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Lista de Exercícios - Sujeito

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01 - (UFRR/2010)<br />

Estudante vítima <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte morre no dia do<br />

aniversário<br />

Uma coincidência da vida selou o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> um jovem estudante, que morreu na madrugada <strong>de</strong> ontem, dia em que completaria 18<br />

anos. Ele estava internado há cinco dias no Hospital Geral <strong>de</strong> Roraima, vítima <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trânsito, no cruzamento das<br />

avenidas Getúlio Vargas com Surumu, no bairro São Vicente.<br />

www.folha.com.br/fbv/notícia. Ed. 5572 <strong>de</strong> 11-11-09.<br />

Assinale a única alternativa INCORRETA:<br />

Veja a frase:<br />

“O jovem estudante estava internado há cinco dias no Hospital Geral <strong>de</strong> Roraima, vítima <strong>de</strong> um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trânsito”.<br />

a) O sujeito da frase é “uma coincidência da vida”.<br />

b) O sujeito da frase é “jovem estudante”.<br />

c) “morreu” é um verbo da segunda conjugação.<br />

d) Avenida Getúlio Vargas é um substantivo próprio.<br />

e) “Ele estava internado...”. Esta frase não possui verbo <strong>de</strong> ação.<br />

02 - (UFTM MG/2009)<br />

Leia o haicai <strong>de</strong> Custódio.<br />

Analise as afirmações.<br />

(www.custodio.net)<br />

I. Nas suas três ocorrências, a palavra nada pertence à mesma classe gramatical invariável.<br />

II. Nas duas ocorrências, a palavra que é um pronome relativo, pois, além <strong>de</strong> ligar orações, retoma termos da oração anterior.<br />

III. As formas verbais Sabe e <strong>de</strong>ixe têm o mesmo sujeito gramatical.<br />

É correto afirmar que:<br />

a) I, II e III são verda<strong>de</strong>iras.<br />

b) apenas I é verda<strong>de</strong>ira.<br />

c) apenas II é verda<strong>de</strong>ira.<br />

d) apenas III é verda<strong>de</strong>ira.<br />

e) I, II e III são falsas.<br />

03 - (UFAM/2008)<br />

Assinale a opção em que é in<strong>de</strong>terminado o sujeito da oração:<br />

a) Trata-se <strong>de</strong>finitivamente <strong>de</strong> versões infundadas.<br />

b) Ouviram do Ipiranga as margens plácidas.<br />

c) Não se dê atenção aos maledicentes.<br />

d) Muito se discute atualmente a redução da maiorida<strong>de</strong> penal.<br />

e) Aqui outrora retumbaram hinos.<br />

04 - (FUVEST SP/2008)<br />

Para Piran<strong>de</strong>llo, o cômico nasce <strong>de</strong> uma “percepção do contrário”, como no famoso exemplo <strong>de</strong> uma velha já <strong>de</strong>crépita que se<br />

cobre <strong>de</strong> maquiagem, veste-se como uma moça e pinta os cabelos. Ao se perceber que aquela senhora velha é o oposto do que<br />

uma respeitável velha senhora <strong>de</strong>veria ser, produz-se o riso, que nasce da ruptura das expectativas, mas sobretudo do sentimento<br />

<strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong>. A “percepção do contrário” po<strong>de</strong>, porém, transformar-se num “sentimento do contrário” – quando aquele que ri<br />

procura enten<strong>de</strong>r as razões pelas quais a velha se mascara, na ilusão <strong>de</strong> reconquistar a juventu<strong>de</strong> perdida. Nesse passo, a velha<br />

da anedota não mais está distante do sujeito que percebe, porque este pensa que também po<strong>de</strong>ria estar no lugar da velha – e seu<br />

riso se mistura com a compreensão piedosa e se transforma num sorriso.<br />

Para passar da atitu<strong>de</strong> cômica para a atitu<strong>de</strong> humorística, é preciso renunciar ao distanciamento e ao sentimento <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong>.<br />

Adaptado <strong>de</strong> Elias Thomé Saliba, Raízes do riso.<br />

a) Consi<strong>de</strong>rando o que o texto conceitua, explique brevemente qual a diferença essencial entre a “percepção do contrário” e o<br />

“sentimento do contrário”.<br />

b) “Ao se perceber que aquela senhora velha é o oposto do que uma respeitável velha senhora <strong>de</strong>veria ser, produz-se o riso (...)”.


Sem prejuízo para o sentido do trecho acima, reescreva-o, substituindo se perceber e produz-se por formas verbais cujo sujeito<br />

seja nós e é o oposto por não correspon<strong>de</strong>. Faça as adaptações necessárias.<br />

05 - (UNIPAR PR/2007)<br />

Em Senhor meu amo, escutai-me, o enfermo espera por vós, no leito <strong>de</strong> morte, o sujeito do verbo escutar é:<br />

a) o enfermo,<br />

b) vós, oculto;<br />

c) Senhor meu amo<br />

d) por vós;<br />

e) sujeito in<strong>de</strong>terminado.<br />

06 - (UFAM/2006)<br />

Assinale a alternativa constante <strong>de</strong> oração sem sujeito:<br />

a) Ouve-se o relógio <strong>de</strong> hora em hora.<br />

b) Houve por improce<strong>de</strong>nte o pedido do funcionário.<br />

c) Faltavam quatro dias para o casamento.<br />

d) Há <strong>de</strong> conseguir a aprovação nos exames.<br />

e) Houve aulas no final <strong>de</strong> semana.<br />

07 - (UFAM/2006)<br />

Observe o início do Hino Nacional Brasileiro:<br />

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas<br />

De um povo heróico o brado retumbante...<br />

Na oração acima, o sujeito é:<br />

a) in<strong>de</strong>terminado<br />

b) um povo heróico<br />

c) inexistente<br />

d) as margens plácidas do Ipiranga<br />

e) o brado retumbante<br />

08 - (UFAM/2006)<br />

Assinale a alternativa falsa em relação ao período abaixo e aos seus termos:<br />

No futebol brasileiro houve época em que não existia gran<strong>de</strong> jogador.<br />

a) O substantivo época é o sujeito do verbo haver.<br />

b) O período é composto por subordinação e consta <strong>de</strong> duas orações.<br />

c) Os adjetivos constantes do período funcionam como adjunto adnominal.<br />

d) O substantivo futebol exerce a mesma função sintática do pronome relativo que.<br />

e) O substantivo jogador é o sujeito do verbo existir.<br />

TEXTO: 1 - Comum à questão: 9<br />

O MELHOR DE CALVIN / Bill Walterson<br />

09 - (MACK SP/2003)<br />

No texto,<br />

a) o termo verbar, na oração Verbar esquisita as palavras, assume a função <strong>de</strong> sujeito, mais comumente <strong>de</strong>sempenhada por nomes.<br />

b) o processo <strong>de</strong> verbar amplia as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego sintático, sem promover alterações na forma original do nome.<br />

c) o processo <strong>de</strong> verbar promove a alteração ortográfica da palavra original, sem alterar as funções sintáticas que ela <strong>de</strong>sempenha.<br />

d) o processo <strong>de</strong> verbar impe<strong>de</strong> que os verbos resultantes sejam empregados na voz passiva.<br />

e) o termo verbar po<strong>de</strong> ser usado como verbo transitivo direto (verbar palavras), ou como intransitivo (Verbar esquisita o idioma).<br />

TEXTO: 2 - Comum à questão: 10


Texto I<br />

O Coronel e o Lobisomem<br />

1 – Que faniquito é esse? Respeite a patente<br />

2 e <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> ficar sestrosa.<br />

3 Foi quando, sem mais nem menos, <strong>de</strong>u<br />

4 entrada no meu ouvido aquele assobio fi−<br />

5 ninho, vindo não atinei <strong>de</strong> on<strong>de</strong>. Podia ser<br />

6 cobra em vadiagem <strong>de</strong> luar. Se tal fosse, a<br />

7 mula andava recoberta <strong>de</strong> razão. Por isso<br />

8 <strong>de</strong>i prazo <strong>de</strong> espera para que a peçonha<br />

9 da cobra saísse no claro. Nisso, outro as−<br />

10 sobio passou rentoso <strong>de</strong> minha barba, com<br />

11 tanta malda<strong>de</strong> que a mula estremeceu da<br />

12 anca ao casco, ao tempo em que sobrevi−<br />

13 nha do mato um barulho <strong>de</strong> folha pisada.<br />

14 Inquiri <strong>de</strong>ntro do regulamento militar:<br />

15 – Quem vem lá?<br />

16 De resposta tive novo assobio. Num re−<br />

17 pente, relembrei estar em noite <strong>de</strong> lobiso−<br />

18 mem – era sexta-feira. Tanto caçoei do<br />

19 povo <strong>de</strong> Juca Azeredo que o assombrado<br />

20 tomou a peito tirar vingança <strong>de</strong> mim,<br />

21 como avisou Sinhozinho. Pois muito pesar<br />

22 levava eu em não po<strong>de</strong>r, em tal estado,<br />

23 dar provimento ao caso <strong>de</strong>le. <strong>Sujeito</strong> <strong>de</strong><br />

24 patente, militar em serviço <strong>de</strong> água be−<br />

25 nta, carecia <strong>de</strong> consentimento para travar<br />

26 <strong>de</strong>manda com o lobisomem ou outra qual−<br />

27 quer penitência dos pastos, mesmo que<br />

28 fosse uma visagenzinha <strong>de</strong> menino pagão.<br />

29 Sempre fui cioso da lei e não ia em noite<br />

30 <strong>de</strong> batizado manchar, na briga <strong>de</strong> estrada,<br />

31 galão e patente:<br />

32– Nunca!<br />

33 A mulinha, a par <strong>de</strong> tamanha responsabi−<br />

34 lida<strong>de</strong>, que mula sempre foi bicho <strong>de</strong><br />

35 gran<strong>de</strong> entendimento, largou o casco na<br />

36 poeira. Para a frente a montaria não an−<br />

37 dava, mas na direção do Sobradinho cor−<br />

38 ria <strong>de</strong> vento em popa. Já um estirão era<br />

39 andado quando, numa roça <strong>de</strong> mandioca,<br />

40 adveio aquele figurão <strong>de</strong> cachorro, uma<br />

41 peça <strong>de</strong> vinte palmos <strong>de</strong> pêlo e raiva. Na<br />

42 frente <strong>de</strong> ostentação tão provida <strong>de</strong> ódio, a<br />

43 mulinha <strong>de</strong> Ponciano <strong>de</strong>bandou sem mi−<br />

44 nha licença por terra <strong>de</strong> dormi<strong>de</strong>ira e<br />

45 cipó, on<strong>de</strong> imperava toda raça <strong>de</strong> espinho,<br />

46 caruru-<strong>de</strong>-sapo e roseta-<strong>de</strong>-fra<strong>de</strong>. O luar<br />

