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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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farmacológico o cirúrgico, seria possível programar com precisão as<br />

nossas ações, as nossas crenças, os nossos <strong>de</strong>sejos e intenções, e<br />

então os eventos mentais seriam previsíveis (IBID., p. 248). Ou seja, o<br />

cérebro e o sist<strong>em</strong>a nervoso humano operariam <strong>de</strong> forma muito<br />

parecida com a <strong>de</strong> um computador (IBID., p. 245).<br />

Num argumento que ele utiliza para explicar o conceito <strong>de</strong> Anomalia<br />

do Mental, Davidson evoca uma afirmação <strong>de</strong> Hume numa apêndice <strong>de</strong><br />

seu Tratado (IBID., p. 254), <strong>de</strong> que ele não consegue conciliar duas<br />

suas teses. O ato <strong>de</strong> Hume, a sua afirmação <strong>de</strong> não conseguir conciliar<br />

as duas teses, t<strong>em</strong>, como toda ação intencional, uma <strong>de</strong>terminada<br />

história causal. Por ex<strong>em</strong>plo, Hume po<strong>de</strong> ter o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazer esta<br />

afirmação, e po<strong>de</strong> possuir, também, uma <strong>de</strong>terminada crença ligada a<br />

ela, a crença <strong>de</strong> que ele não está conseguindo conciliar as duas teses.<br />

Isto é, este <strong>de</strong>sejo e esta crença tiveram alguma eficácia causal para o<br />

ato <strong>de</strong> Hume, a sua afirmação <strong>de</strong> não conseguir conciliar as duas teses.<br />

Então, se alguém quiser tentar fazer o que para Davidson não é<br />

possível, isto é, fornecer uma explicação racional do ato <strong>de</strong> Hume que<br />

siga os mol<strong>de</strong>s das explicações que utilizam o instrumental teórico da<br />

ciência física, primeiro <strong>de</strong>verá i<strong>de</strong>ntificar esta ação com um evento<br />

físico, para po<strong>de</strong>r ter certeza <strong>de</strong> que a história causal do evento físico<br />

inclua estados ou eventos idênticos aos eventos e estados psicológicos<br />

que explicam a ação. Porém, os eventos mentais, como crenças,<br />

<strong>de</strong>sejos, percepções, possu<strong>em</strong> conexões causais com ainda outros<br />

eventos mentais: quando diz<strong>em</strong>os que um agente cumpriu uma ação<br />

intencional, estamos atribuindo a ele um sist<strong>em</strong>a complexo <strong>de</strong> estados e<br />

eventos, que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scrito e <strong>de</strong>finido ao indicar os estados e<br />

eventos físicos correspon<strong>de</strong>ntes. Portanto, segundo Davidson, há, sim,<br />

uma <strong>de</strong>scrição física correspon<strong>de</strong>nte, especialmente <strong>em</strong> casos<br />

particulares, mas não po<strong>de</strong>mos dizer que exist<strong>em</strong> leis estritas psicofísicas.<br />

As ações intencionais são eventos, são parte da or<strong>de</strong>m natural,<br />

causando e sendo causadas por eventos naturais. Porém, para<br />

Davidson, as explicações que po<strong>de</strong>mos fornecer das nossas ações<br />

estão fundadas numa idéia fundamental: o fato <strong>de</strong> que os eventos<br />

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