ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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a regular também o mundo ou as propriedades mentais (cf. KIM, 1996, p.130-132). Isto quer dizer que, no dualismo anômalo, o dualismo ontológico é acompanhado por um dualismo epistemológico. As teses que abraçam o dualismo nomológico 16 , mantêm o dualismo ontológico, mas combinam a idéia de que existem eventos propriamente mentais, com a idéia de que as leis causais que governam os eventos e as propriedades mentais são as leis neurobiológicas, e, em ultima análise, as leis estritas da física (IBID., p.51-52). Mesmo admitindo a existência de dois tipos de eventos, os eventos mentais e os eventos físicos, o dualismo nomológico defende um monismo epistemológico, pois estende ao mental o modo de descrição ou de explicação próprio das ciências naturais. Neste sentido, as correlações mente-cérebro são consideradas nomológicas por dois razões. A primeira é a de que, por exemplo, o fato de que eu tenho uma experiência de dor quando as fibras-C estão ativadas, é considerada uma questão de regularidade segundo uma lei estrita, e não uma ocorrência contemporânea meramente acidental de dois eventos. A segunda é a de que mesmo a menor mudança nos estados mentais não pode ocorrer sem uma mudança dos estados físicos (IBID., p. 48). O monismo nomológico, enfim, remete ao fisicalismo estrito, pois combina o monismo epistemológico com o monismo ontológico. O monismo anômalo, a posição que Davidson quer ocupar, combina o monismo ontológico com um dualismo epistemológico, um dualismo conceitual, ou um dualismo dos modos de descrição (cf. DAVIDSON, 1970b, p. 213-214). Os eventos mentais são, para Davidson, eventos físicos, porém, para ele, não é possível afirmar que não são nada mais do que isto. Davidson define o seu monismo anômalo um monismo brando, um monismo não corroborado por leis de correlação ou por economias conceituais, que não parece merecer o termo de 16 Como, por exemplo, as teses epifenomenalistas, que defendem que todo evento mental é causado por um evento físico no cérebro, mas que os eventos mentais não possuem poder causal sobre os eventos físicos (cf. KIM, 1996, p. 51). Ou, ainda, as teses paralelistas, que tradicionalmente concebem a mente e o corpo funcionando como dois relógios sincronizados (cf. PUTNAM, 1992, p. 108), sendo que, toda vez que acontece um determinado evento físico, ocorre no mesmo momento um determinado evento mental. 80
educionismo. O monismo anômalo parece com o materialismo enquanto afirma que todos os eventos são físicos, e que os eventos mentais têm um papel causal no mundo físico, rejeitando porém a tese, geralmente considerada essencial para o materialismo, de que seria possível fornecer explicações puramente físicas dos fenômenos mentais (IBID., p. 214). Os eventos mentais estão ligados causalmente, enquanto ocupantes do mundo natural, neste sentido Davidson defende um monismo. Tratase, porém, de um monismo que “apenas se parece com o materialismo” (IBID.), enquanto reivindica que todos os eventos são físicos (e permite a possibilidade de que nem todos os eventos sejam mentais), mas rejeita a tese de que aos eventos mentais podem ser dadas explicações puramente físicas, pois os eventos descritos como mentais não podem ser explicados por leis estritas. 3.2 A ANOMALIA DO MENTAL E A EXPLICAÇÃO DA ACÃO HUMANA O tema da anomalia do mental, um alicerce da argumentação do Monismo Anômalo, pode ser adequadamente compreendido somente no âmbito da teoria davidsoniana da ação. O nó da crítica de Davidson ao naturalismo reducionista concerne o âmbito da explicação da ação humana (cf. DAVIDSON, 1974, p. 230), ou seja, o âmbito das explicações de eventos mentais às quais somos tipicamente interessados. A idéia central de Davidson com relação ao tema da ação, é a de que a não existência de correlações nomológicas, leis causais, correlações em forma de lei estrita, entre propriedades psicológicas e físicas, significa que uma compreensão completa do corpo e do cérebro não representa um conhecimento do pensamento e da ação (IDEM, 1973, p. 251). A próxima seção oferece uma introdução do tema da ação em Davidson. 81
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a regular também o mundo ou as proprieda<strong>de</strong>s mentais (cf. KIM, 1996,<br />
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ontológico é acompanhado por um dualismo epist<strong>em</strong>ológico.<br />
As teses que abraçam o dualismo nomológico 16 , mantêm o dualismo<br />
ontológico, mas combinam a idéia <strong>de</strong> que exist<strong>em</strong> eventos propriamente<br />
mentais, com a idéia <strong>de</strong> que as leis causais que governam os eventos e<br />
as proprieda<strong>de</strong>s mentais são as leis neurobiológicas, e, <strong>em</strong> ultima<br />
análise, as leis estritas da física (IBID., p.51-52). Mesmo admitindo a<br />
existência <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> eventos, os eventos mentais e os eventos<br />
físicos, o dualismo nomológico <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um monismo epist<strong>em</strong>ológico,<br />
pois esten<strong>de</strong> ao mental o modo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição ou <strong>de</strong> explicação próprio<br />
das ciências naturais. Neste sentido, as correlações mente-cérebro são<br />
consi<strong>de</strong>radas nomológicas por dois razões. A primeira é a <strong>de</strong> que, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, o fato <strong>de</strong> que eu tenho uma experiência <strong>de</strong> dor quando as<br />
fibras-C estão ativadas, é consi<strong>de</strong>rada uma questão <strong>de</strong> regularida<strong>de</strong><br />
segundo uma lei estrita, e não uma ocorrência cont<strong>em</strong>porânea<br />
meramente aci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> dois eventos. A segunda é a <strong>de</strong> que mesmo a<br />
menor mudança nos estados mentais não po<strong>de</strong> ocorrer s<strong>em</strong> uma<br />
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O monismo nomológico, enfim, r<strong>em</strong>ete ao fisicalismo estrito, pois<br />
combina o monismo epist<strong>em</strong>ológico com o monismo ontológico.<br />
O monismo anômalo, a posição que Davidson quer ocupar, combina<br />
o monismo ontológico com um dualismo epist<strong>em</strong>ológico, um dualismo<br />
conceitual, ou um dualismo dos modos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição (cf. DAVIDSON,<br />
1970b, p. 213-214). Os eventos mentais são, para Davidson, eventos<br />
físicos, porém, para ele, não é possível afirmar que não são nada mais<br />
do que isto. Davidson <strong>de</strong>fine o seu monismo anômalo um monismo<br />
brando, um monismo não corroborado por leis <strong>de</strong> correlação ou por<br />
economias conceituais, que não parece merecer o termo <strong>de</strong><br />
16 Como, por ex<strong>em</strong>plo, as teses epifenomenalistas, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que todo evento<br />
mental é causado por um evento físico no cérebro, mas que os eventos mentais não<br />
possu<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r causal sobre os eventos físicos (cf. KIM, 1996, p. 51). Ou, ainda, as<br />
teses paralelistas, que tradicionalmente conceb<strong>em</strong> a mente e o corpo funcionando<br />
como dois relógios sincronizados (cf. PUTNAM, 1992, p. 108), sendo que, toda vez<br />
que acontece um <strong>de</strong>terminado evento físico, ocorre no mesmo momento um<br />
<strong>de</strong>terminado evento mental.<br />
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