47 era tão limpo que não existia matinho <strong>de</strong>−<br />

48 simportante para suas clarida<strong>de</strong>s – tudo<br />

49 vinha à tona, <strong>de</strong> quase aparecer a raiz.<br />

50 Aprovei a manobra da mula na certeza <strong>de</strong><br />

51 que lobisomem algum arriscava a sua<br />

52 pessoa em tamanho carrascal. Enganado<br />

53 estava eu. Atrás, abrindo caminho e <strong>de</strong>s−<br />

54 torcendo mato, vinha o vingancista do lo−<br />

55 bisomem. Roncava como porco cevado.<br />

56 Assim acuada, a mulinha avivou carreira,<br />

57 mas tão <strong>de</strong>sinfeliz que embaralhou a pata<br />

58 do coice numas embiras-<strong>de</strong>-corda. Não<br />

59 tive mais governo <strong>de</strong> sela e ré<strong>de</strong>a. Caí<br />

60 como sei cair, em posição militar, pronto a<br />

61 repelir qualquer ofendimento. Digo, sem<br />

62 alar<strong>de</strong>, que o lobisomem bem podia ter<br />

63 saído da <strong>de</strong>manda sem avaria ou agravo,<br />

64 caso não fosse um saco <strong>de</strong> malquerença.<br />

65 Estando eu em retirada, pelo motivo já<br />

66 sabido <strong>de</strong> ser portador <strong>de</strong> galão e patente,<br />

67 não cabia a mim entrar em arruaça <strong>de</strong>s−<br />

68 guarnecido <strong>de</strong> licença superior. Disso não<br />

69 <strong>de</strong>i conta ao enfeitiçado, do que resultou a


70 perdição <strong>de</strong>le. Como disse, rolava eu no<br />

71 capim, pronto a dar ao caso solução brio−<br />

72 sa, na hora em que o querelante apresen−<br />

73 tou aquela risada <strong>de</strong> pouco caso e <strong>de</strong>bo−<br />

74 che:<br />

75– Quá-quá-quá...<br />

76 Não precisou <strong>de</strong> mais nada para que o gê−<br />

77 nio dos Azeredos e <strong>de</strong>mais Furtados vies−<br />

78 se <strong>de</strong> vela solta. Dei um pulo <strong>de</strong> cabrito e<br />

79 preparado estava para a guerra do lobiso−<br />

80 mem. Por <strong>de</strong>scargo <strong>de</strong> consciência, do que<br />

81 nem carecia, chamei os santos <strong>de</strong> que sou<br />

82 <strong>de</strong>vocioneiro:<br />

83 – São Jorge, Santo Onofre, São José!<br />

CARVALHO, José Cândido <strong>de</strong>. O coronel e o lobisomen. 46. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 2000, pp.177-179<br />

10 - (FGV /2006)<br />

Na frase “... não cabia a mim entrar em arruaça...” (L. 67) , o sujeito <strong>de</strong> cabia é:<br />

a) Eu.<br />

b) A mim.<br />

c) Entrar em arruaça.<br />

d) Em arruaça.<br />

e) Não.<br />

TEXTO: 3 - Comum à questão: 11<br />

O oráculo do mercado publicitário<br />

“Enquanto a nata do concorrido mercado publicitário paulista ferve os neurônios atrás <strong>de</strong> mais uma idéia brilhante que garanta<br />

a genialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas campanhas, um carioca que já passou dos 60 – e não troca o final <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> em Ipanema por nada – dá a<br />

pauta do que será assunto nas principais agências do Brasil.<br />

Julio Hungria, 66, é o criador, editor e webmaster <strong>de</strong> um dos sites mais acessados por esse público, o Blue Bus<br />

(www.bluebus.com.br). Presente na lista <strong>de</strong> favoritos <strong>de</strong> 11 em cada 10 publicitários, o en<strong>de</strong>reço traz diariamente uma gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> notas sobre assuntos que vão dos bastidores do mercado até fofocas sobre celebrida<strong>de</strong>s.”<br />

André Mascarenhas<br />

O Estado <strong>de</strong> S.Paulo. 15/08/2005, p.L14.<br />

11 - (UNIMES SP/2006)<br />

No primeiro parágrafo do trecho acima transcrito, há três ocorrências do pronome relativo que. Quanto à função sintática <strong>de</strong>sse<br />

pronome, po<strong>de</strong>-se afirmar que ele funciona como:<br />

a) sujeito nas três ocorrências.<br />

b) objeto direto nas três ocorrências.<br />

c) sujeito nas primeira ocorrência e como objeto direto nas outras duas.<br />

d) objeto direto na primeira ocorrência e como sujeito nas outras duas.<br />

e) sujeito na primeira ocorrência, objeto direto na segunda e sujeito na terceira.<br />

TEXTO: 4 - Comum à questão: 12<br />

TEXTO I<br />

Procura da poesia<br />

Não faças versos sobre acontecimentos.<br />

Não há criação nem morte perante a poesia.<br />

(...)<br />

Não faças poesia com o corpo,<br />

esse excelente, completo e confortável corpo,<br />

[tão infenso à efusão lírica.<br />

(...)<br />

05<br />

Não cantes tua cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixa-a em paz.<br />

(...)<br />

Não dramatizes, não invoques,<br />

não indagues. Não percas tempo em mentir.<br />

(...)<br />

Não recomponhas<br />

tua sepultada e merencória infância.<br />

(...)<br />

10<br />

Penetra surdamente no reino das palavras.<br />

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.<br />

(...)<br />

Ei-los sós e mudos, em estado <strong>de</strong> dicionário.


Convive com teus poemas, antes <strong>de</strong> escrevê-los.<br />

Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.<br />

15<br />

Espera que cada um se realize e consume<br />

com seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> palavra<br />

e seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> silêncio.<br />

(...)<br />

Chega mais perto e contempla as palavras.<br />

Cada uma<br />

20<br />

tem mil faces secretas sob a face neutra<br />

e te pergunta, sem interesse pela resposta,<br />

pobre ou terrível, que lhe <strong>de</strong>res:<br />

Trouxeste a chave?<br />

(ANDRADE, Carlos Drummond <strong>de</strong>. Nova reunião: 19 livros <strong>de</strong> poesia. Rio <strong>de</strong> Janeiro: José Olympio, 1987.)<br />

TEXTO II<br />

A escolha das palavras<br />

A eficiência <strong>de</strong> uma comunicação lingüística <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em última análise, da escolha a<strong>de</strong>quada das palavras, e a arte <strong>de</strong> bem<br />

falar e escrever é chamada, com razão, a arte da palavra.<br />

Essa escolha é, em regra, muito mais <strong>de</strong>licada e muito menos simples do que à primeira vista po<strong>de</strong>ria parecer.<br />

05<br />

O sentido <strong>de</strong> uma palavra não é essencialmente uno, nitidamente <strong>de</strong>limitado e rigorosamente privativo <strong>de</strong>la, à maneira <strong>de</strong> um<br />

símbolo matemático.<br />

Há uma complexida<strong>de</strong> imanente, que se apresenta sob diversos aspectos.<br />

(...)<br />

Em matéria <strong>de</strong> sinonímia, é preciso, antes <strong>de</strong> tudo, ressalvar que não há a rigor o que muitas gramáticas chamam os<br />

sinônimos perfeitos: eles só existem como tais nas listas <strong>de</strong>ssas gramáticas.<br />

10<br />

Todos <strong>de</strong>correm das significações diversas que adquire uma mesma coisa, <strong>de</strong> acordo com os diversos interesses que tem<br />

para nós; um conceito “neutro” se concretiza em duas ou mais <strong>de</strong>nominações, segundo valores específicos, e é assim que a<br />

palavra construção, que nos faz ver o conjunto arquitetônico, ce<strong>de</strong> lugar a prédio para objetivar o bem imóvel. É o interesse, e<br />

também a incerteza das apreciações, que explica o fato <strong>de</strong> nos parecer haver muitas vezes à nossa escolha duas palavras<br />

sinônimas, como justo e equitativo ou castigar e punir para qualificar uma ação ou um procedimento.<br />

(CÂMARA JR., J. M. Manual <strong>de</strong> expressão oral e escrita. Rio <strong>de</strong> Janeiro: J. Ozon,1961.)<br />

12 - (UERJ/2006)<br />

Observe a construção sintática dos seguintes trechos do texto II:<br />

A eficiência <strong>de</strong> uma comunicação lingüística <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em última análise, da escolha a<strong>de</strong>quada das palavras, e a arte <strong>de</strong> bem falar<br />

e escrever é chamada, com razão, a arte da palavra. (l. 1 - 2)<br />

É o interesse, e também a incerteza das apreciações, que explica o fato... (l. 13 - 14)<br />

a) Dois constituintes do primeiro trecho não são essenciais para a compreensão <strong>de</strong> seu conteúdo.<br />

Transcreva-os e explicite a informação que cada um acrescenta aos argumentos do autor.<br />

b) Reescreva o segundo trecho <strong>de</strong> modo que a expressão o interesse e a incerteza <strong>de</strong>sempenhe a função <strong>de</strong> sujeito composto.<br />

TEXTO: 5 - Comum à questão: 13<br />

Leia o fragmento abaixo, do conto A cartomante <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis. Depois, responda à pergunta.<br />

“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa <strong>de</strong> ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e<br />

arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreen<strong>de</strong>sse, não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sentir-se lisonjeado. A casa do<br />

encontro era na antiga Rua dos Barbonos, on<strong>de</strong> morava uma comprovinciana <strong>de</strong> Rita. Esta <strong>de</strong>sceu pela Rua das Mangueiras na<br />

direção <strong>de</strong> Botafogo, on<strong>de</strong> residia; Camilo <strong>de</strong>sceu pela da Guarda Velha, olhando <strong>de</strong> passagem para a casa da cartomante.”<br />

13 - (FGV /2003)<br />

Leia o fragmento abaixo, do conto A cartomante <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis. Depois, responda à pergunta.<br />

“Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa <strong>de</strong> ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e<br />

arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreen<strong>de</strong>sse, não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> sentir-se lisonjeado. A casa do<br />

encontro era na antiga Rua dos Barbonos, on<strong>de</strong> morava uma comprovinciana <strong>de</strong> Rita. Esta <strong>de</strong>sceu pela Rua das Mangueiras na<br />

direção <strong>de</strong> Botafogo, on<strong>de</strong> residia; Camilo <strong>de</strong>sceu pela da Guarda Velha, olhando <strong>de</strong> passagem para a casa da cartomante.”<br />

Qual é o sujeito <strong>de</strong> ser amada, no texto. Explique.<br />

TEXTO: 6 - Comum à questão: 14<br />

Monsenhor Caldas interrompeu a narração do <strong>de</strong>sconhecido:<br />

— Dá licença? é só um instante.<br />

Levantou-se, foi ao interior da casa, chamou o preto velho que o servia, e disse-lhe em voz baixa:<br />

— João, vai ali à estação <strong>de</strong> urbanos, fala da minha parte ao comandante, e pe<strong>de</strong>-lhe que venha cá com um ou dois homens, para<br />

livrar-me <strong>de</strong> um sujeito doido. Anda, vai <strong>de</strong>pressa.


