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vidros estilhaçando no chão, provavelmente vindos <strong>da</strong> janela do quarto do<br />
irmão. Depois, um vulto caía de pé, arqueando levemente, levando, ao que<br />
parecia, um corpo apoiado no ombro esquerdo. A imagem era em preto e<br />
branco e muito maltrata<strong>da</strong>, mostrando a parede leste do prédio de três<br />
an<strong>da</strong>res. Não era possível identificar com precisão os rostos <strong>da</strong>s pessoas. Pelas<br />
cores do uniforme, o homem carregado parecia um dos enfermeiros do hospital.<br />
O homem, muito grande, tinha um lençol amarrado ao pescoço,<br />
semelhante a uma capa. Não se parecia com Samuel, nem um pouco. Era uma<br />
criatura com braços desproporcionais, an<strong>da</strong>va encurva<strong>da</strong> e logo desapareceu<br />
do raio de ação <strong>da</strong> câmera, deixando o hospital.<br />
—Você identifica este homem, o que está levando o outro nos<br />
ombros, como o seu irmão? — perguntou o policial que o conduzira<br />
até a sala.<br />
—Sinceramente, não. Esse cara é muito esquisito e muito maior do que<br />
eu e meu irmão.<br />
O investigador balançou a cabeça concor<strong>da</strong>ndo com Gregório.<br />
—É, realmente ele não se parece com seu irmão. Você o viu antes?<br />
—Não. (Mas ele me causa calafrios como os demônios que nos<br />
atacaram lá na fazen<strong>da</strong>. — pensou consigo.) Mas tem uma coisa estranha<br />
que eu queria que vocês botassem os olhos.<br />
Logo depois, Gregório e os policiais estavam novamente no quarto<br />
sinistro investigando o gotejamento. Um policial subiu na esca<strong>da</strong> e tentava<br />
arrombar a grade <strong>da</strong> passagem de ar quando chegou outra notícia. Dois<br />
enfermeiros estavam desaparecidos. Um só podia ser aquele nos braços do<br />
homem. Não tinham certeza se estava vivo, mas também não podiam afirmar<br />
o contrário. Todos voltaram as atenções para o policial que golpeava a entra<strong>da</strong><br />
de ar. Pareciam adivinhar o que estava preso ali.<br />
—Como ele conseguiu colocar o homem lá em cima? Sem aju<strong>da</strong>!<br />
Aquele cara pesa pelo menos noventa quilos. Santo Deus! Isso tá esqui<br />
sito demais. — queixava o investigador Tatá em seu escritório na delegacia.<br />
—É, negrão. Não tá fácil mesmo. Parece que você vai ter um caso de<br />
ver<strong>da</strong>de aqui na ci<strong>da</strong>de.<br />
—Olhe, amanhã eu vou <strong>da</strong>r um pulo naquela fazen<strong>da</strong>. Lá, tem<br />
muita gente pra falar. Esse troço do Samuel sumir tá demais de esquisi<br />
to. — disse Tatá.<br />
Gregório e Vera deixaram o hospital por volta de uma hora <strong>da</strong> manhã.