ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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“Se há uma surpresa, então, será <strong>de</strong>scobrir que a ausência <strong>de</strong> leis do mental<br />
ajuda a estabelecer a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do mental com aquele paradigma do caráter<br />
nomológico, que é o físico” (IBID., p. 223).<br />
A teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrências (tokens) entre o mental e o físico,<br />
a qual constitui a conclusão do argumento do monismo anômalo, é,<br />
também, o ponto crucial do ataque <strong>de</strong> Davidson ao materialismo, pois é<br />
justamente a teoria da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das ocorrências que, segundo<br />
Davidson, permite a reconciliação das três pr<strong>em</strong>issas.<br />
Segundo Davidson, a contradição entre a anomalia do mental e seu<br />
papel causal no mundo natural é só aparente, pois po<strong>de</strong> ser formulada a<br />
partir dos três princípios do monismo anômalo, três princípios que são<br />
coexistentes (IBID., p. 208). Nas primeiras linhas do ensaio Mental<br />
Events, Davidson se pergunta como esta tentativa <strong>de</strong> reconciliação,<br />
original no âmbito da tradição materialista, seria possível: como a<br />
resistência dos eventos mentais, quais crenças, l<strong>em</strong>branças, ações,<br />
para ser<strong>em</strong> capturados na re<strong>de</strong> nomológica da teoria física, po<strong>de</strong> ser<br />
reconciliada com o papel causal dos eventos mentais no mundo físico?<br />
(IBID., p. 207). Davidson parte da assunção <strong>de</strong> que e a <strong>de</strong>pendência<br />
causal e a anomalia dos eventos mentais, são fatos inegáveis. Seu<br />
objetivo é, portanto, explicar, frente aparentes dificulda<strong>de</strong>s, como isto<br />
po<strong>de</strong> ser. Davidson explicita algumas importantes características dos<br />
três princípios, as quais, segundo ele, faz<strong>em</strong> com que nós possamos<br />
pensá-los como compatíveis entre si.<br />
O primeiro princípio, o princípio <strong>de</strong> interação causal, resulta cego<br />
com relação à dicotomia mental/físico, pois trata os eventos <strong>em</strong><br />
extensão, isto é, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da questão <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scrições:<br />
causalida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> são relações entre eventos individuais, não<br />
importa como <strong>de</strong>scritos (IBID., p. 215).<br />
O segundo princípio, o caráter nomológico da causalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve ser<br />
lido com cuidado (IBID.), pois afirma que, quando os eventos estão <strong>em</strong><br />
relação <strong>de</strong> causa e efeito, possu<strong>em</strong> <strong>de</strong>scrições que ex<strong>em</strong>plificam uma<br />
lei, mas não diz que todo enunciado singular verda<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong><br />
ex<strong>em</strong>plifique uma lei (IBID.). Isto é, é preciso separar, segundo<br />
Davidson, a questão ontológica da questão epist<strong>em</strong>ológica. A questão<br />
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