E, voltando à sala:<br />

— Pronto, disse ele; po<strong>de</strong>mos continuar.<br />

— Como ia dizendo a Vossa Reverendíssima, morri no dia vinte <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1860, às cinco horas e quarenta e três minutos da<br />

manhã. Tinha então sessenta e oito anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Minha alma voou pelo espaço, até per<strong>de</strong>r a terra <strong>de</strong> vista, <strong>de</strong>ixando muito<br />

abaixo a lua, as estrelas e o Sol; penetrou finalmente num espaço em que não havia mais nada, e era clareado tão-somente por<br />

uma luz difusa. Continuei a subir, e comecei a ver um pontinho mais luminoso ao longe, muito longe. O ponto cresceu, fez-se sol.<br />

Fui por ali <strong>de</strong>ntro, sem ar<strong>de</strong>r, porque as almas são incombustíveis.<br />

A sua pegou fogo alguma vez?<br />

— Não, senhor.<br />

— São incombustíveis. Fui subindo, subindo; na distância <strong>de</strong> quarenta mil léguas, ouvi uma <strong>de</strong>liciosa música, e logo que cheguei a<br />

cinco mil léguas, <strong>de</strong>sceu um enxame <strong>de</strong> almas, que me levaram num palanquim feito <strong>de</strong> éter e plumas.<br />

(Machado <strong>de</strong> Assis, A segunda vida. Obras Completas, vol. II, p. 440-441.)<br />

14 - (UFSCar SP/2007)<br />

A frase <strong>de</strong>sceu um enxame <strong>de</strong> almas, no último parágrafo, tem o sujeito posposto. Assinale a alternativa em que o sujeito também<br />

aparece posposto.<br />

a) De um atentado, um soldado consegue salvar seu companheiro.<br />

b) Segunda-feira faltou, <strong>de</strong> novo, um pouco <strong>de</strong> tinta <strong>de</strong> impressão.<br />

c) No salão <strong>de</strong> Paris, há um Audi com motor <strong>de</strong> 4,2 litros.<br />

d) Ler biografia <strong>de</strong> homens célebres é bastante útil.<br />

e) O mercado financeiro recebeu bem a inclusão das ações do Bra<strong>de</strong>sco.<br />

TEXTO: 7 - Comum à questão: 15<br />

Texto 1<br />

GRUNHIDO ELETRÔNICO<br />

L. F. Veríssimo<br />

Ouvi dizer que é cada vez maior o número <strong>de</strong> pessoas que se conhecem pela Internet e acabam casando ou vivendo juntas –<br />

uma semana <strong>de</strong>pois. As conversas por computador são, necessariamente, sucintas e práticas e não permitem namoros longos, ou<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> aproximação por etapas.<br />

As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento <strong>de</strong> um ciclo, uma involução. No tempo das<br />

cavernas o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava para a cama, ou para o mato. Com o tempo <strong>de</strong>senvolveu-se<br />

a corte, a etiqueta da conquista, todo o ritual <strong>de</strong> aproximação que chegou a exageros <strong>de</strong> regras e restrições e <strong>de</strong>pois foi se<br />

abreviando aos poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. Fechou-se o ciclo.<br />

Talvez toda a comunicação futura seja por computador. Até <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa. Será como se os nossos namorados <strong>de</strong><br />

quermesse levassem os alto-falantes para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa. Na mesa do café, marido e mulher, em vez <strong>de</strong> falar, digitarão seus<br />

diálogos, cada um no seu terminal. E quando sentirem falta da palavra falada e do calor da voz, quando <strong>de</strong>cidirem que só frases<br />

soltas numa tela não bastam e quiserem se comunicar mesmo, como no passado, cada um pegará seu celular.<br />

Não sei o que será da espécie. Tenho uma visão do futuro em que viveremos todos no ciberespaço. Só nossos corpos ficarão<br />

na terra porque alguém tem que manejar o teclado e o mouse e pagar a conta da luz.<br />

15 - (IBMEC/2008)<br />

Em “Ouvi dizer....” temos um caso <strong>de</strong>:<br />

a) Oração sem sujeito<br />

b) <strong>Sujeito</strong> simples<br />

c) <strong>Sujeito</strong> elíptico<br />

d) <strong>Sujeito</strong> composto<br />

e) <strong>Sujeito</strong> in<strong>de</strong>terminado<br />

TEXTO: 8 - Comum à questão: 16<br />

TEXTO II<br />

Negras mulheres, suspen<strong>de</strong>ndo às tetas<br />

Magras crianças, cujas bocas pretas<br />

Rega o sangue das mães:<br />

Outras moças, mas nuas e espantadas,<br />

No turbilhão <strong>de</strong> espectros arrastadas,<br />

Em ânsia e mágoa vãs!<br />

E ri-se a orquestra irônica, estri<strong>de</strong>nte...<br />

E da ronda fantástica a serpente<br />

Faz doudas espirais ...<br />

Se o velho arqueja, se no chão resvala,<br />

Ouvem-se gritos... o chicote estala.<br />

E voam mais e mais...<br />

O NAVIO NEGREIRO<br />

Castro Alves<br />

(fragmento)


Presa nos elos <strong>de</strong> uma só ca<strong>de</strong>ia,<br />

A multidão faminta cambaleia,<br />

E chora e dança ali!<br />

Um <strong>de</strong> raiva <strong>de</strong>lira, outro enlouquece,<br />

Outro, que martírios embrutece,<br />

Cantando, geme e ri!<br />

No entanto o capitão manda a manobra,<br />

E após fitando o céu que se <strong>de</strong>sdobra,<br />

Tão puro sobre o mar,<br />

Diz do fumo entre os <strong>de</strong>nsos nevoeiros:<br />

"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!<br />

Fazei-os mais dançar!..."<br />

16 - (IBMEC/2008)<br />

As formas verbais “geme e ri” (verso 18) e “diz” (verso 22) têm como sujeitos, respectivamente:<br />

a) um / a manobra<br />

b) outro / o capitão<br />

c) a multidão faminta/ o mar<br />

d) martírios / o céu<br />

e) elos <strong>de</strong> uma só ca<strong>de</strong>ia / os <strong>de</strong>nsos nevoeiros<br />

TEXTO: 9 - Comum à questão: 17<br />

01 Como o Ceará é o Estado brasileiro 02 com a maior porcentagem <strong>de</strong> semi-árido, 03 seu território também contém a maior área<br />

04 sujeita à <strong>de</strong>sertificação. Além disso, o 05 Nor<strong>de</strong>ste brasileiro será uma das primeiras 06 áreas do planeta a serem afetadas pelo<br />

07 fenômeno, se não forem tomadas as 08 providências necessárias.<br />

(Diário do Nor<strong>de</strong>ste, 19 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007.)<br />

17 - (URCA CE/2007)<br />

Qual a função sintática exercida pelo termo as providências necessárias (linhas 07-08)?<br />

a) Objeto direto<br />

b) Agente da passiva<br />

c) Predicativo do sujeito<br />

d) <strong>Sujeito</strong><br />

e) Adjunto adnominal<br />

TEXTO: 10 - Comum à questão: 18<br />

UMA PAIXÃO DOS BRASILEIRO’S<br />

Roberto Pompeu <strong>de</strong> Toledo<br />

1 Toda vez que se fala em antiamericanismo, no Brasil, dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> contra-atacar com o apóstrofo. Muita gente não gostou<br />

da presença <strong>de</strong> George W. Bush no país, mas esse sentimento é largamente superado pelo amor que temos pelo apóstrofo. O<br />

apóstrofo em questão, para os leitores que ainda não se <strong>de</strong>ram conta, é aquele sinalzinho (’) que na língua inglesa se põe antes do<br />

“s” (’s). Quanto 5 charme num pequenino sinal gráfico! Bush se sentiria vingado das manifestações <strong>de</strong> protesto se lhe fosse<br />

permitido caminhar por uma rua comercial brasileira e verificar quantos nomes <strong>de</strong> estabelecimentos são, em primeiro lugar, em<br />

língua inglesa e, em segundo, ostentam como rabicho o ’s.<br />

Somos apaixonados pelo ’s. O que é uma forma <strong>de</strong> expressar nosso amor e respeito pelos Estados Unidos.<br />

10 Se o Brasil é antiamericano ou, ao contrário, americanófilo – e até o mais americanófilo dos países – é questão aberta. Da<br />

boca para fora, somos antiamericanos. As pesquisas <strong>de</strong> opinião vão revelar sempre uma maioria crítica aos EUA. Na era Bush,<br />

então, nem se fala. Lá no fundo, no entanto, é só contemplar um ’s e um coração brasileiro baterá mais forte. Poucos países, fora<br />

os <strong>de</strong> língua inglesa, terão tantas lojas, produtos, serviços ou eventos batizados em inglês. Isso vale tanto para o 15 mundo dos ricos<br />

– o do serviço bancário chamado prime e o do evento chamado Fashion Week – quanto para o dos pobres, que encontram a seu<br />

dispor a lanchonete X Point. Quando enfeitados pelo ’s, os nomes adquirem superior requinte. Comprar na Bacco’s, em São Paulo,<br />

ou bebericar no Leo’s Pub, no Rio, não teria o mesmo efeito se o nome <strong>de</strong>sses estabelecimentos não ostentasse aquele<br />

penduricalho, <strong>de</strong>licado como jóia, civilizado como o frio.<br />

20 O professor Antonio Pedro Tota, que enten<strong>de</strong> do assunto (é autor <strong>de</strong> O Imperialismo Sedutor: a Americanização do Brasil na<br />

Época da II Guerra), explica, em artigo numa recém-lançada publicação do Wilson Center <strong>de</strong>dicada às relações Brasil–EUA, que a<br />

<strong>de</strong>finitiva prova <strong>de</strong> que os americanos tinham nos ganhado, naqueles anos <strong>de</strong> combate contra o nazifascismo e o Japão foi a<br />

adoção, pelos brasileiros, do gesto do polegar para cima, o sinal do “positivo”. Tota recorre a Luís da Câmara 25 Cascudo, estudioso<br />

dos gestos dos brasileiros, para explicar a origem do “polegar para cima”. Na base aérea que, por concessão do governo brasileiro,<br />

os americanos montaram no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, para <strong>de</strong> lá atacar o norte da África, os pilotos e mecânicos, uns <strong>de</strong>ntro e outros<br />

fora dos aviões, e ainda por cima ensur<strong>de</strong>cidos pelo ruído dos motores, comunicavam-se erguendo o polegar, thumbs up, para<br />

dizer uns aos outros quando tudo estava em or<strong>de</strong>m.<br />

30 O gesto encantou os brasileiros que serviam <strong>de</strong> pessoal <strong>de</strong> apoio. Ainda mais que era muito útil para a comunicação com os<br />

estrangeiros. Isso <strong>de</strong> levantar ou abaixar o polegar tem origem remota e era usado em Roma para indicar se um gladiador <strong>de</strong>via ser<br />

poupado ou morto. Mas no Brasil, segundo Câmara Cascudo, chegou com os pilotos americanos, e da base aérea se espalhou<br />

pelo Nor<strong>de</strong>ste e logo por todo o Brasil. Era tão mo<strong>de</strong>rno, tão viril, tão americano! O mesmo autor diz que o “polegar para 35 cima”<br />

causou a <strong>de</strong>sgraça do “da pontinha da orelha”. Para indicar uma coisa boa, antes, os brasileiros seguravam a ponta da orelha,<br />

gesto aprendido dos portugueses. Perto do polegar para cima, soava tão antigo, tão da vovó, tão efeminado!


