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ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

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liberda<strong>de</strong> humana e a autonomia individual, entendidas como algo que<br />

nos capacita a ter responsabilida<strong>de</strong> por nossas vidas. A linha seguida<br />

por Davidson, inspirada à idéia expressa por Kant no âmbito da filosofia<br />

da moral, consiste <strong>em</strong> tentar <strong>de</strong>sfazer a aparência <strong>de</strong> contradição entre<br />

a autonomia do mental das leis da física, e sua submissão à<br />

causalida<strong>de</strong> natural (IBID., p. 207).<br />

Portanto, dizer que um acontecimento é uma ação somente se po<strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>finido <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> intenção, é, para Davidson, dizer duas<br />

coisas: que as nossas ações são as ações <strong>de</strong> homens livres e<br />

responsáveis, e que, ao mesmo t<strong>em</strong>po, elas têm uma influência causal<br />

no mundo físico e são por este causalmente influenciadas. Porém, dizer<br />

que as ações são feitas intencionalmente, ou seja, são <strong>de</strong>scritíveis <strong>de</strong><br />

uma forma intencional, é dizer que são eventos executados por pessoas<br />

com base <strong>em</strong> razões. Este é um aspecto central, que distingue<br />

conceitualmente as ações <strong>de</strong> outras famílias <strong>de</strong> conceitos, <strong>em</strong> particular<br />

<strong>de</strong> conceitos físicos.<br />

Assim, n<strong>em</strong> todos os eventos são ações. Ações são coisas que<br />

faz<strong>em</strong>os, mais do que coisas que meramente acontec<strong>em</strong> (cf. EVNINE,<br />

1991, p. 40). Por ex<strong>em</strong>plo, a <strong>de</strong>scrição da ação <strong>de</strong> um jogador <strong>de</strong><br />

futebol <strong>de</strong> atingir o rosto do centroavante adversário com o cotovelo<br />

comporta a consi<strong>de</strong>ração das crenças, dos <strong>de</strong>sejos, das intenções,<br />

pelos quais ele fez aquilo. Esta ação po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita <strong>de</strong> varias formas:<br />

como a ação <strong>de</strong> tentar evitar um gol, ou a ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar o<br />

centroavante. O que é relevante para que um evento seja uma ação,<br />

porém, é s<strong>em</strong>pre a intencionalida<strong>de</strong>, e a intencionalida<strong>de</strong> não qualifica<br />

os eventos <strong>em</strong> si, mas o eventos enquanto <strong>de</strong>scritos <strong>de</strong> uma ou <strong>de</strong> outra<br />

forma (cf. DAVIDSON, 1971, p. 53). Por ex<strong>em</strong>plo, um e o mesmo<br />

evento, como o “assassinato do pai por parte <strong>de</strong> Édipo”, po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>scrito como “a ação <strong>de</strong> matar o pai”, ou como “a ação <strong>de</strong> matar o<br />

estrangeiro que Édipo encontrou no caminho”, porém, a primeira<br />

<strong>de</strong>scrição r<strong>em</strong>ete à intenção <strong>de</strong> matar o próprio pai, enquanto a<br />

segunda r<strong>em</strong>ete à intenção <strong>de</strong> matar o estrangeiro.<br />

Para que um evento seja inteiramente especificado, não precisamos<br />

<strong>de</strong>screvê-lo na sua totalida<strong>de</strong>. O “assassinato do pai por parte <strong>de</strong> Édipo”<br />

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