sol raiar, o grupo de anjos zunindo para todos os lados<br />
ultrapassava a casa de vinte. O exército celeste começava a tomar forma e<br />
ganhar a vi<strong>da</strong>.<br />
Durante a noite, nenhum dos anjos avistou demônios agrupados;<br />
eventualmente, percebiam pares de olhos vermelhos cortando ligeiros a<br />
escuridão, vagando entre as árvores <strong>da</strong>s florestas, ora cruzando ligeiros pastos<br />
amplos e distantes, mas na<strong>da</strong> de grupos.<br />
Acobertados por orações em missas negras, os demônios agruparam-se<br />
sem serem descobertos, e já havia uma legião com mais de duzentas feras. A<br />
ca<strong>da</strong> momento, mais e mais demônios reuniam-se às sombras, engrossando o<br />
furioso Exército do Mal. Os demônios, na grande maioria, aceitavam o<br />
temido engajamento na Batalha Negra, pois na<strong>da</strong> tinham a perder além <strong>da</strong>s<br />
próprias vi<strong>da</strong>s. Ao contrário dos anjos, quando as feras bestiais eram<br />
derrota<strong>da</strong>s e desintegra<strong>da</strong>s durante a batalha, não corriam o risco de ter sua<br />
energia e consciência destina<strong>da</strong>s para o grupo oposto, o Exército de Luz.<br />
Simplesmente desapareciam. E isso, na Batalha Negra, contava muito.<br />
Naquela noite, anjos e demônios invadiram mentes humanas,<br />
buscando mais forças em seus grupos de orações.<br />
Thal visitou Vera antes <strong>da</strong> alvora<strong>da</strong>, aparecendo num sonho. Pediu para<br />
a mulher aju<strong>da</strong>r no recrutamento do Exército de Luz, buscando orações para os<br />
anjos. Thal sabia que o tempo era curto e esvaía, precioso, como grãos de areia<br />
em mãos humanas. Sabia que, em poucos minutos, Gregório despertaria e o<br />
aprisionaria novamente na carne até outro lampejo de inconsciência. Pediu a<br />
seus irmãos que, mesmo durante sua ausência garimpassem atrás de mais<br />
força, de mais anjos. Thal voou até a casa do pastor Elias para pedir a<br />
realização <strong>da</strong> tarefa terrena mais crucial durante a Batalha Negra, porém, antes<br />
que tomasse de assalto a mente do homem outra vez, percebeu o corpo<br />
desintegrar-se em milhares de partículas de luz. Gregório, uma vez mais, estava<br />
acor<strong>da</strong>ndo.