As pequenas coisas dizem muito mais do que os altissonantes falatórios. A vitória do gesto <strong>de</strong> “positivo” sobre o “da pontinha<br />

da orelha” significou, naquele momento <strong>de</strong>cisivo da II Guerra, o 40 abandono do que restasse da herança lusitana, tão singela, tão<br />

curta <strong>de</strong> horizontes, tão caseira, em favor da perseguição do mo<strong>de</strong>lo americano, tão valente, tão <strong>de</strong>sprendido, tão sintonizado no<br />

futuro. Da mesma forma, o apego a essa outra coisa miúda que é o apóstrofo representa nossa rendição aos po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> sedução<br />

americanos. Bares mo<strong>de</strong>stos, Brasil afora, anunciam que servem “drink’s”. Não venha o leitor observar que está errado, que esse ’s<br />

nada tem a ver com o caso possessivo da língua 45 inglesa. O inglês <strong>de</strong> nossas ruas não é o <strong>de</strong> Shakespeare. É o inglês recriado no<br />

Brasil, como em “motoboy”. O ’s <strong>de</strong> drink’s está lá talvez para indicar plural, mas com certeza para conferir beleza e vigor<br />

americanos ao ato, <strong>de</strong> outra forma banal, <strong>de</strong> avisar os clientes <strong>de</strong> que ali se servem bebidas.<br />

O emprego do ’s Brasil afora é muito peculiar, e quem sair à cata das várias formas em que é encontrado terminará com uma<br />

rica coleção. O colunista que vos fala tem especial queda por dois 50 exemplares, entre os muitos com que, como todos nós, já<br />

<strong>de</strong>parou. Um é o nome, sem dúvida sugestivo – e, mais que sugestivo, inspirador – <strong>de</strong> um motel nos arredores <strong>de</strong> Florianópolis:<br />

“Erectu’s”.<br />

Outro é o <strong>de</strong> um salão <strong>de</strong> beleza <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> vizinha a São Paulo: “Skova’s”. São nomes que, enquanto explo<strong>de</strong>m <strong>de</strong> brasileira<br />

inventivida<strong>de</strong>, prestam homenagem aos EUA.<br />

Veja – 14/3/2007<br />

18 - (UNIMONTES MG/2007)<br />

Em qual das construções abaixo, o pronome se foi usado para in<strong>de</strong>terminar o agente da ação expressa pelo verbo?<br />

a) “Toda vez que se fala em antiamericanismo. . .” (linha 1).<br />

b) “Bush se sentiria vingado. . .” (linha 5).<br />

c) “. . .é aquele sinalzinho (’) que (. . .) se põe antes do ‘s’. . .” (linha 4).<br />

d) “. . .ali se servem bebidas.” (linha 47).<br />

TEXTO: 11 - Comum à questão: 19<br />

Cordéis e Outros Poemas, <strong>de</strong> Patativa do Assaré, e seu cor<strong>de</strong>l <strong>de</strong> abertura, A Triste Partida, servirão <strong>de</strong> base às questões <strong>de</strong>sta<br />

prova. Convidamos você a mergulhar no universo daquele que, conhecedor das temerosas tormentas do mar da vida, canta o<br />

sertão que é seu.<br />

A Triste Partida<br />

01 Passou-se setembro<br />

02 outubro e novembro<br />

03 estamos em <strong>de</strong>zembro<br />

04 meu Deus que é <strong>de</strong> nós?<br />

05 assim diz o pobre<br />

06 do seco Nor<strong>de</strong>ste<br />

07 com medo da peste<br />

08 e da fome feroz<br />

09 A treze do mês<br />

10 fez a experiência<br />

11 per<strong>de</strong>u sua crença<br />

12 nas pedras <strong>de</strong> sal<br />

13 com outra experiência<br />

14 <strong>de</strong> novo se agarra<br />

15 esperando a barra<br />

16 do alegre Natal<br />

17 Passou-se o Natal<br />

18 e a barra não veio<br />

19 o sol tão vermeio<br />

20 nasceu muito além<br />

21 na copa da mata<br />

22 buzina a cigarra<br />

23 ninguém vê a barra<br />

24 pois barra não tem<br />

25 Sem chuva na terra<br />

26 <strong>de</strong>scamba janeiro<br />

27 até fevereiro<br />

28 no mesmo verão<br />

29 reclama o roceiro<br />

30 dizendo consigo:<br />

31 meu Deus é castigo<br />

32 não chove mais não<br />

33 Apela pra março<br />

34 o mês preferido<br />

35 do santo querido<br />

36 senhor São José<br />

37 sem chuva na terra<br />

38 está tudo sem jeito<br />

39 lhe foge do peito<br />

40 o resto da fé<br />

41 Assim diz o velho<br />

42 sigo noutra trilha


43<br />

convida a família<br />

44<br />

e começa a dizer:<br />

45<br />

Eu vendo o burro<br />

46<br />

o jumento e o cavalo<br />

47<br />

nós vamos a São Paulo<br />

48<br />

viver ou morrer<br />

49<br />

Nós vamos a São Paulo<br />

50<br />

que a coisa está feia<br />

51<br />

por terra alheia<br />

52<br />

nós vamos vagar<br />

53<br />

se o nosso <strong>de</strong>stino<br />

54<br />

não for tão mesquinho<br />

55<br />

pro mesmo cantinho<br />

56<br />

nós torna a voltar<br />

57<br />

Ven<strong>de</strong>ram o burro<br />

58<br />

jumento e cavalo<br />

59<br />

até mesmo o galo<br />

60<br />

ven<strong>de</strong>ram também<br />

61<br />

e logo aparece<br />

62<br />

um feliz fazen<strong>de</strong>iro<br />

63<br />

por pouco dinheiro<br />

64<br />

lhe compra o que tem<br />

65<br />

Em cima do carro<br />

66<br />

se junta a família<br />

67<br />

chega o triste dia<br />

68<br />

já vão viajar<br />

69<br />

a seca é terrível<br />

70<br />

que tudo <strong>de</strong>vora<br />

71<br />

lhe bota pra fora<br />

72<br />

do torrão natá 112 começam a cair<br />

(...)<br />

73<br />

O carro embalado<br />

74<br />

no topo da serra<br />

75<br />

olhando pra terra<br />

76<br />

seu berço seu lar<br />

77<br />

aquele nortista<br />

78<br />

partido <strong>de</strong> pena<br />

79<br />

<strong>de</strong> longe acena<br />

80<br />

a<strong>de</strong>us, Ceará<br />

81<br />

Chegaram em São Paulo<br />

82<br />

sem cobre e quebrado<br />

83<br />

o pobre acanhado<br />

84<br />

procura um patrão<br />

86<br />

<strong>de</strong> uma estranha gente<br />

88<br />

do caro torrão<br />

89<br />

Trabalha um ano<br />

90<br />

dois anos mais anos<br />

91<br />

e sempre no plano<br />

92<br />

<strong>de</strong> um dia inda vim<br />

93<br />

o pai <strong>de</strong> família<br />

94<br />

triste maldizendo<br />

95<br />

assim vão sofrendo<br />

96<br />

tormento sem fim<br />

97<br />

O pai <strong>de</strong> família<br />

98<br />

ali vive preso<br />

99<br />

sofrendo <strong>de</strong>sprezo<br />

100<br />

e <strong>de</strong>vendo ao patrão<br />

101<br />

o tempo passando<br />

102<br />

vai dia e vem dia<br />

103<br />

aquela família<br />

104<br />

não volta mais não<br />

105<br />

Se por acaso um dia<br />

116<br />

à lama e ao paul<br />

107<br />

notícia do Norte<br />

108<br />

o gosto <strong>de</strong> ouvir<br />

109<br />

sauda<strong>de</strong> no peito<br />

110<br />

lhe bate <strong>de</strong> molhos<br />

111<br />

as águas dos olhos<br />

112<br />

começam a cair<br />

113<br />

Distante da terra<br />

114<br />

tão seca mas boa<br />

115<br />

sujeito à garoa<br />

116<br />

à lama e ao paul<br />

117<br />

é triste se ver<br />

118<br />

um nortista tão bravo


119 viver sendo escravo<br />

120 na terra do Sul<br />

ASSARÉ, Patativa. A Triste Partida. In:<br />

Cordéis e Outros Poemas, Fortaleza:<br />

Edições UFC, 2006, p. 9-13.<br />

19 - (UFC CE/2008)<br />

Assinale a alternativa na qual se transcreve um elemento do texto que tem a mesma função sintática <strong>de</strong> a cigarra (verso 22).<br />

a) meu Deus (verso 04)<br />

b) a experiência (verso 10).<br />

c) sua crença (verso 11).<br />

d) o resto da fé (verso 40).<br />

e) a família (verso 43).<br />

TEXTO: 12 - Comum à questão: 20<br />

Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-los. Era preciso aproveitar a disposição<br />

<strong>de</strong>les, <strong>de</strong>ixar que andassem à vonta<strong>de</strong>. Sinhá Vitória acompanhou o marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada,<br />

Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares on<strong>de</strong> tinha vivido alguns anos; o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia<br />

esmoreceram no seu espírito.<br />

E a conversa recomeçou. Agora Fabiano estava meio otimista. Endireitou o saco da comida, examinou o rosto carnudo e as<br />

pernas grossas da mulher. Bem. Desejou fumar. Como segurava a boca do saco e a coronha da espingarda, não pô<strong>de</strong> realizar o<br />

<strong>de</strong>sejo. Temeu arriar, não prosseguir na caminhada. Continuou a tagarelar, agitando a cabeça para afugentar uma nuvem que,<br />

vista <strong>de</strong> perto, escondia o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia. Os pés calosos, duros como cascos, metidos em<br />

alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinhá Vitória achou que sim. [...] Por que haveriam <strong>de</strong> ser sempre<br />

<strong>de</strong>sgraçados, fugindo no mato como bichos? Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias. Podiam viver escondidos,<br />

como bichos? Fabiano respon<strong>de</strong>u que não podiam.<br />

– O mundo é gran<strong>de</strong>.<br />

Realmente para eles era bem pequeno, mas afirmavam que era gran<strong>de</strong> – e marchavam, meio confiados, meio inquietos.<br />

Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, on<strong>de</strong> havia seres misteriosos. Em que estariam pensando? zumbiu Sinhá<br />

Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas Sinhá Vitória renovou a<br />

pergunta – e a certeza do marido abalou-se. Ela <strong>de</strong>via ter razão. Tinha sempre razão. Agora <strong>de</strong>sejava saber que iriam fazer os<br />

filhos quando crescessem.<br />

– Vaquejar, opinou Fabiano.<br />

Sinhá Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a <strong>de</strong>rrubar o baú <strong>de</strong> folha. Nossa<br />

