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14 2 a 8 de Março de 2007 Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! USAMA BIN LADEN ESTÁ VIVO MAS ESCONDIDO Usama bin Laden está vivo e em contacto com os líderes talibãs, disse um comandante rebelde afegão numa entrevista à televisão britânica. OMullah Dadullah disse que não está com Bin Laden desde a queda do regime talibã após a intervenção norte-americana em 2001. O dirigente talibã afirmou que o líder da Al-Qaida, que se julga estar escondido próximo da fronteira afegã no nordeste do Paquistão, raramente se encontra com forasteiros. Apenas os seus camaradas mais próximos o vêem; nós apenas trocamos mensagens para comparação de planos", disse Dadullah numa entrevista transmitida quarta-feira pelo Canal 4. "Também fomos juntos para o campo de batalha. Mas actualmente encontramo- nos muito raramente, apenas para consultas importantes. É muito difícil actualmente alguém reunir-se com Bin Laden, mas sabemos que ainda está vivo", acrescentou. "Ele ainda não foi martirizado. Tal informação seria fácil de obter junto dos seus camaradas que nos mantêm informados", disse o comandante da frente oriental do Afeganistão e braço direito do líder talibã Mullah Omar. A autenticidade destas informações não foi confirmada por fontes independentes e o Canal 4 não disse como obteve as filmagens da entrevista. Dadullah disse ainda que os talibãs têm "centenas" de bombistas suicidas preparados para atacar as forças da Nato no Afeganistão. Os comandantes da NATO afirmaram recentemente esperar uma ofensiva talibã na Primavera contras as tropas da aliança no país.
Post-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si! TLEBS A SIGLA DOS DISPARATES AIDA Há bastante tempo que venho seguindo com alguma atenção tudo quanto se tem escrito sobre a célebra sigla TLEBS, que quer dizer Teminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário. Nisto de siglas, e já que a gente as tem que saber descodificar, eu até acho que esta está incompleta. Faltalhe um "N" inicial porque se trata realmente de uma Nova terminologia. Ora, daquilo que li, cedo percebi que havia imensa gente contra. Como alguns deles pertencem ao grupo de puristas da velha guarda, daqueles que, por exemplo, sempre contestaram a regulamentação de uma nova ortografia, pensei logo que era mais um grupo de resistentes à mudança. Contudo, e à medida que fui estando mais atenta ao volume de contestações, eu própria me comecei a interrogar sobre os critérios que estariam por trás de toda esta nova nomenclatura. Mais especificamente quando, no final do ano, li um conjunto de artigos de vários colaboradores do Expresso a quem foi pedido que fizessem o balanço do ano de 2006. De entre as várias análises e respectivos prognósticos para 2007, todos foram unânimes em pedir a suspensão da aplicação da TLEBS nas escolas. Entretanto, falei com alguns Leitores de Língua e Cultura Portuguersas no estrangeiro ao serviço do Instituto Camões, a quem perguntei se estavam já aplicar esta reforma. Que sim, responderam-me, porque tinham recebido instruções para o fazer. Este é um campo em que me posso gabar de ter alguma experiência. Afinal já ensinei Português como língua materna, como língua segunda e como língua estrangeira. E, como não podia deixar de ser, veio-me logo à mente a minha última missão - Angola. E pensava nas prioridades com que me defrontava diariamente. Nos pedidos constantes de ajuda. Na vontade premente que todos tinham de que lhes ensinasse as coisas mais básicas. Ainda oiço perguntas relacionadas com conhecimentos elementares e a satisfação sentida de cada vez que uma dúvida passava à categoria de certeza. Como escreveu Nuno Crato, a 27 de Janeiro deste ano, na sua coluna Passeio Aleatório, "Numa aula de Matemática para estudantes recémchegados à Universidade, nenhum dos jovens presentes sabia o que queria dizer a palavra "biunívoco". E termina "Não conhecer o sentido de biunívoco é tão grave em Matemática como na vida". Ora, aqui é que está a questão: um país em que muitos dos alunos universitários não dominam ainda um determinam vocabulário, que tem uma taxa de abandono escolar elevada, das mais elevadas da Europa; em que a maior parte das pautas traduzem uma simulação de sucesso ( os professores não estão para fazer uma avaliação rigorosa (tal é a quantidade de papelada que depois é preciso preencher para justificar um baixo rendimento); em que uma grande parte das crianças termina os quatro anos do ensino básico sem saber ler nem escrever; em vez de se preocupar em alterar os dados estatísticos que nos envergonham, dá-se ao luxo de pagar a equipas que se entretém a brincar aos exageros terminológicos gramaticais, que ninguém entende, e não traz nenhuma mais-valia à proficiência dos alunos no domínio da sua língua materna. Não falta muito para que me transforme numa sexagenária que, apesar de ter formação superior na área e quase quarenta anos de serviço cumprido na função docente, se vê confrontada com a impossibilidade de poder ajudar o neto, quando este lhe pede para verificar se ele está a fazer bem a análise morfológica da lista de palavras que a professora mandou como trabalho de casa. A semana passada, por exemplo, aprendi imenso. Se estiverem com paciência, acompanhem-me: Turma - nome colectivo, animado, humano, contável, concreto. Banco - nome comum, concreto, não animado, não humano, não contável. Amizade - nome abstracto, não animado, não humano, não contável. Nem me atrevo a ir mais longe. Peguei apenas nestes três substantivos, porque estou segura de que praticamente todos os leitores recordam a sua anterior classificação morfológica. Percebo agora toda a indignação de Miguel Sousa Tavares quando, num artigo a propósito deste , brincava com a situação e se recusava a classificar o seu cão como um ser desumano, ou seja, "não humano". Felizmente, o Ministério da Educação teve o bom senso de anunciar que iria suspender, a partir do próximo ano lectivo, a experiência em curso em algumas das esco- BAPTISTA 2 a 8 de Março de 2007 15 las escolhidas para o efeito. Será que a entidade responsável por este projecto tem verdadeiramente noção do ridículo em que estávamos a cair? Vamos lá a ser honestos: se a língua portuguesa ultrapassa já os duzentos milhões de falantes, acaso se deve a nós tal proeza? Quantos falam a norma europeia? Onde está a maioria dos falantes de português? No Brasil, não é? Nas Universidades da América do Norte e do Sul, o ensino do Português está praticamente nas mãos de professores brasileiros. Cada vez mais também os departamentos de Português, mesmo na Europa, estão entregues a brasileiros? Dizme a minha experiência que a maior parte dos estudantes estrangeiros prefere a pronúncia brasileira à portuguesa, por a considerar muito mais fácil de entender. Sei que vou ser crucificada por ter escrito estas últimas linhas. Mas, antes, permito-me dar um conselho ao Ministério da Educação: Por favor, deixem de gastar tempo, energia e dinheiro com bizantinices. Uma língua com tantos milhões de falantes, precisa, sim, de uma terminologia uniformizada. Armar-se de fisgas para combater gigantes só resultou nos textos bíblicos e nenhum de nós esteve lá para ver. Os ventos mudaram e só nos resta navegar à bolina das velas provenientes do lado de lá do Atlântico. Caso contrário, TLEBS transformar-seá na pergunta: Para quê Tamanha Loucura para o Ensino Básico e Secundário - TLEBS?
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