12.04.2013 Views

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

envolve os eventos particulares, os eventos <strong>em</strong> extensão, quer dizer,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scrições. Então, é preciso distinguir o<br />

“causou” entendido no sentido <strong>de</strong> “explicar causalmente”, do “causou”<br />

relativo aos eventos particulares.<br />

Por esta razão, Davidson critica a afirmação feita por J. S. Mill <strong>em</strong><br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Lógica Dedutiva e Indutiva, <strong>de</strong> que a causa é o somatório<br />

total das condições positivas e negativas tomadas <strong>em</strong> conjunto (cf.<br />

MILL, 1989, p. 185), sendo que, uma vez que estas estão realizadas, o<br />

conseqüente segue invariavelmente (cf. DAVIDSON, 1967b, p. 150).<br />

Esta posição <strong>de</strong> Mill favoreceu, entre os filósofos, um acordo geral<br />

sobre a caracterização da noção <strong>de</strong> causa <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> condições<br />

suficientes e (ou) necessárias para produzir o efeito. Mill acreditava que<br />

não especificamos a inteira causa <strong>de</strong> um evento até que não a t<strong>em</strong>os<br />

especificada inteiramente. Mas, è possível dizer que “parte” da causa da<br />

acendimento <strong>de</strong>ste fósforo è que foi esfregado? Pois exist<strong>em</strong> também<br />

outras condições necessárias para que se acen<strong>de</strong>sse, por ex<strong>em</strong>plo, a<br />

<strong>de</strong> estar seco, a da que houvesse oxigênio no ar, etc.<br />

O que po<strong>de</strong> ser parcial, para Davidson, não é a causa, mas sua<br />

<strong>de</strong>scrição (IBID., p. 155). No enunciado “A causa do acendimento do<br />

fósforo é que foi esfregado”, o que é parcial è a <strong>de</strong>scrição da causa.<br />

Esta <strong>de</strong>scrição po<strong>de</strong> ser ampliada. Ampliando-a, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

acrescentando que o fósforo estava seco, que havia oxigênio na<br />

atmosfera, etc., è possível aproximar-nos ao ponto do qual é possível<br />

<strong>de</strong>duzir, a partir <strong>de</strong> uma lei, e da própria <strong>de</strong>scrição que construimos, a<br />

manifestação do efeito do acendimento do fósforo. Ou seja, pela<br />

ampliação da <strong>de</strong>scrição è possível construir uma explicação baseada no<br />

mo<strong>de</strong>lo nomológico-<strong>de</strong>dutivo (IBID., p. 156).<br />

Estas razões, à luz das quais Davidson acredita que Mill não estaria<br />

certo ao afirmar que para especificar a causa <strong>de</strong> evento é preciso<br />

<strong>de</strong>screvê-la inteiramente, nos faz<strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r a importância crucial,<br />

para Davidson, da distinção entre os eventos e sua <strong>de</strong>scrição.<br />

A crítica <strong>de</strong> Davidson concerne uma tradição <strong>em</strong>pirista que n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre distinguiu claramente a questão da explicação causal <strong>em</strong><br />

68

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!