12.04.2013 Views

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

O Senhor da Chuva - Jovem Sul News

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

—O que acha que seja? — perguntou ao veterinário, que estava<br />

ajoelhado, apanhando algumas coisas na maleta.<br />

—Sei lá. Te juro que eu já vi de tudo nessa vi<strong>da</strong>. Faltava essa aí.<br />

— respondeu sem levantar o rosto para Gregório.<br />

O veterinário voltou aos cadáveres e fotografou os três em grupo.<br />

Depois, arremessou algumas luvas aos peões e calçou as suas próprias.<br />

— Vocês vão ter de me <strong>da</strong>r uma mãozinha. Tenho que separar essas<br />

coisas para fotografá-las em separado.<br />

Amarraram os lenços em volta do pescoço, elevando-os ao nariz para<br />

amenizar o fedor. Retiraram o primeiro, arrastando-o para a esquer<strong>da</strong>.<br />

Movimentá-lo fez o odor triplicar. Dessa vez, foi Tônico quem não resistiu e<br />

correu para eliminar o almoço.<br />

Ivan fotografou o monstro nojento sob vários ângulos. Apanhou uma<br />

seringa do bolso <strong>da</strong> camisa e coletou uma amostra <strong>da</strong> substância purulenta,<br />

respirando com dificul<strong>da</strong>de. Sentia náuseas constantes, controlando-se para não<br />

desmaiar. Fez sinal com a cabeça, <strong>da</strong>ndo a entender que terminara com aquele,<br />

e os homens compreenderam que era hora de remover o seguinte.<br />

Apanharam o próximo, segurando-o pelas patas, puxaram levemente,<br />

como o anterior, mas desta vez o cadáver não se moveu <strong>da</strong>quele canto. O<br />

veterinário trocou sinais com os homens e então tentaram novamente, sem<br />

sucesso. Respiraram e puxaram mais uma vez, porém só a parte traseira do cão<br />

se locomoveu. Os homens insistiram, puxando com mais força, pois queriam<br />

sair <strong>da</strong>li logo; o odor repulsivo crescia a ca<strong>da</strong> tentativa. No terceiro solavanco,<br />

algo desgraça<strong>da</strong>mente ruim aconteceu. O couro do animal rompeu,<br />

espalhando vísceras podres pelo chão e vermes pelo encerado. Todos<br />

largaram imediatamente as partes que seguravam, uma vez que o odor<br />

extrapolava, chegando a ser perigoso, tóxico. Deban<strong>da</strong>ram.<br />

O lenço de Ivan desprendeu-se, provocando uma náusea mais forte. O<br />

mormaço <strong>da</strong> tarde, somado ao insuportável cheiro, o fez cambalear e quase<br />

perder os sentidos. Deu meia-volta, já sem equilíbrio, e foi de encontro ao<br />

primeiro cadáver. Esticou os braços para não afun<strong>da</strong>r a cara na barriga do<br />

monstro, mas infelizmente não conseguiu evitar que sua mão o fizesse. Sentia<br />

atravessar o couro flácido <strong>da</strong> fera e alojar-se em um lugar mole nos intestinos<br />

apodrecidos do animal. Um jorro de vísceras liqüefeitas verteu, acertando seu<br />

rosto em cheio. Os pequenos vermes subiam pelo braço, e as moscas<br />

gru<strong>da</strong>ram na face, junto ao sangue podre. Ivan não suportou, caindo<br />

desmaiado ao lado do cão. O odor, de tão espesso e desagradável, acabara por<br />

dominá-lo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!