Senhora os livrasse <strong>de</strong> semelhante <strong>de</strong>sgraça. Vaquejar, que idéia! Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga on<strong>de</strong><br />

havia montes baixos, cascalhos, rios secos, espinhos, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais,<br />

resistiriam à sauda<strong>de</strong> que ataca os sertanejos na mata. Então eles eram bois para morrer tristes por falta <strong>de</strong> espinhos? Fixar-seiam<br />

muito longe, adotariam costumes diferentes.<br />

(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 71. ed. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Record, 1996. p. 120-122.)<br />

20 - (IBMEC/2008)<br />

Ocorre oração sem sujeito em<br />

a) “Era preciso aproveitar a disposição <strong>de</strong>les...”.<br />

b) “Por que haveriam <strong>de</strong> ser sempre <strong>de</strong>sgraçados?”.<br />

c) “Com certeza existiam no mundo coisas extraordinárias”.<br />

d) “... on<strong>de</strong> havia seres misteriosos”.<br />

e) “Vaquejar, que idéia!”.<br />

TEXTO: 13 - Comum à questão: 21<br />

Leia com atenção um fragmento do poema extraído do livro A Rosa do Povo, <strong>de</strong> Carlos Drummond <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, e responda às<br />

questões.<br />

A Flor e a Náusea<br />

1. Preso à minha classe e a algumas roupas,<br />

Vou <strong>de</strong> branco pela rua cinzenta.<br />

Melancolias, mercadorias espreitam-me.<br />

Devo seguir até o enjôo?<br />

5. Posso, sem armas, revoltar-me?<br />

6. Olhos sujos no relógio da torre:<br />

Não, o tempo não chegou <strong>de</strong> completa justiça.<br />

O tempo é ainda <strong>de</strong> fezes, maus poemas, alucinações e espera.<br />

O tempo pobre, o poeta pobre<br />

10. fun<strong>de</strong>m-se no mesmo impasse.<br />

11. Em vão me tento explicar, os muros são surdos.<br />

Sob a pele das palavras há cifras e códigos.<br />

O sol consola os doentes e não os renova.


14. As coisas. Que tristes são as coisas, consi<strong>de</strong>radas sem ênfase.<br />

15. (...)<br />

Uma flor nasceu na rua!<br />

Passem <strong>de</strong> longe, bon<strong>de</strong>s, ônibus, rio <strong>de</strong> aço do tráfego.<br />

Uma flor ainda <strong>de</strong>sbotada<br />

ilu<strong>de</strong> a polícia, rompe o asfalto.<br />

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,<br />

21. garanto que uma flor nasceu.<br />

22. Sua cor não se percebe.<br />

Suas pétalas não se abrem.<br />

Seu nome não está nos livros.<br />

25. É feia. Mas é realmente uma flor.<br />

26. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tar<strong>de</strong><br />

e lentamente passo a mão nessa forma insegura.<br />

Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.<br />

Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.<br />

30. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.<br />

21 - (FEI SP/2008)<br />

O sujeito <strong>de</strong> “Não, o tempo não chegou <strong>de</strong> completa justiça” (verso 7) é:<br />

a) “não”.<br />

b) “completa justiça”.<br />

c) “chegou”.<br />

d) “o tempo”.<br />

e) trata-se <strong>de</strong> uma oração sem sujeito.<br />

TEXTO: 14 - Comum à questão: 22<br />

Neste ano, comemora-se o centenário <strong>de</strong> morte do escritor brasileiro Machado <strong>de</strong> Assis. Leia trechos do primeiro capítulo <strong>de</strong><br />

Memórias Póstumas <strong>de</strong> Brás Cubas com atenção e responda a seguir:<br />

ÓBITO DO AUTOR<br />

1. Algum tempo hesitei se <strong>de</strong>via abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu<br />

nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas consi<strong>de</strong>rações me levaram a adotar<br />

diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor <strong>de</strong>funto, mas um <strong>de</strong>funto autor, para quem 5. a campa* foi<br />

outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs<br />

no intróito, mas no cabo*: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.<br />

Dito isto, expirei às duas horas da tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma sexta-feira do mês <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1869, na minha bela chácara <strong>de</strong> Catumbi.<br />

Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e 10. prósperos, era solteiro, possuía cerca <strong>de</strong> trezentos contos e fui acompanhado ao<br />

cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verda<strong>de</strong> é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava uma<br />

chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta<br />

engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira <strong>de</strong> minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós po<strong>de</strong>is dizer<br />

15. comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável <strong>de</strong> um dos mais belos caracteres que têm honrado a<br />

humanida<strong>de</strong>. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é<br />

a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado."<br />

20. Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices* que lhe <strong>de</strong>ixei. E foi assim que cheguei à cláusula dos meus<br />

dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country* <strong>de</strong> Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas<br />

pausado e trôpego como quem se retira tar<strong>de</strong> do espetáculo. Tar<strong>de</strong> e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou <strong>de</strong>z pessoas, entre<br />

elas três senhoras: minha irmã Sabina, casada com o 25. Cotrim, a filha, um lírio do vale, – e... Tenham paciência! daqui a pouco<br />

lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se <strong>de</strong> saber que essa anônima, ainda que não parenta, pa<strong>de</strong>ceu mais do que as<br />

parentas. (...)<br />

Deixá-la ir; lá iremos mais tar<strong>de</strong>; lá iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranqüilamente,<br />

metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas 30. baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas <strong>de</strong> tinhorão da<br />

chácara, e o som estrídulo <strong>de</strong> uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta <strong>de</strong> um correeiro*. Juro-lhes que essa<br />

orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em diante chegou a ser <strong>de</strong>liciosa. A vida<br />

estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos <strong>de</strong> vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu <strong>de</strong>scia à imobilida<strong>de</strong> física e moral,<br />

e o 35. corpo fazia-se-me planta, e pedra e lodo, e cousa nenhuma.<br />

Morri <strong>de</strong> uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéia grandiosa e útil, a causa da minha<br />

morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verda<strong>de</strong>. Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.<br />

*campa (linha 5): pedra que cobre a sepultura.<br />

*cabo (linha 6): fim, término.<br />

*apólices (linha 20): documento <strong>de</strong> seguro <strong>de</strong> vida.<br />

*undiscovered country (linha 22): terra <strong>de</strong>sconhecida, aqui indicando o reino dos mortos.<br />

*correeiro (linha 31): fabricante ou ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> correias ou obras <strong>de</strong> couro.<br />

22 - (FEI SP/2008)<br />

O sujeito <strong>de</strong> “e o corpo fazia-se-me planta” (linhas 34-35) é:<br />

a) planta


) corpo e planta<br />

c) sujeito in<strong>de</strong>terminado<br />

d) corpo<br />

e) oração sem sujeito<br />

TEXTO: 15 - Comum à questão: 23<br />

01<br />

De que maneira a fundo iremos conhecer-te,<br />

02<br />

se muita vez estás noutro lugar,<br />

03<br />

mil cabriolas a dar,<br />

04<br />

com a manipulação freqüente <strong>de</strong> um falar<br />

05<br />

e dois enten<strong>de</strong>res?<br />

06<br />

O que propões, porém, vamos tateando,<br />

07<br />

e o teu pungente riso saboreando.<br />

08<br />

Algo fica, afinal, <strong>de</strong> tuas reticências –,<br />

09<br />

mesmo sem se atingir total a tua essência<br />

10<br />

e não obstante a previsão <strong>de</strong> Cubas –,<br />

11<br />

também nas duas tais colunas da opinião,<br />

12<br />

não só numa terceira, a dos agudos,<br />

13<br />

e assim o teu discurso não é vão.<br />

14<br />

De além dos vermes que roeram<br />

15<br />

as tuas frias carnes<br />

16<br />

sem <strong>de</strong>ixar boca para rir<br />

17<br />

nem olhos para chorar,<br />

18<br />

escuta-me com a alma que restou<br />

19<br />

do teu gran<strong>de</strong> naufrágio<br />

20<br />

(longe do feroz ágio e do pedágio).<br />

21<br />

Aqui estou para dizer-te o quanto<br />

22<br />

ainda te ouvimos, lemos e te amamos.<br />

23<br />

Ensinaste-nos que há sempre<br />

24<br />

uma gota da baba <strong>de</strong> Caim,<br />

25<br />

tanto a vonta<strong>de</strong> como a ação ume<strong>de</strong>cendo<br />

26<br />

<strong>de</strong> indivíduos, <strong>de</strong> classes ou <strong>de</strong> tribos.<br />

27<br />

Que por batatas uns aos outros se consomem.<br />

28<br />

(Quantos, qual tu sem Deus, acham que a morte é o fim!)<br />

29<br />

Joaquim Maria, as tuas esquivanças,<br />

30<br />

silêncios e trejeitos e artimanhas<br />

31<br />

<strong>de</strong>ram-nos luz para a experiência do homem.<br />

32<br />

E, quanto a nado, mar, navegação,<br />

33<br />

embora cada um <strong>de</strong> nós manobre<br />

34<br />

bem a seu modo o timão,<br />

35<br />

para o leitor abriste uma Escola <strong>de</strong> Sagres,<br />

36<br />

on<strong>de</strong> muito se po<strong>de</strong> observar,<br />

37<br />

dos olhos <strong>de</strong> ressaca em tua Capitu<br />

38<br />

até os confins da Europa no seu corpo,<br />

39<br />

que por Bentinho, enfim, é rejeitado.<br />

40<br />

Fizeste <strong>de</strong> Escobar o próprio rio Cobar,<br />

41<br />

para em Ezequiel, homônimo do bíblico,<br />

42<br />

<strong>de</strong>nunciar-se por fumos todo um fogo,<br />

43<br />

a culpa intencional da sedução <strong>de</strong> um mar...<br />

44<br />

E fizeste surgir a dúvida no ar.<br />

45<br />

Ora com humour, ora com ironia,<br />

46<br />

contra Leibniz puseste Schopenhauer.<br />

47<br />

De Laurence Sterne filtraste a sátira menipéia.<br />

48<br />

E o vulnerável, mestre, apanhas com mão fria.<br />

49<br />

Sobressai-te um vigor: a sensual latência,<br />

50<br />

quase sempre consciente e <strong>de</strong>letéria,<br />

51<br />

qual sangue a latejar por <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma artéria.<br />

52<br />

Evi<strong>de</strong>nciando aqui, ali insinuando,<br />

53<br />

soubeste registrar o <strong>de</strong>sconforto,<br />

54<br />

o <strong>de</strong>scontentamento e a frustração<br />

55<br />

da nossa humana condição<br />

56<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o emplasto <strong>de</strong> Brás Cubas<br />

57<br />

à solda da opinião.<br />

58<br />

E aqui ficamos tristes e inquietos<br />

59<br />

com as mil formas <strong>de</strong> ser da humana Dor.<br />

60<br />

Muito amor ainda falta e pão. Faltam mais tetos,<br />

61<br />

a paz pública falta e a paz interior.<br />

62<br />

Sentimo-nos pequenos e incompletos.<br />

A MACHADO DE ASSIS,<br />

MORTO VIVO


LINHARES FILHO, José. A Machado <strong>de</strong> Assis, morto vivo. In: _____________.<br />

