ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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lugar a explicações causais, Hume po<strong>de</strong> ser lido no sentido <strong>de</strong> que<br />
aon<strong>de</strong> um evento causa outro, há uma lei causal que coloca <strong>em</strong> relação<br />
as proprieda<strong>de</strong>s ou os tipos dos quais são instâncias os eventos que se<br />
encontram na relação causal (cf. EVNINE, 1991, p. 36).<br />
Neste contexto, segundo Davidson, é fundamental distinguir<br />
claramente duas questões: a da explicação causal <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />
regularida<strong>de</strong>s nomológicas, e a questão da causação como relação<br />
entre eventos:<br />
“É preciso distinguir entre as causas e as características que escolh<strong>em</strong>os para<br />
<strong>de</strong>screvê-las, e então entre a pergunta se um enunciado afirme verda<strong>de</strong>iramente<br />
que um evento causou outro evento, e a pergunta ulterior se os eventos sejam<br />
caracterizados <strong>de</strong> forma tal a ponto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>duzir ou inferir, a partir <strong>de</strong> leis ou<br />
<strong>de</strong> outras informações causais, que a relação era causal.” (DAVIDSON,<br />
1967b, p.155).<br />
A distinção entre os eventos particulares e as <strong>de</strong>scrições que usamos<br />
para selecionar estes eventos è, aqui, fundamental. As explicações<br />
causais faz<strong>em</strong> uso <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>scrições, e são algo diferente da causação<br />
dos eventos, pois visam explicar as características dos acontecimentos<br />
<strong>em</strong> termos <strong>de</strong> suas causas. Enquanto as relações causais entre eventos<br />
não são sensíveis aos modos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>stes eventos, as<br />
explicações causais o são (cf. EVNINE, 1991, p. 35). O enunciado “A<br />
cabeçada <strong>de</strong> Zidane causou a expulsão do capitão da seleção francesa”<br />
è verda<strong>de</strong>iro se os eventos referidos pelos termos singulares estiveram<br />
numa relação causal. Substituindo diferentes <strong>de</strong>scrições para os<br />
mesmos eventos no interior do enunciado, seu valor <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> não<br />
muda. Por ex<strong>em</strong>plo, substituindo ao termo singular “a cabeçada <strong>de</strong><br />
Zidane” o termo singular coreferencial “O acontecimento mais<br />
inesperado no jogo <strong>de</strong> final da copa do mundo <strong>de</strong> futebol <strong>em</strong> 2006”,<br />
obt<strong>em</strong>os o enunciado: “O acontecimento mais inesperado no jogo <strong>de</strong><br />
final da copa do mundo <strong>de</strong> futebol <strong>em</strong> 2006 causou a expulsão do<br />
capitão da seleção francesa”. Este segundo enunciado permanece<br />
verda<strong>de</strong>iro, pois a relação causal que ele <strong>de</strong>screve é uma relação entre<br />
os eventos, e não entre suas <strong>de</strong>scrições. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituição<br />
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