ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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3.2.1 A ação intencional<br />
Um evento é uma ação se e somente se po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong> uma<br />
forma que o torna intencional (cf. DAVIDSON, 1974, p. 229). Esta idéia<br />
central, a <strong>de</strong> que os acontecimentos cessam <strong>de</strong> ser ações somente<br />
quando não há como <strong>de</strong>screvê-los <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> intenção, é valida<br />
também para o comportamento, mesmo que a ação intencional não<br />
esgote todo o comportamento humano. Isto é, o comportamento<br />
“consiste <strong>em</strong> coisas que faz<strong>em</strong>os, intencionalmente ou menos”, mas,<br />
on<strong>de</strong> há comportamento, a intenção t<strong>em</strong> relevância (IBID.). Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, o assassinato do pai não foi uma ação intencional <strong>de</strong> Édipo,<br />
pois ele não sabia que o viajante com o qual brigou na estrada que<br />
conduzia para Tebas era o seu próprio pai. Édipo não tinha certamente<br />
a intenção <strong>de</strong> matar seu pai, mas o assassinato do pai foi um seu ato, e<br />
foi parte <strong>de</strong> seu próprio comportamento. A intenção é, aqui,<br />
conceitualmente central, no sentido <strong>de</strong> que o comportamento e a ação<br />
humana são compreendidos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> intenção.<br />
Um dos interesses filosóficos primários <strong>de</strong> Davidson está dirigido<br />
para o t<strong>em</strong>a da ação, porém o t<strong>em</strong>a do comportamento, <strong>em</strong> Psicologia,<br />
também o ocupa, na medida <strong>em</strong> que ele se pergunta sobre a<br />
possibilida<strong>de</strong>, ou menos, <strong>de</strong> explicar e prever o comportamento humano<br />
da mesma forma que os fenômenos físicos (IBID., p. 229-230). As<br />
consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Davidson sobre o t<strong>em</strong>a da ação se aplicam à parte da<br />
Psicologia que, para <strong>de</strong>screver o comportamento, entendido como a<br />
estrutura das ações humanas, faz uso <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s (como crenças,<br />
<strong>de</strong>sejos esperanças) dirigidas para proposições.<br />
Os eventos mentais e as ações humanas faz<strong>em</strong> parte da or<strong>de</strong>m<br />
natural, pois se encontram numa relação <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> com os<br />
eventos externos, mas, ao mesmo t<strong>em</strong>po, relutam a ser incluídos <strong>de</strong>ntro<br />
do sist<strong>em</strong>a das leis <strong>de</strong>terminísticas que governam os fenômenos físicos.<br />
Uma a<strong>de</strong>quada teoria do comportamento <strong>de</strong>ve, para Davidson, tentar<br />
reconciliar estas duas consi<strong>de</strong>rações aparent<strong>em</strong>ente contrastantes<br />
(IBID., p. 230).<br />
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