Notícias <strong>de</strong> bordo: poemas selecionados. Fortaleza: Edições UFC, 2008, p. 91-93.<br />

23 - (UFC CE/2009)<br />

Cada alternativa a seguir apresenta um trecho da obra Memórias póstumas <strong>de</strong> Brás Cubas. Assinale a única em que o verbo<br />

“haver” mantém-se impessoal pelo mesmo motivo que em “Ensinaste-nos que há sempre / uma gota da baba <strong>de</strong> Caim, / tanto a<br />

vonta<strong>de</strong> como a ação ume<strong>de</strong>cendo / <strong>de</strong> indivíduos, <strong>de</strong> classes ou <strong>de</strong> tribos” (versos 23-26).<br />

a) “Havia já dois anos que não nos víamos”.<br />

b) “Verda<strong>de</strong> é que não houve cartas nem anúncios”.<br />

c) “Já havia corrido a cida<strong>de</strong> toda, com umas sauda<strong>de</strong>s...”.<br />

d) “O verda<strong>de</strong>iro homem, ao <strong>de</strong>spedir-se do sol frio e gasto, há <strong>de</strong> ter um relógio na algibeira”.<br />

e) “Ele, porém, houve-se com a maior <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e habilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>spedindo-se tão alegremente que me animou a perguntar-lhe se<br />

<strong>de</strong>veras me não achava doudo”.<br />

TEXTO: 16 - Comum à questão: 24<br />

Consi<strong>de</strong>re o início do poema <strong>de</strong> Gonçalves Dias.<br />

Marabá<br />

1 Eu vivo sozinha, ninguém me procura!<br />

2 Acaso feitura<br />

3 Não sou <strong>de</strong> Tupã?!<br />

4 Se algum <strong>de</strong>ntre os homens <strong>de</strong> mim não se escon<strong>de</strong>:<br />

5 – “Tu és”, me respon<strong>de</strong>,<br />

6 “Tu és Marabá!”<br />

7 – Meus olhos são garços, são cor das safiras,<br />

8 – Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;<br />

9 – Imitam as nuvens <strong>de</strong> um céu anilado,<br />

10 – As cores imitam das vagas do mar!<br />

11 Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:<br />

12 “Teus olhos são garços”,<br />

13 Respon<strong>de</strong> anojado, “mas és Marabá:<br />

14 “Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,<br />

15 Uns olhos fulgentes,<br />

16 Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”<br />

(...)<br />

24 - (UNCISAL/2008)<br />

Assinale a alternativa que indica corretamente o sujeito da forma verbal têm, no verso 8.<br />

a) Marabá.<br />

b) meus olhos.<br />

c) garços.<br />

d) safiras.<br />

e) luz das estrelas.<br />

TEXTO: 17 - Comum à questão: 25<br />

Logo <strong>de</strong>pois transferiu-se para o trapiche [local <strong>de</strong>stinado à guarda <strong>de</strong> mercadorias para importação ou exportação] o <strong>de</strong>pósito dos<br />

objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém,<br />

que aqueles meninos, moleques <strong>de</strong> todas as cores e <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s, as mais variadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 9 aos 16 anos, que à noite se<br />

estendiam pelo assoalho e por <strong>de</strong>baixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à<br />

chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que<br />

vinham das embarcações. . .<br />

(AMADO, Jorge. O trapiche. Capitães <strong>de</strong> Areia. São Paulo: Livraria Martins Ed., 1937. Adaptado.)<br />

25 - (FATEC SP/2010)<br />

Assinale a alternativa em que o verbo <strong>de</strong>stacado tem como sujeito aquele apresentado entre colchetes.<br />

a) Logo <strong>de</strong>pois transferiu-se para o trapiche o <strong>de</strong>pósito dos objetos... [os objetos]<br />

b) ... o <strong>de</strong>pósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. [o <strong>de</strong>pósito dos objetos]<br />

c) Estranhas coisas entraram então para o trapiche. [estranhas coisas]<br />

d) ... indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando... [o casarão]<br />

e) ... com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações. . . [as embarcações]<br />

TEXTO: 18 - Comum à questão: 26


A IMAGINAÇÃO<br />

1 O processo <strong>de</strong> trabalho do cientista aproxima-se do processo <strong>de</strong> trabalho do artista. Ambos <strong>de</strong>senvolvem um tipo <strong>de</strong><br />

comportamento <strong>de</strong>nominado “exploratório”, isto é, <strong>de</strong>dicam-se a “explorar” as possibilida<strong>de</strong>s, “o que po<strong>de</strong>ria ser”, em vez <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>ter no que realmente é. Para isso, necessitam da imaginação. Assim, um dos sentidos <strong>de</strong> criar é imaginar. Imaginar é a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver além do imediato, 5 do que é, <strong>de</strong> criar possibilida<strong>de</strong>s novas. É respon<strong>de</strong>r à pergunta: “Se não fosse assim, como<br />

po<strong>de</strong>ria ser?”. Se <strong>de</strong>rmos asas à imaginação, se <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong> lado o nosso senso crítico e o medo do ridículo, se abandonarmos<br />

as amarras lógicas da realida<strong>de</strong>, veremos que somos capazes <strong>de</strong> encontrar muitas respostas para a pergunta. Este é o chamado<br />

pensamento divergente, que leva a muitas respostas possíveis. É o contrário do pensamento convergente, que leva a uma única<br />

resposta, consi<strong>de</strong>rada certa. 10 Por exemplo, para a pergunta “Quem <strong>de</strong>scobriu o Brasil?” só há uma resposta certa: Pedro Álvares<br />

Cabral. Para a pergunta “Se os portugueses não tivessem <strong>de</strong>scoberto o Brasil, como estaríamos vivendo hoje?”, há inúmeras<br />

respostas possíveis. A primeira envolve memória; a segunda, imaginação.<br />

Tanto o artista quanto o cientista têm <strong>de</strong> ser suficientemente flexíveis para sair do seguro, do conhecido, do imediato, e<br />

assumir os riscos ao propor o novo, o possível.<br />

ARANHA, Maria Lucia <strong>de</strong> Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.<br />

A imaginação. In: Filosofando. 2. ed. São Paulo: Mo<strong>de</strong>rna, 1993. p. 338-339.<br />

26 - (UEG GO/2010)<br />

Leia os períodos abaixo.<br />

I - “O processo <strong>de</strong> trabalho do cientista aproxima-se do processo <strong>de</strong> trabalho do artista” (ref. 1).<br />

II - “Ambos <strong>de</strong>senvolvem um tipo <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong>nominado ‘exploratório’.” (ref. 1).<br />

III - “A primeira envolve memória; a segunda, imaginação” (ref. 10).<br />

Os termos em <strong>de</strong>staque exercem a mesma função sintática<br />

a) apenas em I e II.<br />

b) apenas em I e III.<br />

c) apenas em II e III.<br />

d) nos três períodos.<br />

TEXTO: 19 - Comum à questão: 27<br />

Texto 1<br />

Entre a lembrança e a realida<strong>de</strong>: registros <strong>de</strong> viagem.<br />

NEVES, Auricléa Oliveira das. Entre a lembrança e a realida<strong>de</strong>: registros <strong>de</strong> viagem. Amazonas: Universida<strong>de</strong> do Estado do<br />

Amazonas, 2008.<br />

1 As viagens têm um profundo significado na história da humanida<strong>de</strong>. Inicialmente, no período da coleta, as migrações se<br />

faziam pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar alimentos, posteriormente elas foram realizadas para conquistar espaços mais apropriados<br />

para o bem estar da comunida<strong>de</strong>. Outros objetivos também suscitaram o <strong>de</strong>slocamento do homem: a posse 5 <strong>de</strong> espaços territoriais,<br />

a exploração <strong>de</strong> riquezas, o conhecimento <strong>de</strong> novas terras, o estudo <strong>de</strong> locais específicos, ou simplesmente a viagem como forma<br />

<strong>de</strong> lazer.<br />

(…)<br />

No plano ficcional, vários autores no Oci<strong>de</strong>nte, a partir <strong>de</strong> Homero, com a Odisséia, se <strong>de</strong>dicaram a usar as viagens como<br />

tema. Na literatura <strong>de</strong> língua portuguesa, os registros iniciais são oriundos dos relatos orais <strong>de</strong> marinheiros, apontamentos náuticos,<br />

diários <strong>de</strong> bordo, escritos 10 <strong>de</strong> pilotos que, presumidamente, serviram <strong>de</strong> fonte para Gomes Eanes <strong>de</strong> Zurara, primeiro cronista<br />

conhecido das viagens oceânicas portuguesas.<br />

Na história literária da América e do Brasil, os primeiros registros advêm dos escritos <strong>de</strong> viajantes: o Diário <strong>de</strong> Cristóvão<br />

Colombo e a Carta <strong>de</strong> Pero Vaz <strong>de</strong> Caminha.<br />

A revelação <strong>de</strong> novos espaços, paisagens, floras, faunas, costumes e religiões, as aventuras e 15 peripécias <strong>de</strong> viagens mais<br />

fabulosas que dos romances <strong>de</strong> cavalaria e as dos poemas da Antiguida<strong>de</strong>, inspiraram [...] uma vasta literatura <strong>de</strong>scritiva e<br />

narrativa, que assumiu várias formas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os gran<strong>de</strong>s tratados históricos ou geográficos em grossos volumes até às curtas<br />

reportagens em folhetos <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l. (Saraiva & Lopes, 1982, p.294)<br />

Em cada época, as jornadas se realizaram <strong>de</strong> formas e condições variadas, seus 20 viajantes apresentaram objetivos diversos<br />

como conquista, exploração, reconhecimento, administração, catequese, aventura ou lazer. Durante o Iluminismo, com a mudança<br />

<strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos dirigentes, as relações entre os governos da Europa e suas colônias da América assumem novos<br />

significados, assim, as viagens passaram a ter o caráter científico. O empreen<strong>de</strong>dor <strong>de</strong>ssas jornadas tem a preocupação com a<br />

observação, a <strong>de</strong>scrição e a 25 classificação <strong>de</strong> tudo que há nas terras conquistadas no século XVI para que os governos possam<br />

inventariar a fortuna natural <strong>de</strong> suas colônias e obter controle sobre elas.<br />

Texto 2<br />

José <strong>de</strong> Anchieta, jesuíta hispano-brasileiro.<br />

UOL Educação. José <strong>de</strong> Anchieta, Jesuíta hispano-brasileiro. Disponível em:<br />

Capturado em 18.05.09.<br />

1 José <strong>de</strong> Anchieta nasceu em família rica, numa das sete ilhas Canárias, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> avistava os navios que se abasteciam<br />

no porto <strong>de</strong> Tenerife para seguir rumo ao Oriente ou ao Novo Mundo. O pai era um nobre basco, e a mãe, uma judia conversa. Aos<br />

14 anos foi estudar em Coimbra (Portugal). Sentia a vocação religiosa e, em 1551, foi admitido como noviço no 5 colégio jesuíta da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.


