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Gregório arrastou Ivan para longe, enquanto a maioria dos homens<br />
sentia o estômago contrair nervosamente. Gregório limpou o rosto do<br />
veterinário utilizando o lenço que havia caído. O corpo do homem contorceuse,<br />
e ele virou bruscamente para deixar o almoço sair pela boca. Amparado por<br />
Gregório, dirigiu-se a um torneirão, esfregou a mão infecta<strong>da</strong> com vigor,<br />
retirando to<strong>da</strong> a meleca féti<strong>da</strong>. Gregório foi até o tanque de lavar roupas e<br />
voltou com sabão e bucha. O doutor agradeceu, acenando com a cabeça e<br />
livrando-se <strong>da</strong>s luvas contamina<strong>da</strong>s.<br />
André apanhou as amostras que o veterinário havia colhido e entregoulhe.<br />
Foram acondiciona<strong>da</strong>s na maleta, com a promessa de serem rapi<strong>da</strong>mente<br />
examina<strong>da</strong>s e estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s.<br />
Vera percebeu certa pressa e ficou de cara espanta<strong>da</strong>, pois era a primeira<br />
vez que via Ivan movimentando-se com rapidez.<br />
—O que há? Parece que viu um fantasma!<br />
—Tenha certeza que é quase isso, minha amiga. — respondeu<br />
entrando agilmente na pick-up. — Quase isso. — repetiu, como um<br />
personagem de filme de terror.<br />
—Está tão ruim assim?<br />
—O veterinário balançou a cabeça em sinal positivo. Deu parti<strong>da</strong>, saiu em<br />
marcha à ré e desapareceu na poeira <strong>da</strong> estradinha.<br />
Lá pras ban<strong>da</strong>s do celeiro, Vera viu os homens apanharem algumas pás,<br />
provavelmente para enterrar os cães. Voltou ao quarto para pegar algumas<br />
coisas e preparar-se para passar a última noite com o marido no hospital.<br />
Gregório ajudou os homens, que perderam a maior parte do tempo<br />
abrindo uma cova fun<strong>da</strong> o bastante para enterrar o odor horrível, revezando<br />
suas câimbras estomacais. A tarefa mais nojenta foi li<strong>da</strong>r com o cão repartido<br />
ao meio, cujas vísceras se esparramavam pelo chão, propagando e<br />
aumentando o mal-estar geral. Com uma pá, André e Tônico iam recolhendo os<br />
restos do cão.<br />
Findo o penoso trabalho, Gregório dispensou os empregados. Precisavam<br />
tomar banho e tentar se livrar do cheiro horrível. Era o que ele faria também.<br />
Terminariam o serviço no outro dia, com certeza. Antes de entrar, chamou<br />
Ramiro, Jonas e Paulo para ajudá-lo no escoramento de algumas partes do<br />
telhado e <strong>da</strong> estrutura do celeiro. Se chovesse, e aparentemente choveria<br />
naquele fim de dia, o vento botaria o trabalho a perder. Samuel, certamente,<br />
tomaria essas providências assim que chegasse à fazen<strong>da</strong>. Apesar <strong>da</strong><br />
construção básica ser bastante resistente, o celeiro era bem antigo. Com as<br />
lacunas <strong>da</strong>s madeiras que ain<strong>da</strong> faltavam, a ventania poderia provocar grandes