ANDREA SCHIMMENTI - Programa de Pós-Graduação em Filosofia ...
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Uma primeira distinção a ser feita è a que diferencia as entida<strong>de</strong>s<br />
como particulares das entida<strong>de</strong>s como universais. Um universal, como a<br />
proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser frio, po<strong>de</strong> ser instanciado por vários particulares,<br />
como este cubo <strong>de</strong> gelo, ou esta garrafa <strong>de</strong> cerveja. Um particular não<br />
possui instâncias: a minha gravata vermelha não è uma proprieda<strong>de</strong><br />
com várias instâncias, mas um <strong>de</strong>terminado objeto.<br />
Os universais po<strong>de</strong>m manter várias relações lógicas entre si. Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser colorido está incluída logicamente na<br />
proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser vermelho: um objeto que é vermelho, é colorido.<br />
Segundo Evnine, po<strong>de</strong>-se dizer que os particulares po<strong>de</strong>m manter entre<br />
si relações <strong>de</strong> tipo não-lógico 14 (cf. EVNINE, 1991, p. 27-28). Por<br />
ex<strong>em</strong>plo, os objetos materiais, cujo paradigma é geralmente usado para<br />
ex<strong>em</strong>plificar particulares, são comumente pensados como mantendo<br />
relações <strong>de</strong> tipo espacial. Os eventos, por sua vez, são comumente<br />
pensados como mantendo uma relação <strong>de</strong> tipo t<strong>em</strong>poral (um evento<br />
particular, por ex<strong>em</strong>plo, po<strong>de</strong> acontecer ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> outro, ou<br />
antes, ou <strong>de</strong>pois), ou uma relação <strong>de</strong> tipo causal, no sentido <strong>de</strong> que<br />
cada evento po<strong>de</strong> ser causa ou efeito <strong>de</strong> outros eventos (IBID.). Talvez<br />
este tipo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração tenha levado Davidson a estruturar um<br />
possível critério para a individuacão dos eventos. No final <strong>de</strong> seu artigo<br />
“The individuation of Events”, Davidson afirma:<br />
”Não encontramos ainda um critério aceitável para a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos eventos.<br />
Existe um tal critério? Eu acredito que sim, e é o seguinte: os eventos são<br />
idênticos se e somente se possu<strong>em</strong> exatamente as mesmas causas e os mesmos<br />
efeitos” (DAVIDSON, 1969, p. 179).<br />
Em 1969, o critério que Davidson admite como possível para a<br />
individuação dos eventos não è o mesmo critério espacial que<br />
comumente usamos para a individuação dos objetos materiais: os<br />
eventos possu<strong>em</strong> uma posição unívoca na estrutura das relações<br />
causais entre eventos, assim como os objetos possu<strong>em</strong> uma posição<br />
unívoca na estrutura espacial dos objetos. Dois eventos são idênticos,<br />
14 Esta questão não constitui t<strong>em</strong>a <strong>de</strong>sta dissertação. Certamente ela não é uma<br />
questão trivial, pois a existência <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> tipo espacial, ou t<strong>em</strong>poral, entre<br />
particulares, po<strong>de</strong> incluir a presença, ao mesmo t<strong>em</strong>po, <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> tipo lógico<br />
entre estes mesmos particulares.<br />
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