Em 1553, com 19 anos, foi convidado a vir para o Brasil como missionário, acompanhando Duarte da Costa, o segundo<br />

governador-geral nomeado pela Coroa. No comecinho <strong>de</strong> 1554, chegou a São Vicente, a primeira vila fundada no Brasil. Lá, teve o<br />

primeiro contato com os índios.<br />

10 No mesmo ano, junto com o jesuíta português Manuel da Nóbrega, subiu a serra do Mar até o planalto que os índios<br />

<strong>de</strong>nominavam Piratininga, ao longo do rio Tietê. Os dois missionários estabeleceram um pequeno colégio, e, em 25 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

1554, celebrou-se ali a primeira missa. Anchieta começou o trabalho <strong>de</strong> conversão, batismo e catequese.<br />

Para os índios, foi médico, sacerdote e educador: cuidava do corpo, da alma e da 15 mente. Na catequese, usava o teatro e a<br />

poesia, tornando a aprendizagem um processo prazeroso. Ensinou latim aos índios, apren<strong>de</strong>u tupi-guarani com eles e (seguindo a<br />

tradição missionária, que mandava assimilar e registrar os idiomas) escreveu a "Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa<br />

do Brasil", publicada em Coimbra em 1595.<br />

O colégio <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> Piratininga, como era chamado, logo expandiu seu 20 núcleo. Mas, ao longo do litoral <strong>de</strong> São Paulo,<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro e Espírito Santo, as tribos formaram uma aliança (conhecida como Confe<strong>de</strong>ração dos Tamoios) que atacou São<br />

Paulo diversas vezes entre 1562 e 1564.<br />

Anchieta e Nóbrega tiveram um conflito com Duarte da Costa e <strong>de</strong>cidiram iniciar as negociações <strong>de</strong> paz com os tamoios em<br />

Iperoig (hoje Ubatuba). Anchieta, falando tupi-guarani 25 e viajando por toda aquela costa, foi crucial para ganhar a confiança dos<br />

índios, e, após muitos inci<strong>de</strong>ntes, estabeleceu-se a paz entre tamoios, tupinambás e portugueses. Nessa época, Anchieta escreveu<br />

o "Poema em Louvor à Virgem Maria", com 5.732 versos, alguns dos quais traçados nas areias das praias.<br />

Em 1565, entrou com Estácio <strong>de</strong> Sá na baía <strong>de</strong> Guanabara, on<strong>de</strong> estabeleceram os fundamentos do que viria a ser a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Sebastião do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Texto 3<br />

Padre Fernão Cardim<br />

FREYRE, Gilberto. Casa Gran<strong>de</strong> & Senzala – Introdução à história da socieda<strong>de</strong> colonial no Brasil – Formação da Família<br />

Brasileira sob o Regime da Economia Patriarcal. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livraria José Olympio Ed., 1993, 20ª ed.<br />

1 É certo que o Padre Fernão Cardim, nos seus Tratados, está sempre a falar da fartura <strong>de</strong> carne, <strong>de</strong> aves e até <strong>de</strong> frutas com<br />

que foi recebido por toda parte no Brasil do séc. XVI, entre os homens ricos e os colégios <strong>de</strong> padres.<br />

Mas <strong>de</strong> Cardim <strong>de</strong>ve-se tomar em consi<strong>de</strong>ração o seu caráter <strong>de</strong> padre visitador, 5 recebido nos engenhos e colégios com<br />

festas e jantares excepcionais. Era um personagem a quem todo agrado que fizessem os colonos era pouco: a boa impressão que<br />

lhe causassem a mesa farta e os leitos macios dos gran<strong>de</strong>s senhores <strong>de</strong> escravos talvez atenuasse a péssima, a vida dissoluta que<br />

todos eles levavam nos engenhos <strong>de</strong> açúcar: “os peccados que se comettem nelles (nos engenhos) não tem conta: quase todos<br />

andam amancebados por causa das muitas 10 occasioes; bem cheio <strong>de</strong> peccados via esse doce por que tanto fazem; gran<strong>de</strong> é a<br />

peciencia <strong>de</strong> Deus que tanto soffre”.<br />

Texto 4<br />

Retirantes da educação<br />

MARCH, Rodrigo. Retirantes da educação. Ca<strong>de</strong>rno Boa Chance: O GLOBO, 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009.<br />

1 Irinilda da Silva, <strong>de</strong> 31 anos, <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> amamentar a filha, <strong>de</strong> quatro meses, que ficou em casa com o pai. Robéria<br />

Gomes, <strong>de</strong> 36, viajou grávida e seu bebê, João Vítor, nasceu na quinta-feira passada, no Hospital Central do Exército, em Benfica.<br />

As duas são retirantes da educação: integram um grupo <strong>de</strong> 12 professores do Acre que cruzou 4.521 quilômetros <strong>de</strong> 5 Brasil,<br />

superando uma série <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s, para fazer uma pós-graduação. Um exemplo das barreiras <strong>de</strong> qualificação profissional no<br />

país. Hoje, 53% dos cursos <strong>de</strong> mestrado e doutorado estão no Su<strong>de</strong>ste; só 3,8% na Região Norte, a <strong>de</strong> menor cobertura.<br />

Eles estão aproveitando um convênio firmado entre a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Acre (UFAC) e a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

Fluminense (UFF), <strong>de</strong> Niterói. Onze fazem mestrado e uma, 10 doutorado. Todos em educação — mesmo as faculda<strong>de</strong>s particulares<br />

do Acre não têm curso <strong>de</strong> pós-graduação nessa área. Nove <strong>de</strong>les divi<strong>de</strong>m a mesma casa em São Domingos, Niterói, como num Big<br />

Brother, só que sem conforto algum. Para se ter uma i<strong>de</strong>ia, a TV foi emprestada por uma colega <strong>de</strong> curso, e quase todos dormem<br />

em colchonetes. Apesar da proximida<strong>de</strong> à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação da UFF, só andam em grupos: por insegurança, sensação que<br />

ainda 15 não tinham experimentado.<br />

O périplo <strong>de</strong>les começou antes mesmo <strong>de</strong> a parceria com a UFF ser fechada, já que eles já tinham tentado convênios com<br />

outras instituições, mas que não possuíam cursos com nota cinco <strong>de</strong> avaliação, uma <strong>de</strong>terminação da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior (CAPES), da qual são bolsistas. Foram oferecidas 15 vagas no mestrado, porém,<br />

20 dos 19 inscritos, só 11 foram aprovados. No doutorado, apenas três se inscreveram, mas só uma passou na seleção.<br />

A dificulda<strong>de</strong> seguinte foi encontrar uma casa para alugar em Niterói. A professora <strong>de</strong> letras Sâmia El-Hassani, <strong>de</strong> 46 anos,<br />

veio 15 dias antes para tentar resolver o problema. O marido <strong>de</strong>la, Dalbi D’Ávila, também é <strong>de</strong> letras e faz o mestrado. Trouxeram<br />

os filhos, que foram 25 matriculados numa escola.<br />

— Niterói não aluga imóvel por temporada, pelo menos na área do Centro e da Zona Sul<br />

— observa Sâmia, que também achou os preços altíssimos.<br />

Com muito custo — e também por falta <strong>de</strong> opção —, eles conseguiram uma casa que estava à venda, mas que sequer tinha<br />

torneiras. O dono aceitou fazer um contrato <strong>de</strong> três meses 30 com pagamento antecipado <strong>de</strong> R$ 6.800,00 enquanto não acha um<br />

comprador. Mas eles vão precisar renovar por mais um mês, já que estarão na cida<strong>de</strong> até 17 <strong>de</strong> julho — no segundo semestre, os<br />

professores da UFF vão ao Acre dar as aulas, sendo que ano que vem, o vaivém se repete, pois o curso <strong>de</strong> mestrado é <strong>de</strong> dois<br />

anos.<br />

27 - (IME RJ/2010)<br />

Acerca dos sujeitos dos verbos “entrou” e “estabeleceram” presentes em:<br />

“Em 1565, entrou com Estácio <strong>de</strong> Sá na baía <strong>de</strong> Guanabara, on<strong>de</strong> estabeleceram os fundamentos do que viria a ser a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Sebastião do Rio <strong>de</strong> Janeiro”. (ref. 25).


Po<strong>de</strong>mos afirmar que<br />

a) são respectivamente a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro e a baía da Guanabara.<br />

b) Nóbrega é o sujeito da forma verbal “entrou”; Nóbrega e Estácio <strong>de</strong> Sá, da forma verbal “estabeleceram”.<br />

c) Anchieta é o sujeito da forma verbal “entrou”; Anchieta e Estácio <strong>de</strong> Sá, da forma verbal “estabeleceram”.<br />

d) Nóbrega é sujeito da forma verbal “entrou”; Anchieta, Nóbrega e Duarte da Costa da forma verbal “estabeleceram”.<br />

e) não existem: são orações sem sujeito.<br />

TEXTO: 20 - Comum à questão: 28<br />

Ao entar<strong>de</strong>cer<br />

1 A chuva bate nas costas <strong>de</strong>snudas dos pescadores a puxarem os cabos da re<strong>de</strong> do arrastão. Alguns veranistas abrigam-se<br />

sob improvisados guarda-chuvas. As crianças entram no mar, cercam a re<strong>de</strong> e recolhem os peixes que escapam das malhas;<br />

misturam-se: crianças, peixes e água.<br />

Os pescadores andam <strong>de</strong> costas, em gritos e risos, num código só <strong>de</strong>les, corpo 5 arcado para trás, calcanhares se firmando na<br />

areia, a cada passada. Ignoram o vozerio dos espectadores que se agrupam, em prévia disputa.<br />

– Me reserva uma pescadinha, Zé.<br />

– Que vier <strong>de</strong> lula eu fico.<br />

10 – Olhaí uma raia. Como dá raia, hein? Diz que tem quem come elas, que tu achas?<br />

A re<strong>de</strong> na beira da praia, o pedido: Pra trás, faz favor! Os pescadores se juntam, redobram esforços. O tropeço dos veranistas,<br />

a disputa pela minguada colheita, a bulha das crianças, recolhendo sardinhas que lhes escapam das mãos, o ploc-ploc dos peixes<br />

se <strong>de</strong>batendo na areia.<br />

15 – Não esquece eu, Zé! – todos são Zé.<br />

Até Onofre, durante décadas vigia <strong>de</strong> pesca – ele preferia olheiro, estava mais <strong>de</strong> ajuste com sua função – o melhor das praias<br />

todas da Ilha, é o que diziam. Ele não carecia subir no costão ou se esticar na ponta dos pés, largando os olhos inquietos pela<br />

extensão do mar, em busca das manchas reveladoras.<br />

20 (...)<br />

O olheiro sorri. Quê! Seu amigo Franklin <strong>de</strong>ve é estar contando suas histórias fantásticas para aquela a quem rendia<br />

homenagens: Nossa Senhora do Desterro.<br />

Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Krieger, em 13 Cascaes, p. 65.<br />

