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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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é um evento particular e não repetível, mas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito, e re-<br />

<strong>de</strong>scrito, <strong>de</strong> várias formas. Algumas <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>scrições são intencionais,<br />

outras não. Isto é relevante para compreen<strong>de</strong>r porque, para Davidson, a<br />

explicação racional da ação intencional se refere à ação enquanto<br />

<strong>de</strong>scrita, e não ao evento tomado na sua singularida<strong>de</strong>.<br />

3.2.2 A normativida<strong>de</strong> e o holismo: os princípios do mental<br />

Segundo Davidson, para explicar as ações humanas, não è possível<br />

fazer recurso às mesmas leis e aos mesmos esqu<strong>em</strong>as explicativos<br />

próprios das ciências físicas. Ao <strong>de</strong>screver e explicar as razões, os<br />

<strong>de</strong>sejos, os conhecimentos, os hábitos, que levaram alguém à ação, nós<br />

os <strong>de</strong>screv<strong>em</strong>os e os explicamos no âmbito <strong>de</strong> uma moldura conceitual<br />

que se encontra fora do direto alcance das leis causais da ciência física<br />

(cf. DAVIDSON, 1970b, p. 225), pois as nossas explicações da ação<br />

intencional “<strong>de</strong>screv<strong>em</strong> a causa, o efeito, a razão, e a ação, como<br />

momentos do retrato <strong>de</strong> um agente humano” (IBID.). Não é possível<br />

dizer, por ex<strong>em</strong>plo, que as razões que levaram Beethoven a i<strong>de</strong>ar a<br />

nona sinfonia, não foram nada mais que um evento neural (cerebral)<br />

complexo (IBID., p. 214).<br />

A principal razão da anomalia do mental e <strong>de</strong> sua irredutibilida<strong>de</strong> às<br />

leis da física, repousa, segundo Davidson, na idéia <strong>de</strong> que não é<br />

possível tentar fornecer uma explicação racional das ações, das<br />

crenças, dos <strong>de</strong>sejos e das intenções <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong> pressupor<br />

<strong>de</strong>terminados princípios próprios do mental, que governam a<br />

racionalida<strong>de</strong> humana e os eventos mentais (IDEM, 1994, p. 231). Há,<br />

aqui, um contraste crucial entre a organização interna do espaço das<br />

explicações racionais e a organização interna do espaço das<br />

explicações científico-naturais. A natureza é entendida como um lugar<br />

que fornece um suprimento <strong>de</strong> inteligibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipo diferente, do tipo<br />

que encontramos num fenômeno quando o v<strong>em</strong>os como algo governado<br />

por leis naturais (cf. Mc DOWELL, 2005, p. 108).<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, assim como, para medir um objeto físico, precisamos<br />

<strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> axiomas e leis, isto é, <strong>de</strong> uma teoria no interior da<br />

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