28 - (UDESC SC/2010)<br />

Assinale a alternativa na qual o termo sublinhado exerce a função <strong>de</strong> sujeito sintático na oração.<br />

a) “Me reserva uma pescadinha, Zé.” (ref. 5)<br />

b) “Diz que tem quem come elas,” (ref. 10)<br />

c) “Ignoram o vozerio dos espectadores.” (ref. 5)<br />

d) “Olhaí uma raia.” (ref. 10)<br />

e) “Que vier <strong>de</strong> lula eu fico.” (ref. 5)<br />

TEXTO: 21 - Comum à questão: 29<br />

Consi<strong>de</strong>re uma passagem do livro Palhaços, do docente e pesquisador da UNESP Mario Fernando Bolognesi:<br />

[...] O circo é a exposição do corpo humano em seus limites biológico e social. O espetáculo fundamenta-se na relação do<br />

homem com a natureza, expondo a dominação e a superação humanas. O a<strong>de</strong>stramento <strong>de</strong> feras é <strong>de</strong>monstração do controle do<br />

homem sobre o mundo natural, confirmando, assim, a sua superiorida<strong>de</strong> sobre as <strong>de</strong>mais espécies animais. Acrobacias,<br />

malabarismos, equilibrismos e ilusionismos diversos <strong>de</strong>ixam evi<strong>de</strong>nte a capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> superação <strong>de</strong> seus próprios limites.<br />

Mas, ao apresentar espetacularmente a superação, terminam por confirmar a contingência natural da existência, expressa na<br />

sublimida<strong>de</strong> do corpo altivo, distante do cotidiano.<br />

Os riscos dos artistas circenses são reais, <strong>de</strong>ntro do contexto espetaculoso <strong>de</strong> cada função. No espetáculo, os artistas não<br />

apresentam “interiorida<strong>de</strong>s”; eles são puro corpo exteriorizado, sublime ou grotesco, que se realiza e se extingue na dimensão<br />

mesma do seu gesto. Eles não são atores a interpretar um “outro”, uma realida<strong>de</strong> externa e distante. O espetáculo, assim, se<br />

aproxima <strong>de</strong> um ritual que se repete e que evi<strong>de</strong>ncia a possibilida<strong>de</strong> concreta <strong>de</strong> fracasso. A emoção da plateia então oscila entre<br />

uma possível frustração diante do malogro do acrobata e a sugestão <strong>de</strong> superação <strong>de</strong> limites presente a cada número. Um<br />

trapezista po<strong>de</strong> cair, como acontece vez ou outra. Por isso o público não afasta o olhar das evoluções aéreas. Estabelece-se,<br />

assim, uma relação ritualística que encontra eco, em última instância, nas estruturas coletivas <strong>de</strong> sobrevivência e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transposição dos percalços do cotidiano. Se o artista falha, ele é aplaudido porque ao menos tentou. Ele ousou, e isso já é o<br />

bastante para impulsionar a fantasia coletiva da superação.<br />

Os números cômicos, por sua vez, ao explorar os estereótipos e situações extremas, evi<strong>de</strong>nciam os limites psicológicos e<br />

sociais do existir. Eles trabalham, no plano simbólico, com tipos que não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser máscaras sociais biologicamente<br />

<strong>de</strong>terminadas (os palhaços são <strong>de</strong>sajeitados, lerdos, fisicamente <strong>de</strong>formados, estúpidos etc.). Esses limites se revelam com o riso<br />

espontâneo que escancara as estreitas fronteiras do social. Quando os palhaços entram no pica<strong>de</strong>iro, o olhar espetaculoso se<br />

<strong>de</strong>sloca objetivamente para a realida<strong>de</strong> diária da plateia.<br />

[...]<br />

[...] O movimento <strong>de</strong> superação da natureza e a possibilida<strong>de</strong> (quando não a capacida<strong>de</strong>) <strong>de</strong> subjugar as limitações biológicas e <strong>de</strong><br />

criticar as máscaras sociais garantem a legitimida<strong>de</strong> do exercício do sonho. Está aberto, no espetáculo <strong>de</strong> circo, o terreno da<br />

utopia.<br />

(Mario Fernando Bolognesi. Palhaços. São Paulo: Editora da Unesp, 2003.)


29 - (UNESP SP/2010)<br />

Está aberto, no espetáculo <strong>de</strong> circo, o terreno da utopia.<br />

Na oração, “o terreno da utopia” exerce a função sintática <strong>de</strong>:<br />

a) objeto direto.<br />

b) complemento nominal.<br />

c) sujeito.<br />

d) predicativo do sujeito.<br />

e) predicativo do objeto.<br />

TEXTO: 22 - Comum à questão: 30<br />

Os meninos-lobo<br />

Cláudio <strong>de</strong> Moura Castro<br />

1 No velho conto <strong>de</strong> Rudyard Kipling Mogli, o Menino-Lobo, o autor <strong>de</strong>screve 2 uma criança que, adotada por uma loba, cresce<br />

sem jamais haver usado uma só 3 palavra humana, até ser encontrada e se integrar à socieda<strong>de</strong>. O conto é 4 atraente, mas<br />

cientificamente absurdo. Porém, houve outros casos, 5 supostamente reais, <strong>de</strong> crianças criadas por animais. E também casos reais<br />

6 (até recentes) <strong>de</strong> crianças que cresceram isoladas e sem oportunida<strong>de</strong>s 7 <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a falar.<br />

8 Faz tempo, meninos-lobo e outros jovens criados sem interação 9 humana <strong>de</strong>spertaram o interesse da psicologia cognitiva e da<br />

linguística. 10 A razão é que seriam um experimento natural que permitiria respon<strong>de</strong>r a 11 uma pergunta crucial: esses jovens, sem<br />

conhecer palavras, po<strong>de</strong>riam pensar 12 como os <strong>de</strong>mais humanos?<br />

13 A questão em pauta era <strong>de</strong>cidir se pensamos porque temos palavras ou se seria possível pensar sem 14 elas. Como os<br />

meninos-lobo não conheciam palavras, se podiam pensar, teria <strong>de</strong> ser sem elas. Nos 15 diferentes casos <strong>de</strong> crianças criadas em<br />

isolamento, ficou clara a enorme dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustamento que 16 elas encontraram ao ser reabsorvidas pela socieda<strong>de</strong>. Muitas<br />

jamais se ajustaram, fosse pelo trauma do 17 isolamento, fosse pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar humanamente sem palavras. Mas o<br />

fato é que não 18 <strong>de</strong>senvolveram um raciocínio (abstrato) classicamente humano.<br />

19 O interesse pelos meninos-lobo feneceu. Mas se apren<strong>de</strong>u muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então, e hoje não se acredita 20 que o pensamento<br />

sem palavras seja possível _ pelo menos, o pensamento simbólico que é a marca dos 21 seres humanos. Ou seja, Mogli não seria<br />

capaz <strong>de</strong> pensar.<br />

22 "Vivemos em um mundo <strong>de</strong> palavras", diz o celebrado antropólogo Richard Leakey. “Nossos 23 pensamentos, o mundo <strong>de</strong><br />

nossa imaginação, nossas comunicações e nossa rica cultura são tecidos nos 24 teares da linguagem... A linguagem é o nosso<br />

meio... É a linguagem que separa os humanos do resto da 25 natureza.” Para o neuropaleontólogo Harry Jerison, precisamos <strong>de</strong> um<br />

cérebro gran<strong>de</strong> (três vezes maior do 26 que o <strong>de</strong> outros primatas) para lidar com as exigências da linguagem.<br />

27 Portanto, se pensamos com palavras e com as conexões entre elas, a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar 28 palavras tem muito a ver<br />

com a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar. Dito <strong>de</strong> outra forma, pensar bem é o resultado 29 <strong>de</strong> saber lidar com palavras e com a sintaxe<br />

que conecta uma com a outra. O psicólogo Howard Gardner, 30 com sua tese sobre as múltiplas inteligências, talvez diga que<br />

Garrincha tinha uma "inteligência 31 futebolística" que não transitava por palavras. Mas gran<strong>de</strong> parte do nosso mundo mo<strong>de</strong>rno<br />

requer a 32 inteligência que se estrutura por intermédio das palavras. Quem não apren<strong>de</strong>u bem a usar palavras não sabe 33 pensar.<br />

No limite, quem sabe poucas palavras ou as usa mal tem um pensamento encolhido.<br />

34 Talvez veredicto mais brutal sobre o assunto tenha sido oferecido pelo filósofo Ludwig Wittgenstein: 35 "Os limites da minha<br />

linguagem são também os limites do meu pensamento". Simplificando um pouco, o 36 bem pensar quase que se confun<strong>de</strong> com a<br />

competência <strong>de</strong> bem usar as palavras. Nesse particular não temos 37 dúvidas: a educação tem muitíssimo a ver com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a linguagem. 38 Portanto, o bom ensino tem como alvo número 1 a competência<br />

linguística.<br />

39 Pelos testes do Sistema Nacional <strong>de</strong> Avaliação da Educação Básica (Saeb), na 4ª série 50% dos 40 brasileiros são<br />

funcionalmente analfabetos. Segundo o Programa Internacional <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Alunos 41 (Pisa), a capacida<strong>de</strong> linguística do aluno<br />

brasileiro correspon<strong>de</strong> à <strong>de</strong> um europeu com quatro anos a menos 42 <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>. Sendo assim, o nosso processo educativo<br />

<strong>de</strong>ve se preocupar centralmente com as falhas na 43 capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão e expressão verbal dos alunos.<br />

44 Ao estudar a Inconfidência Mineira, a teoria da evolução das espécies ou os afluentes do Amazonas, 45 o aprendizado mais<br />

importante se dá no manejo da língua. É ler com fluência e enten<strong>de</strong>r o que está escrito. 46 É expressar-se por escrito com precisão e<br />

elegância. É transitar na relação rigorosa entre palavras e 47 significados.<br />

48 No conto, Mogli se ajustou à vida civilizada. Infelizmente para nós, Kipling estava cientificamente 49 errado. Nossa juventu<strong>de</strong><br />

estará mal preparada para a socieda<strong>de</strong> civilizada se insistirmos em uma educação 50 que produz uma competência linguística pouco<br />

melhor do que a <strong>de</strong> meninos-lobo.<br />

Revista VEJA, 8 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008.<br />

30 - (UNIMONTES MG/2010)<br />

Marque a única alternativa em que o pronome se indica in<strong>de</strong>terminação do sujeito.<br />

a) “... o aprendizado mais importante se dá no manejo da língua.” (ref. 45)<br />

b) “Mas gran<strong>de</strong> parte do nosso mundo mo<strong>de</strong>rno requer a inteligência que se estrutura por intermédio das palavras.” (refs. 31-32)<br />

c) “Mas se apren<strong>de</strong>u muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então...” (ref. 19)<br />

d) “Simplificando um pouco, o bem pensar quase que se confun<strong>de</strong> com a competência <strong>de</strong> bem usar as palavras.” (ref. 35-36)

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